Tenta ver meu coração

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83 dias antes.

O toque do celular acordou Rafaela. Conferiu rapidamente o horário e amaldiçoou quem quer que estivesse ligando às 4 da manhã de um domingo mas, ao ver no identificador de chamadas que era Luana, a raiva foi logo esquecida e a curiosidade veio à tona.

Tossiu para limpar a voz mas, ao falar no aparelho, viu que não tinha adiantado:

-Luana...

-Boa noite, linda! – ouviu a loira dando risada do outro lado da linha e teve vontade de bater nela –Dormiu bem?

-Teria dormido melhor se meu celular não tivesse me acordado – alfinetou Rafaela.

-Estou vendo que o seu bom humor da manhã está impecável hoje, não? – ouvia um barulho ao fundo, concluiu que a amiga estava dirigindo e torceu para que não estivesse bêbada ou a caminho de alguma coisa que pudesse encrenca-la.

-O que você quer? – Rafa não estava com humor para as brincadeiras da loira então torcia para que ela dissesse logo o que queria.

-Sabe, estava pensando ontem – ela começou e, pelo jeito com que falava, Rafaela percebeu que ela não tinha a menor intenção de explicar porque tinha ligado de forma rápida e direta –Fazia muito tempo que não brigávamos desse jeito e não comemoramos a nossa reconciliação. Acho isso um absurdo! E você? O que acha disso?

-Acho que estamos a ponto de brigar de novo – Rafa tentou soar irritada mas ao ouvir a amiga rindo do outro lado da linha não conseguiu segurar seu riso.

-Uau, você acaba comigo desse jeito... – fez-se uma pausa um pouco longa demais mas Luana enfim continuou com a voz um pouco mais séria –Então, Rafa, que tal irmos dar uma volta? Só nós duas, pra nos certificarmos que está tudo bem e para eu me redimir por... Bem, você sabe.

Rafaela sentou na cama e esfregou os olhos, sentia-se totalmente desperta agora. O tom de voz da loira era aquele que ela usava quando algo a estava incomodando.

-Não tem nada pra você se redimir... E sim, eu adoraria passar o resto da minha noite sem graça com você.

-Perfeito! – Luana comemorou do outro lado da linha e Rafa quase pôde enxergar o sorriso dela na sua mente.

-Mas com algumas condições! – a garota acrescentou.

-Pode falar, é você que manda aqui!

-Nada de festas, nada de álcool, nada de pegadinhas, nada de garotos, nada de drogas...

-Merda! – ela escutou a loira rir –Você acabou de estragar a noite que eu tinha planejado...

Rafa sorriu enquanto caminhava em direção ao guarda-roupa e procurava algo para vestir.

***

Marina desligou o celular e encarou o teto do seu quarto exausta. Acordara com uma ligação do pai, ele fora chamado no hospital depois de outro surto da sua mãe e disse que passaria a noite lá caso os médicos precisassem de ajuda com alguma coisa ou autorização para algum procedimento. Ele ainda disse que tudo bem se ela chamasse Guilherme para passar um tempo com ela, não gostaria que a filha ficasse sozinha e desprotegida em casa mas, quando começou a procurar o nome do namorado na sua lista de contatos, acabou ligando para Eli e era o garoto de cabelos brancos que estava indo de madrugada passar o resto da noite com ela.

Marina sentia-se uma idiota. Além de ter chamado um garoto cujo namorado odiava para ficar com ela sozinha em casa, ainda tinha soado como uma garotinha indefesa ao telefone falando para o Eli como "não queria ficar sozinha" e como "sua mãe estava mal de novo". Claro que o garoto havia sido compreensivo e prometera chegar o mais rápido possível mas ela tinha uma sensação esquisita no peito, parecia algo errado de se fazer. Logo agora que Guilherme parecia estar relaxando em relação a tudo ela começava a dar motivos para ele ficar irritado. Nem poderia imaginar o que aconteceria caso o namorado descobrisse o que estava fazendo...

Uma dose violenta de qualquer coisaOnde histórias criam vida. Descubra agora