H. Not Now

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Nosso desespero foi quebrado e multiplicado por um grito vindo do corredor, os pés batendo rápido, barulho de ossos batendo.

De repente bum... Bum... Bum... BUM... Vinham os sons pesados, altos e estilhaçados ecoando por todo lugar, sobre os flashes ilusórios das luzes do corredor. Algo se atirava contra as barras de ferro e as paredes, em algum lugar e se aproximando.

A merda é que eu não conseguia abrir aquela merda de porta. E eu sentia April apavorada logo atrás de mim.

Então ouvimos vozes sussurradas e grossas, ao longe e uma sensação horrível de frio e medo.

April gritou alto e vi que quem estava nos perseguindo agora estava bem à frente dela.

Um homem hostil e sujo, sem roupas e cheio de ferimentos. Tremendo da cabeça aos pés. As mãos paradas ao lado do corpo, esfoladas e sangrentas, tremiam como folhas, mas um sorriso doente no rosto inclinado para o lado, uma barra de ferro atravessada no ombro esquerdo. Realmente enterrada na pele.

Ele estendeu a mão com sangue até o ombro, arrancando a barra da ferida e fazendo sangue fresco e quente escorrer pra fora dela, estendendo a mão livre até o buraco vermelho escuro e depois lambendo os dedos com sangue. Tudo enquanto as malditas luzes ainda piscavam.

Aquele filho da Puta não ia encostar um dedo na minha garota.

Dei passos para frente e puxei seu corpo para trás do meu. Encarando aquele pedaço de merda com toda a minha raiva.

Assim que o homem se moveu a escuridão tomou total conta do corredor.

-April a lanterna! Rápido!- Eu gritei com a voz forte. Ela tremia enquanto tentava ligar a mesma e eu arregalei meus olhos quando ouvi o zunido da barra de ferro perto dela e um engasgo em sua respiração, tateando o chão em busca de uma arma.

April ligou a lanterna e o homem estava a alguns centímetros de tocar nela.

Isso acendeu todo o ódio em mim.

-tome filho da puta! -Eu disse dando em cheio nele com um pedaço de ferro que encontrei no chão. O mesmo caiu com sangue saindo de uma ferida formada pela pancada. O corpo caído e ensanguentado estava agora desativado.

Ela gritou em desespero pelo que tinha acabado de acontecer. Ela poderia ter morrido, e, porra. O que eu faria se isso acontecesse?

O que eu faria sem minha menina?

Tive vontade de chorar imaginando o que poderia ter acontecido. Imaginando que poderia ter a perdido, e assim que ela me iluminou com a luz da lanterna eu arregalei meus olhos.

-Caralho você tá bem?- eu disse e ela concordou com a cabeça, eu imediatamente a puxei para um abraço longo e forte.

Minha menina

O que eu faria sem você?

Fechei meus olhos, respirando fundo, e ouvi o chiado das grades de ferro outra vez.

Nos separamos imediatamente e ela lançou a luz para o corredor. Arregalei meus olhos ao ver que estava vindo até nós. Uma onda de sombras, o corredor estava tomado por elas enquanto rastejavam até nós.

-fique parada.- Eu disse sentindo o medo de April por causa das sombras, mas mesmo antes que eu pudesse pensar elas estavam me tocando, envoltas em meu pescoço e me levantando do chão trancando minha respiração.

Eu vi April se apavorar e começar a correr até mim, mas em um segundo as sombras a tinham jogado no chão e ela havia batido a cabeça. Ela estava presa.

Minha cabeça gritava por ela. Meu coração doia em vê-la daquela forma. Eu queria me mover, me livrar daquilo e correr até ela mas as sombras eram fortes demais.

Eu estava desesperado, ainda mais vendo seus olhos nublados. Ela estava desmaiando, mas se ela ficasse ali morreria.

Tudo que pude fazer foi gritar seu nome com todas as minhas forças.

Percebi que ela retomou sua consciência mas não conseguia se mover. Eu me debatia feito louco e mesmo assim nada adiantava. Eu apenas gritava sem parar por ela. Mas eram fortes demais... Me sufocavam e apertavam meu coração.

Eu perdi minhas forças aos poucos. E olhando em olhos negros em meio as sombras eu não pude mais me mover, eu apenas senti a força deixar meu corpo.

Então eu apenas me vi caindo enquanto tudo ficava preto. Preto como breu. Silencioso como o deserto.

Todos os nossos momentos passaram em minha cabeça em um segundo. A primeira vez que eu a vi... Seus sorrisos. Todos os eu te amo... Agora estava tudo acabado.

Eu falhei em proteger April?

Eu não podia deixar minha menina sozinha.

Não podia deixar minha pequena aqui. Assim.

depois de tudo que passamos.

Depois de tudo o que sentimos.

Descobrimos.

Depois desses anos que passos juntos.

Todo o amor.

Todas as lágrimas.

Pelo amor de Deus eu não podia deixar ela sozinha.

Eu não queria deixá-la.

Eu queria poder me despedir. Queria poder olhar em seus olhos uma última vez. Ver seu sorriso, sentir seu cheiro.

Dormir com ela uma última vez, sentindo sua pele e adormecendo em seus braços.

Queria poder amá-la mais.

Dizer o quanto ela era linda. O quanto era especial pra mim.

Eu queria poder dizer mais uma vez o quanto eu a amava.

Mas eu não conseguia sair da escuridão.

Era tudo preto e silencioso.

Eu estava morrendo?

Ou eu já estava morto?

Não... Por favor... Não.

Não desse jeito.

Não agora.

RUN 2 - Harry Styles horror fanfic-  EM PAUSA Onde histórias criam vida. Descubra agora