Meu nome é Liv O'Connell, estou no último ano do Ensino Médio, sou líder de torcida do time de futebol do Colégio de Dumbwood e estou apaixonada por Dylan McAfee, e ele por mim... e ah, eu sou a filha do prefeito.
Era o primeiro dia de aula do segundo semestre de 2015, eu não vi nenhuma das minhas amigas durante as férias, minha família resolveu que viajaríamos para a Austrália. O pior disso foi não ter visto o Dylan, ele costuma sumir durante as férias e fins de semana, não trocamos mensagens, e-mails, isso é horrível.
Eu estava extremamente ansiosa para revê-lo quando cheguei na escola, logo que desci do carro Ruth se aproximou de mim, nos abraçamos por alguns segundos, eu senti tanta falta! Quando nos soltamos todos os alunos estavam nos observando, os garotos babavam enquanto algumas garotas olhavam com nojo e outras com admiração, mas eu já estava acostumada.
Ao passar pelo portão Lucy e Danny apareceram e nos cumprimentamos, Lucy gostava do meu irmão e meu irmão gostava dela, mas ninguém assumia. Danny era a mais reservada de nós quatro, era quieta e até misteriosa, porém atraente, muito atraente.
Atravessamos o corredor como se estivéssemos em um desfile de moda, com diversos avaliadores de cada centímetro da nossa roupa, observando cada caloria adquirida nas férias e até se nosso cabelo havia crescido. Eu acredito que qualquer um ficaria cansado dessas análises.
Entrei na sala de aula e o Dylan ainda não havia chegado, a aula começou e ele estava atrasado, como sempre. Alguns minutos depois ele entra, junto com Math e Damien. Dylan estava incrível, com uma camisa preta sem estampa, calça jeans escura e um tênis preto também. Ok, ele estava vestido normalmente, mas o normal dele era intenso pra mim.
No intervalo Lucy e Danny sumiram, Ruth também estava fora de vista, assim como Damien, eu sempre suspeito desses dois. Dylan estava sentado com Math, então fui até eles, logo que cheguei e me sentei, Math revirou os olhos e se levantou, disse que iria procurar Damien, mas eu sabia que ele não queria ficar perto de mim, isso me irritava.
- Como foram as férias? - perguntei ao Dylan.
- Entediante, fiquei em casa como sempre.
De uma forma estranha Dylan nunca se aprofundava em sua história fora da escola, e sempre mudava de assunto quando alguém tentava perguntar, então eu preferia não perder tempo tentando.
- Eu estava ansiosa pra te ver, queria te contar como a Austrália é.
- Math me contou, disse também que você não gostou.
- Eu gostei, é só que...
Dylan me interrompeu com um selinho rápido e saiu apressado.
- Preciso encontrar Damien - disse ele - antes que a Ruth o encontre.
Todos sabíamos que Ruth e Damien jamais dariam certo, mas era notável que eles estavam tentando.
Ruth apareceu alguns minutos depois então certamente Dylan ou Math encontraram Damien também. Eu e Ruth fomos ao shopping fazer compras, como sempre fazemos quando as aulas voltam.
Cheguei em casa no cair da tarde e minha família já estava sentada a mesa pro jantar, apenas troquei de roupa e desci, estava atrasada mas eu gosto de evitar esses momentos em família. Minha mãe me perguntou como foi a aula e eu dei um sorriso que dizia "como sempre".
- O que você vai fazer após o Ensino Médio? - estranhamente perguntou meu pai.
- Por que essa pergunta agora? - respondi
- Oh, você já está no último ano, é hora de pensar sobre isso.
- Certamente ela ainda não se decidiu. - minha mãe respondeu por mim, com tom de deboche.
- Bom, vocês me deram o benefício da escolha, então eu a farei, e quando estiver certa disso, aviso vocês.
- Desculpa, eu só estava curioso.
Meu pai preocupado com meu futuro? Era irônico.
- Acho que a cidade tem problemas demais pra você resolver, deixa que eu cuido dos assuntos universitários.
Eu ainda nem havia tocado na comida, subi para o meu quarto, me joguei em minha cama e respirei fundo, lembrei de quem eu sou e isso ajudava a controlar meus sentimentos, eu senti um peso ao tratar meu pai daquela forma, mas essa é quem eu sou. Fiquei imaginando o que Math estaria falando de mim agora, nunca entendi o porquê de irmãos serem tão complicados.
Abri os olhos na manhã seguinte, era apenas terça-feira e eu já estava exausta. Me arrumei, peguei minhas coisas e fui para a escola, parecia ser mais um dia normal. O dia passou, e a tarde saí com Ruth novamente, estava estressada e queria algo diferente, então fomos ao cinema. Assistimos ao filme "Ninguém te contou sobre o medo", era um suspense intrigante, falava sobre um garoto que sofreu abuso de um parente durante a infância e quando chegou na ida da adolescência para a fase adulta começou a planejar uma vingança contra o abusador, mas se apaixonou por uma garota que descobriu seu plano e tentou fazê-lo mudar de ideia. Se ela conseguiu ou não, eu não fiquei para descobrir, liguei meu celular durante o filme e vi que tinham mais de 30 chamadas perdidas de Math, minha mãe e até da tia April.
Liguei de volta para Math, mas ele não atendeu, então um número estranho ligou pra mim.
- Oi, quem fala? - perguntei.
- Sinto muito. - uma voz conhecida respondeu, eu não consegui reconhecer com precisão, era uma fala cansada misturada com lágrimas.
- Quem é?
- Sou eu filha, Beth. - ela mal conseguia falar. - Estou ligando de um hospital.
- Hospital? Mãe! O que houve? Eu fui ao cinema com a Ruth e esqueci de avisar, sinto muito, quando vi as chamadas perdidas fiquei preocupada. Por que está chorando?
Minha mãe conseguiu dizer apenas duas palavras, as palavras que acabaram com meu dia e definiram meu futuro.
- "Ele morreu".
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O Cerco
Mystery / ThrillerCerta vez um grande compositor disse em um dos seus shows a seguinte frase: "Existem dois dias importantes na nossa vida: o dia que a gente nasce e o dia que a gente descobre porquê que a gente nasceu." Na adolescência, enquanto um garoto vi...