Cap. 13 - Bem-vindo ao lar

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        Eu sou o garoto que cresceu sem irmãos, lembro de um dia estar sozinho no balanço olhando pro lado com vontade de ter alguém ali brincando comigo, mas agora eu tenho irmãos, e eu preciso conhecê-los.
         Eu também sou o garoto que foi praticamente expulso acusado de pichar a minha escola antiga, o que fez com que eu me afastasse da garota que eu imaginava ser o amor da minha vida, até vê-la com outro nos corredores da minha escola atual.
         E eu também sou o garoto que está entrando em um Ford Fusion Titanium preto sensacional com um homem estranho que eu nunca havia visto antes, eu sabia do risco mas não estava pensando direito, e não me importava com isso.
         No caminho ele colocou pra tocar um álbum de My Chemical Romance, nunca tinha ouvido essa banda, porém gostei. Eu fiz algumas perguntas do tipo "qual seu nome?" "quantos anos tem?" "que perfume é esse?", mas ele sempre fugia da resposta.
         Ele estava dirigindo em uma rodovia quase deserta, eu nunca tinha saído de Dumbwood, abaixei o vidro do carro, já era tarde e o sol estava se pondo, deixei aquele vento gelado passar pelo meu rosto em uma tentativa falha de deixar levar todos aqueles acontecimentos ruins, o vento não vai levar, o tempo não vai curar.
         Paramos em um posto de gasolina no meio do nada, parecia abandonado.
         - Vou descer e você fica aqui, não sai do carro até eu voltar.
         - Ok. - respondi
         Já haviam se passado vinte minutos e ele não saiu da loja de conveniência então saí do carro e fui procurá-lo. Estava realmente abandonado, não tinha ninguém atendendo, tudo parado além de uma luz que piscava sem parar iluminando um cartaz que dizia "não pegue carona com estranhos". Isso me assustou e fez perceber o erro que eu havia cometido, saí da loja e olhei ao redor, não havia nada, demoraria anos pra passar algum carro ali. Entrei dentro do Fusion e procurei na ignição, a chave não estava lá. Fui até o banheiro e uma das torneiras estava pingando, me abaixei e tomei um pouco de água quando senti aquele perfume de novo, levantei com rapidez e gritei quando vi o rosto dele me observando no espelho.
         - Você me assustou. - falei com a mão sobre o coração, que estava acelerado.
         - Eu disse pra não sair do carro. - ele revirou os olhos e saiu do banheiro.
         - O que você veio fazer? Não tem nada aqui! - segui ele, não queria ficar sozinho ali de novo.
         - Eu sei onde seus irmãos moram.
         Naquele momento meu coração voltou a acelerar, eu estava assustado e queria ir embora, mas estava sendo orgulhoso demais pra querer voltar pra casa dos meus pais. Eu tinha chegado até ali, não iria desistir agora.
         - Então me leve até lá.
         Entramos no carro e seguimos viagem, se passaram cerca de doze horas até chegarmos no local, o dia já estava amanhecendo e o homem cujo o nome não me disse estava explicitamente cansado.
         - Então... eles moram aqui? - eu perguntei.
         - Sim, podemos ir?
         - Não.
         - O que? Você chegou até aqui e agora vai desistir?
         - Eu não vou desistir, eu vou e você fica aqui. Você está cansado, descansa um pouco até eu voltar.
         Ele sorriu ironicamente e disse:
         - Você está louco se acha que vou deixar você entrar lá sozinho.
         - Você já fez muito por mim, e eu te devo isso mas agora eu preciso ir sozinho, é algo que eu devo resolver.
         - Você nem conhece eles. Pode ser perigoso.
         - Eu não te conheço e entrei no seu carro. - falei abrindo a porta do carro e saindo.
         - Ei, caso você não volte. - ele disse rindo, pra me assustar ainda mais. - Meu nome é Gregory.
         - Eu te digo meu nome quando eu voltar.
         Segui caminhando por uma pequena trilha com pedrinhas pequenas e folhas secas caídas, dava pra ver a casa dali, era uma casa bonita de madeira rodeada por árvores. Parei por um instante e toquei em um dos galhos baixos de uma árvore, respirei aquele ar e me imaginei ali, uma criança brincando com outras três. Mas não foi assim, meus pais roubaram essa oportunidade de mim.
         Dei o primeiro passo pra seguir adiante quando senti uma pancada forte na parte traseira da minha perna esquerda, me desequilibrei e fui ao chão mas levantei depressa. Tinha um homem moreno parado com um taco de beisebol na mão, ele aparentava ser alguns anos mais velho que eu. Estava o encarando e o comparando, imaginando se ele poderia ser meu irmão quando um chute atingiu minhas costas e voltei a cair ao chão. Levantei novamente e olhei pra trás, dessa vez era uma garota, parecia ter a mesma idade que eu e segurava um arco nas mãos. Quando fui tentar dizer algo o homem moreno deu um soco no meu rosto, e acertou o taco na minha perna direita dessa vez.
         - Agora Joshua está enviando crianças também. - disse ele. - Não vejo problema em matar você.
         Eu estava tentando ficar em pé quando ele direcionou o taco pro meu rosto, desceu rapidamente e eu me desviei, chutei a mão que segurava o taco e dei um soco na parte lateral da sua barriga, logo em seguida ele fez um movimento que me deixou confuso, só percebi o que ele estava fazendo quando seu pé atingiu em cheio o meu abdômen e fui ao chão no mesmo momento. Agarrei firme algumas pedrinhas ali e tentei me levantar mas a garota pisou em minha mão e em seguida chutou minha cabeça.
         Ela inclinou uma flecha na direção do meu olho, mas alguém a interrompeu.
         - Brenda, pare!
         Brenda! Esse foi um dos nomes que Joshua falou, Brenda Williams, é ela!
         - Você não pode matá-lo! - o homem continuou falando.
         - Por que não? - Brenda perguntou.
         - Porque eu sou seu irmão! - Eu respondi.
         O homem estendeu uma mão pra mim e disse:
         - Meu nome é Charles, provavelmente seus pais nunca falaram de mim. - ele também tem olhos azuis misteriosos. - E você garoto? Estou ansioso pra saber como veio parar aqui. Mas bom, tenho uma história que você vai gostar de ouvir. - me levou até a porta, a abriu e continuou falando. - Bem-vindo ao lar.
        

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