Cap. 4 - A Primeira Vítima

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     Naquele dia mais cedo Beth e Giordani conversavam sobre os tempos de juventude, quando as preocupações eram bem menores.

     "Giordani frequentava um bar em Dumbwood, era o único bar da cidade. Ele jogava bilhar quando uma linda garota loira apareceu, ao entrar naquele local todos os olhares foram direcionados a ela. O olhar dela encarou a todos mas parou em Giordani, como se ele fosse o alvo e ela prestes a atirar, se aproximou dele.
      - Se você me ensinar a jogar, eu pago seu próximo drink.
      - Não é cavalheirismo deixar a moça pagar. - disse Giordani, gentil como sempre.
      - Não é cavalheirismo recusar uma proposta também.
      Era certo o que aconteceria naquela noite. Giordani tentou ensinar como se jogava, pelo menos tentou. Haviam se passado duas horas e Beth ainda pegava o taco com as mãos trocadas e o empurrava como se fosse uma bola de boliche. Beth era daquelas garotas que aparentava ter classe  em tudo, menos em bilhar.
      Giordani percebeu que era tarde e resolveu levá-la pra casa, mas no instante em que os dois ficaram sozinhos no carro, os planos mudaram e passaram a noite toda ali.
      Uma semana depois se reencontraram no mesmo bar, e a mesma noite se repetiu. E todas as semanas seguintes. Quando Giordani percebeu, Beth já o vencia no bilhar, e vencia todos os outros caras. As mulheres no bar a invejavam e os homens invejavam a Giordani, porquê ela só tinha olhos pra ele."

     - Você lembra quando eu conheci os seus amigos? - perguntou Giordani.
     - Ah sim, a nossa primeira briga. - riu Beth.
     - Eu não tive culpa de não ter gostado deles.
     - Você brigou com eles porquê dirigiam bêbados. - Beth estava gargalhando. - Ah Giordani, sempre olhando pelo lado certo.
     - Era um mundo totalmente diferente do meu, você e seus amigos, digo, vocês infringiam a lei o tempo todo.
     Beth sabia do que ele estava falando.
     - Se não fosse por Z, teríamos feito tudo o que fomos destinados a fazer. - disse Beth.
     E nesse momento Giordani tremeu e abaixou a cabeça.
     - Ei, amor, está tudo bem?
     Quando ele levantou a cabeça seus olhos estavam cheios de lágrimas e começou a falar:
     - Eu sinto muito, sinto muito por ter falhado como seu parceiro, como seu marido, como pai dos nossos filhos. Me desculpa por ter sido responsável pela morte de todos seus amigos, eu assumi um compromisso e falhei, eu falhei com você. - ele já estava chorando a ponto de soluçar - Me perdoa Elizabeth.
     - Ei, você não falhou em nenhum momento da minha vida, eu agradeço por tudo o que já aconteceu entre nós. Meus amigos morreram por culpa de Z, ele destruiu essa cidade, mas você a reconstruiu. E nossos filhos são complicados, mas não é nossa culpa, éramos muito piores com a idade deles, o dono daquele bar pode confirmar.
     Beth sorriu e com ela Giordani riu também, uma gargalhada misturada com choro. Eles passaram por coisas difíceis mas se amavam. Era o que os mantinham firmes.
     Deitaram e passaram aquele dia dessa forma, juntos, envolvidos um ao outro como faziam anos atrás naquele carro após os jogos no bar. Mas a vida chamou, a filha deles  ainda não tinha chegado em casa, Beth ligou diversas vezes e Liv não atendeu, então os dois pegaram o carro e foram procurá-la, já não era o mesmo carro, era mais espaçoso agora.
     Durante a busca Beth colocou para tocar The One That Got Away da Katy Perry, Giordani não gostava dessa música, achava triste, mas Beth sempre o provocava. Em algum momento do refrão algo estranho aconteceu. Beth estava encarando o sorriso lindo de Giordani quando então o sorriso desapareceu e se tornou um olhar assustado, o carro parou de maneira brusca. Tinha algo parado na frente do carro, uma sombra negra, os faróis iluminavam essa coisa mas Beth não conseguia reconhecer. Então essa coisa levantou uma mão, e apontou uma arma em direção ao carro.
    - Z! - disse Giordani.
    E de repente a música parou, um estrondo eclodiu, vidros quebraram e sangue espirrou sobre o rosto de Elizabeth, ela fechou os olhos com força.
    O prefeito estava morto.

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