Em mais um dia de aula Dylan me observava e eu tentava fazer com que aquilo não me afetasse, mas não funcionou. Saí da sala e fui pro lugar mais remoto que poderia encontrar naquela escola, era uma escada pequena com apenas três degraus, um local vazio. Alguém parou e ficou me observando ali, eu podia sentir a presença, temi que fosse Dylan. Essa pessoa se aproximou e sentou ao meu lado no primeiro degrau, eu sabia quem era mas não lembrava seu nome.
- Olá, eu sou Luke. Não sei se lembra de mim.
- Hei, lembro sim. Você é da minha turma, e claro, estava conosco no acontecimento estranho de ontem. Meu nome é Liv.
- Eu sei. - ele sorriu.
- Claro que sabe, devem falar muito bem de mim por aí. - eu sorri de volta.
- Você não faz ideia. - ele gargalhou.
Era chato ser uma vadia ao olhar de todos. Era bom ter alguém pra rir comigo disso.
- Sobre ontem, você ficou com medo daquilo? E o que ele disse na mensagem, "fazer companhia ao prefeito", você acredita que era o assassino do meu pai ali?
- Eu fiquei com medo, e sim, acho que era o assassino do seu pai. Falando nisso, eu sinto muito.
- Obrigada, ahn, foi você quem viu o Dylan com uma vadia, não foi?
- Sim, sinto muito por isso também.
- Tudo bem, eu vou ficar bem.
- E a vadia é minha ex.
- Você tem um péssimo gosto. - eu disse rindo alto.
- Você namora com o Dylan, não pode falar nada sobre péssimo gosto.
- Mas pelo menos ele é bonito. - eu disse batendo minha perna na dele. - E eu não namoro mais com ele, terminamos.
- Primeiro, - ele disse simbolizando com os dedos. - Jany é muito bonita, você nem a conheceu. - ele falava sorrindo o tempo todo. - E segundo, você merece alguém melhor que um Dylan da vida.
Naquele momento uma lágrima escorreu do meu rosto, eu ainda amava o Dylan. O garoto Luke colocou sua mão sobre meu ombro e me puxou pra perto. Meu rosto encostou sobre seu peito e fiquei ali, chorando por alguns minutos. Luke não é bonito, mas seu sorriso o tornava atraente. Seu corpo transmitia um perfume bom, e eu gostei de ficar perto. Não me importaria em matar todas as aulas pra repetir esse momento.
Eu não lembro exatamente quando tive que ir embora, mas estava em casa pensando em Luke quando uma mensagem chegou em meu celular.
"Suas amigas querem brincar, se não chegar a tempo órgãos irão voar.
Ass: Venha descobrir, mesmo local."
Levantei e corri em direção ao beco, dessa vez fui a última a chegar. Já era noite, Lucy, Danny e Ruth estavam lá.
- Estávamos esperando por você, recebemos uma mensagem dizendo que queríamos brincar, ao chegarmos aqui encontramos esse bilhete. - disse Ruth.
"Aos fundos da loja Little Toy tem uma porta, abra e divirtam-se."
Eu abri a porta e fui a primeira a entrar, elas me seguiram. Dentro da loja tinha um labirinto, era estranho pois essa loja estava fechada a anos. Danny encontrou outro bilhete que dizia:
"Vamos brincar, o jogo funciona assim. Se não saírem do labirinto em 15 minutos, vocês morrem."
Quinze minutos parecia ser tempo o suficiente, o labirinto parecia pequeno, cada uma de nós escolheu uma porta. Uma luz vermelha acendeu e todas as portas se abriram, olhamos aos olhos de cada uma e falamos que ficaria tudo bem, desejamos boa sorte e entramos.
Ao entrar no labirinto a porta se fechou, e pra dificultar a luz se apagou, ao ver o que havia lá dentro percebi que quinze minutos não era o suficiente. Meu primeiro obstáculo era uma porta trancada que impedia de ir adiante, uma bacia estava a sua frente com pelo menos trinta chaves lá dentro, eu precisava descobrir qual era a certa.
Com sorte ou não, abri a porta na décima primeira tentativa e prossegui, no obstáculo seguinte meu corpo tremeu. Havia um quebra-cabeças e eu precisava montá-lo. Achei que não daria tempo, pensei em quais obstáculos as meninas estariam passando e se todas conseguiriam.
Foram cinco obstáculos ao todo mas consegui concluí-los, ao sair pela última porta olhei diretamente pro relógio, faltava um minuto e meio e apenas Danny tinha saído, Lucy e Ruth ainda estavam lá dentro.
Lucy saiu com quarenta segundos faltando para o término da prova. O tempo continuava passando e Ruth ainda estava lá. Ouvimos seus passos em nossa direção e nos aliviamos, faltavam 11 segundos quando algo atingiu Ruth e vi sangue espirrar de sua barriga, ela nem conseguiu sair.
- Mudança de regras. - disse uma voz feita por computador. - a última a sair, morre.
Eu não pude reagir no mesmo momento, abri minha boca e quando a voz saiu se tornou um grito que ecoou naquele local.
- NÃOOOOOOOOOOOOOOOOOO!!!!!!!!!
Corri em direção a Ruth já me ajoelhando, peguei em sua mão e lágrimas caíram do meu rosto e pingaram no rosto dela.
- Ei, você vai ficar bem ok? - era algo que eu precisava acreditar naquele momento.
- Eu amo vocês, obrigada por tudo.
Ruth disse essas palavras fechando seus olhos. Aqueles olhos castanhos eram lindos e brilhantes, seus cabelos com pontas enroladas jogados ali na minha frente. E aquele corpo, a única garota que chamava a atenção tanto quanto eu, ah aquele corpo ali jogado e agora sem vida. Chorei desesperadamente enquanto a vida se esvaía de Ruth.
Lucy e Danny choravam atrás de mim, e tudo o que eu pude dizer foi:
- Eu vou descobrir quem fez isso com você.
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O Cerco
Mystery / ThrillerCerta vez um grande compositor disse em um dos seus shows a seguinte frase: "Existem dois dias importantes na nossa vida: o dia que a gente nasce e o dia que a gente descobre porquê que a gente nasceu." Na adolescência, enquanto um garoto vi...