CAPÍTULO 11

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P.O.V SERENA

Lembro-me do dia que conheci o Ruan como se fosse ontem.

(Flashback on)
Depois de sete semanas desde que eu e o Diego nos conhecemos no corredor da escola, ficamos de fazer um trabalho de artes em grupo, junto com a Bia. Quando cheguei na casa deles, fui recebida por um menininho de quatro aninhos, vestindo uma blusa do Homem - Aranha, e com umas bochechas redondas e rosadas. Na mesma hora, adivinhei que ele era o irmão mais novo do Diego, que ele tanto reclamava.

"Você é amiga do 'Dego'?", perguntou enquanto puxava sua blusa para baixo.

"Sim, eu sou a Serena. Você é o Ruan?", perguntei enquanto me segurava para não apertar as bochechas dele. Eu achei ele tão fofo.

"Sou. Você é bonita", e deu um sorriso banguela para mim. Fiquei vermelha, pois nunca me acostumava quando alguém me chamava de bonita.

"Deixa a Serena em paz, Ruan", olhei para dentro e vi o Diego indo até nós.

"Para de ser chato, mano", o pequeno lhe mostrou a língua e saiu correndo para dentro da casa.

Desde então, sempre quando eu ia para a casa deles, eu sempre deixava o Ruan brincar com a gente, mesmo com o Diego reclamando que não queria ele brincando conosco. E no final, eu sempre aproveitava para apertar a bochechas rosadas do Ruan.
(Flashback off )

Agora que ele estava bem na minha frente, não sabia o que fazer. Se corria, se chamava o Sven, se...

"Desculpe".

Quê?? Escutei errado.

"Por...?".

"Pelo o que o Diego fez a você", seus olhos estavam brilhando por causa das lágrimas que queriam cair, mas Ruan segurou. Ele abaixou os olhos e respirou fundo antes de me encarar novamente. "Meus pais nos tiraram do país com tanta pressa, que só consegui saber o motivo da nossa viagem ter sido adiada meses depois. E desde então, eu não consegui saber mais sobre você. Se estava bem, se sofreu muitas sequelas, se conseguiu voltar para a escola bem", percebi que ele não conseguiu mais segurar as lágrimas, e deixou elas caírem silenciosamente. "Me desculpe, Serena".

Fiquei chocada. Nunca pensei que veria o irmão mais novo do meu inimigo, pedindo perdão pelo o que aconteceu. Eu só poderia está sonhando. Tinha que ser. Como o Ruan estava com os olhos baixos, e mal me via, eu peguei um das canetas que estavam no balcão, e sem pensar, me furei com ela.

"Ai, que merda", gritei por causa da dor e da idiotice que tinha acabado de fazer. Mas o pior, é que descobri que não era um sonho. Ruan olhou para mim espantado. Coloquei a minha mão no peito, e levantei os meus olhos para ele. "Eu estou bem, não se preocupe", sai de traz do balcão e fiquei de frente para ele. "O que você disse era verdade?".

"Com toda certeza", respondeu imediatamente. Eu sabia que não devia confiar nele. E não devia estar tão calma perto dele. Mas, que eu me lembre, o Ruan sempre foi diferente do irmão mais velho.

"Não sei se posso confiar em você", ouvi a minha voz sair seca. Sua cabeça abaixou um pouco, provavelmente, para evitar me encarar. "Sei que você não tem nada a ver com o que aconteceu no passado, mas, você mora com ele".

"Eu entendo, você tem o direito de desconfiar de mim", ele limpou os olhos com a manga do casaco que usava. "Eu só queria que você pudesse acreditar. E mais, tome cuidado com o Diego, eu tenho certeza que ele já deve estar procurando um jeito de ter você para ele".

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