Memórias do passado

CAPÍTULO 31

P.O.V SERENA
Eu tinha que me soltar logo para que o pior não acontecesse. Mas, como eu iria fazer isso? Os dois estavam quase voando no pescoço do outro.

"Parem vocês dois", falei com todas as minhas forças. "Vocês não vão conseguir mudar nada desse jeito. Acordem!!", o desespero estava bastante presente na minha voz.

"Não se preocupa, Serena. Vai ficar tudo bem", Thiago falou sem desviar os olhos do Diego. Mesmo assim, não consegui me acalmar.

"Vai ficar tudo bem mesmo. Mas, para mim", Diego respondeu no mesmo tom com as mãos tremendo. Eu estava esperando ele levantar a arma para poder atirar no Thiago.

"Parem de tentar mostrar quem é mais perigoso que o outro", forcei o meu corpo para que pudesse me soltar, mas apenas consegui ferir mais os meus pulsos. "Diego! Me escuta. A polícia já estar ao redor da casa. Não tem como você fugir daqui comigo. Se entrega logo de uma vez, por favor", torci para que ainda tivesse um pouco do antigo Diego que eu conheci.

"Não adianta, Serena. Eu só saio daqui com você ou morto", me respondeu enquanto dava passos para trás, sem tirar os olhos do meu namorado. "Não tem negociação".

"Diego, olha para mim agora", falei com raiva. Apesar da relutância, ele me olhou pelo canto do olho. "Você sempre foi um grande amigo quando éramos crianças. Não estrague mais a sua vida assim. Já basta o que aconteceu até agora", algumas daquelas palavras estavam doendo no meu coração, pois eu queria que o antigo Diego voltasse. "Por favor, desiste. Você já feriu muitas pessoas para conseguir o que sempre quis".

"Não ache que as suas palavras vão mudar a minha ideia, amor", falou enquanto ria. Percebi que o Thiago se afastou um pouco de nós.

"Se você me ama de verdade, se entregue", implorei novamente. "Para mim, não vai ter prova de amor maior do que você se entregar para a polícia e parar de colocar as pessoas em perigo", mesmo com medo dele explodir eu continuei tentando.

Diego começou a rir das minhas palavras. Merda. Não consegui mudar nada.

"Não importa o que você diga, Serena", seus olhos estavam mais frios que um iceberg. "Aquele Diego da infância... Não existe mais".

Antes mesmo dele se virar totalmente, o Thiago fez uma loucura. Meu namorado agarrou o braço do Diego que estava segurando a arma. Por causa da surpresa, o Diego soltou a arma que deslizou para o outro lado do quarto. Diego não conseguiu ter tempo para reagir. Os dois começaram a brigar pelo quarto: Diego querendo pegar o revólver de volta e o Thiago tentando impedi-lo.

Comecei a me balançar para poder sair da cadeira. No meio dos movimentos eu percebi que a cadeira estava mole, quase se quebrando. A cadeira deveria ser bastante velha. Apesar de ser só um palpite eu precisava arriscar. Me joguei para trás com toda a força que restava no meu corpo para poder quebra-la. Funcionou. A madeira quebrou me possibilitando de me soltar das cordas o mais rápido que conseguia.

Me levantei com o corpo dolorido e tremendo. Tive sorte de não ter batido a cabeça. Olhei para a briga que estava acontecendo na minha frente. Diego já estava com sangue no rosto por causa dos socos que tinha levado do Thiago, enquanto o mesmo estava mancando um pouco da perna direita. Procurei a arma pelo local e o encontrei perto da minha prisão temporária.

Corri até a arma e a segurei com força. O ferro pesado e gelado do revólver parecia ser o menor dos meus problemas. A raiva e a adrenalina estavam tão fortes no meu corpo que eu não conseguia pensar direito. Eu era um robô. Fazendo tudo no automático.

"PAREM VOCÊS DOIS AGORA!!", gritei apontando a arma para os dois. Na mesma hora os dois olharam para mim e se assustaram. Acho que eles nunca iriam imaginar que eu iria segurar uma arma e apontar para os dois. "SE VOCÊS NÃO SE SEPARAREM AGORA, EU QUE VOU COMETER UMA LOUCURA!!".