CAPÍTULO 14

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P.O.V SERENA

Tenho que fazer alguma coisa. Já se passaram quase dois meses desde que o Diego apareceu, e eu ainda não fiz nada. Consegui tirar notas bastante altas, fazendo com que meus pais se acalmem por causa da minha escola. Menos um problema na minha cabeça. Mas, o problema mais importante, eu não consigo resolver. Ruan continuava indo para o meu trabalho e não conseguíamos avançar em nada. Eu tinha que ter certeza de que ele iria me ajudar, e não me entregar para o Diego. Precisava de uma pista de que ele era confiável. E no trabalho, consegui ter uma ideia.

Esperei o garoto chegar, como toda semana. Como sempre, ele foi para o fim da loja, e começou a escolher um livro. Não que eu o estivesse julgando, mas, ele não parecia ser alguém que gostasse de ler, ou que conseguia ler um livro de trezentas páginas em uma semana. Com certeza, ele só fazia isso, para ter algum motivo para estar na loja.

Enquanto eu esperava ele vim com seu livro, aproveitei para escrever em uma folha do meu bloquinho. Quando ele chegou, nos encaramos por alguns segundos, até ele desviar o olhar.

"Pode deixar que eu o atendo, Sven", falei para meu amigo, antes que ele chegasse mais perto. Peguei o livro do Ruan e passei na máquina registradora. O silêncio era agoniante, ninguém tinha coragem de dizer algo. "São 35,00. Vai pagar no dinheiro ou no cartão?".

"No cartão", não sei quem estava mais surpreso com a minha atitude. Enquanto pegava a máquina de cartão, deixei uma folha de papel encima do balcão, para o Ruan lê - lo facilmente.

Escrevi na folha:

Se estar falando mesmo a verdade, e quer mesmo me ajudar, me diga um motivo que faça eu acreditar em você.

Voltei com a máquina e peguei o seu cartão de crédito. O coloquei na máquina e depois o entreguei. Quando fui pegar o papel de volta, percebi que tinha algo escrito.

A resposta do Ruan:

Quero fazer de tudo para que ele pare de machucar as pessoas que estão ao seu redor. Quero vê - lo apodrecer na CADEIA, ATÉ A MORTE.

O olhei e depois entreguei a nota com seu cartão. Depois de ensacar seu livro, lhe entreguei e seu rosto se aproximou do meu para sussurrar.

"Me encontre no shopping amanhã as 17:00. Vou ficar te esperando na praça de alimentação. Se não chegar até 17:30, vou entender que não quer a minha ajuda", terminando de falar, pegou sua compra e foi embora.

Apoiei minha mão no peito, para recuperar a minha respiração. Ok, a cagada foi feita. Não tem mais volta. Terei que me certificar que nada de mal vai me acontecer.
*****
Cheguei em casa e comecei a fazer os meus deveres de casa. Depois que terminei tudo, acho que fiquei quase meia hora olhando para o caderno. Será mesmo que eu fiz certo em escrever aquele bilhete? Agora que a cagada estar feita, não paro de pensar no que pode acontecer.

Guardo o meu material e vou para a cozinha para matar a minha fome. Fiz um sanduíche de queijo com salame e me sentei no sofá da sala para ver televisão. Fiquei passando os canais até encontrar algo para me distrair. Coloco em uma série qualquer, me encosto no sofá e fico comendo meu sanduíche. A série estava me deixando com sono, ou seja, não estava levantando nem um pouco o meu ânimo. Terminei de comer coloquei o meu prato na pia, e subi para o meu quarto novamente. Pensei em ligar para a Bia, mas eu sabia que não ia dar certo. Ela com certeza iria contar para os meus pais.

"Aaahhhh, não aguento mais toda essa pressão em mim", passei as mãos na minha cabeça em desespero. Me joguei na cama e olhei para o teto. Quando estava pensando em tirar uma soneca para me acalmar, meu celular tocou.

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