CAPÍTULO 32

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P.O.V SERENA
Parei de pensar sobre o passado quando ouvi a porta do quarto do hospital abrir. Me virei para a direção dela e vi o Thiago entrando com os nossos almoços na mão.

"Você não deveria estar de pé, Serena", falou preocupado deixando as comidas na mesa e andando na minha direção em seguida. "Você ainda estar muito fraca".

"Eu já vou receber alta daqui a alguns dia, Thiago. E além do mais, não aguento mais ficar o dia todo deitada nessa cama sem fazer nada", o abracei pela cintura para que pudesse me apoiar nele. Eu estava muito entediada naquele lugar. "Queria pelo menos esticar as minhas pernas um pouco", falei com o rosto enfiado no peito do maior. Era tão quentinho.

"Eu sei, mas temos que prevenir que você não piore", beijou o topo da minha cabeça e me levou até a cama. A contra gosto fui arrastando os meus pés até me sentar no móvel. Thiago voltou para a mesa para buscar a nossa comida.

Mesmo com o meu mal humor, eu tinha que admitir que apesar de ser comida de hospital, estava bastante gostoso. Só percebi que estava com fome quando o prato já estava quase pela metade. Thiago sentou ao meu lado na cama para podermos comer juntos. Eu estava procurando o momento certo para tirar as minhas dúvidas, quando percebi que já tínhamos acabado o almoço. Thiago pegou os pratos e jogou no lixo do quarto para poder voltar a se deitar na cama comigo.

"Posso te fazer uma pergunta?", falei depois que nos abraçamos.

"Claro", se ajeitou para poder olhar o meu rosto. "Tá sentindo alguma dor?".

"Não, é que...", respirei fundo. "Por que você estar distante desde que eu acordei? As vezes, parece que você estar me escondendo alguma coisa e não quer me contar".

Seu rosto ficou sério por alguns segundos, até que ele fechou os olhos e suspirou profundamente.

"É que... Eu ainda não entendi a sua reação de dias atrás. De quando você atirou no Diego", sua voz estava baixa, como se estivesse com vergonha e medo de continuar. Esperei que continuasse. "Ele fez tanta coisa horrível com você, seus pais, sequestrou o meu irmão, que... Quando vi você em prantos por causa do ferimento da bala, parecia que eu tinha perdido alguma coisa", ele terminou de falar, sem fazer contato visual comigo.

Depois de alguns segundos, levantei o rosto do meu namorado envergonhado para que pudesse me olhar.

"Vou estar mentindo se eu dizer que também não fiquei surpresa com a minha reação do momento. Desde que ele me violentou, eu desejava que fosse punido, até mesmo morto. Mas, depois que atirei nele...", respirei fundo para poder pensar melhor. "Eu vi o Diego que era o meu amigo quando éramos crianças, que sabia todos os meus segredos e que eu o considerava como irmão. Para mim, eu não estava atirando no meu maior monstro, eu estava atirando em uma das pessoas que eu mais confiava no passado. E isso me desesperou".

Me sentei na cama e fixei o meu olhar na parede. Meus sentimentos ainda estavam confusos e não sabia como pensar sobre isso. Eu ia começar a fazer terapia depois que tivesse alta para poder superar os meus traumas, ainda mais agora depois do sequestro, de ter apanhado do Diego e ter atirado nele. A minha mente não estava saudável. A única coisa que estar me mantendo em pé são os meus pais, meus amigos e o Thiago.

Senti os braços do moreno me abraçarem com força e depois beijar o topo da minha cabeça.

"Desculpa, eu não devia ter te julgado erra...".

"Você não me julgou", o interrompi. "Você não deveria se culpar pelo que aconteceu comigo. Eu escolhi ser sequestrada, eu escolhi ser moeda de troca para salvar o seu irmão, eu escolhi investigar ele. Tudo. Não quero que você fique com esses pensamentos", segurei os seus braços para que não me soltasse. "Eu só não queria que você se culpasse pelo que aconteceu".

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