Capítulo 5

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Andamos por quase duas horas, minha nova mochila estava um pouco pesada devido ao fato de estar cheia de roupas novas de minha escolha. Claro que não era um guarda roupa novo mas o bastante para me manter. Seguíamos descendo uma rua ingrime quando um grupo de adolescentes passou por nós encarnado Karias até quando já nos haviam ultrapassado.

Me perguntei se andar de máscara o tempo inteiro escondendo seu rosto não o incomodava.

—Por que a máscara? —A pergunta foi atrevida mas eu era sua aprendiz.

—Um erro do passado. —Foi a única coisa que ele me respondeu antes de me conduzir para um beco, fiquei receosa de entrar afinal não tenho boas lembranças de becos. —Está tudo bem não há ninguém aqui para te matar.

—Engraçadinho. —Soltei um risada falsa e fui logo atrás dele. —Que tipo de erro você cometeu?

Pude ver suas costas tencionarem com a pergunta mas o tom de voz não demonstrava irritação por mais que estivesse sério.

—O tipo de erro que deixa marcas tão profundas que nem a magia consegue apagar. —Percebi que havia avançado um pouco o sinal vermelho, contive minha curiosidade e me contentei com as respostas.

Avistei uma parede de tijolos mostrando que o beco era sem saída mas Karias parecia disposto andar até lá.

—O beco é sem saída caso você não tenha percebido. —Comentei atrás dele, mas ele não parou. —Onde você pretende ir ?

—Primeira lição sobre o mundo da magia... Aprendiz Mia. —Falou ele sorrindo se voltando para mim, sua mão brilhou um luz branca e runas, que mais lembravam um alfabeto de língua extinta, começaram aparecer nos tijolos. —As coisas não são exatamente o que parecem.

As letras brilharam para nós e aos poucos os tijolos iam desaparecendo dando espaço para um portal surgir e uma abertura para o que seria uma rua cheia de lojas e barracas de feiras.

Pessoas caminhavam de um lado para o outro, algumas segurando livros, outras empacotados e bolsas.

Pessoas gritavam ofertas e negociavam os preços, podia ver um homem de barba enorme e chapéu pontiagudo questionar o preço de um pedaço de madeira a venda.

Haviam homens e mulheres de armadura, prateada e esverdeada, com detalhes de folha e ornamento. Sobre a cabeça usavam capacete que deixava bem explícito as orelhas pontiagudas com brincos e pingentes artesanais.

—Elfos existe? —Perguntei de boca aberta, quando cruzamos o grupo, Karias andava na frente me puxando pela mão e falando o mais alto que podia para ser ouvido.

—Elfos, fadas, duendes, goblins, dragões, elementais, espíritos e muitas outras criaturas você vai descobrir que são bem mais do que contos fantásticos para crianças dormirem. —O grupo de elfos parou e encarou nós dois passando, eles fizeram de tudo para liberar espaço para a travessia.

O que me chamou a atenção pois todos em nossa volta pareciam dispostos a se apertar nos outros para não nos tocar, Karias mantinha o passo calmo como se não tivesse reparado nas atitudes dos seres ao seu redor.

Ninguém o olhava, era como se ele fosse ignorado pela multidão, mas ao mesmo tempo abriam espaço para passarmos sem necessidade de pedirmos, muitos faziam de uma forma temerosa outros com indiferença.

Isso só alimentava a minha curiosidade sobre o passado de meu mestre. O que ele havia feito de tão errado ao porto das pessoas agirem daquela forma?

Brilhos pequenos e de diversas cores passaram por nossas cabeças ziguezagueando pela multidão eles pararam em frente a uma loja cheia de plantas e se transformaram em mulheres cujos trajes eram simples a não ser pela capa de ceda que usavam para esconder as asas de fada.

—Isso é incrível. —Sussurrei para mim mesma encantada. —Um mundo dentro de um mundo.

Eu olhava as pessoas em minha volta, jovens e velhos, homens e mulheres, criaturas e humanos. As vestimentas variavam desde roupas modernas a aquelas fantasias que você só via no Halloween.

—Onde estamos indo? —Perguntei quando Karias me puxou mais para o centro. —O que viemos fazer aqui?

—Algumas encomendas de material e algumas compras para você. —Foi tudo que ele respondeu até nos dobrarmos duas esquinas e pararmos em frente a vitrine de uma loja.

A faixada mostrava os letreiros Casa da Bruxa de Pedra, achei graça do nome e contive uma risada, as vitrines não mostravam nada além da escuridão que habitava dentro da loja.

—Aqui vai ser uma encomenda ou uma compra? —Pergunto olhando ao redor, a rua dessa vez não era tão movimentada e todas a lojas tinham aspectos parecidos com a que estávamos parados na frente.

—Se você quiser ser uma aprendiz de mago precisa um "objeto" para guiar sua magia. —Explicou ele indo em direção à porta. —Nós chamamos de Gizarks, eles podem ser qualquer acessório que você possa imaginar. Desde um colar até um anel ou uma gargantilha.

—Qual é o seu? —Perguntei, Karias sorriu ao mostrar a mão direita para mim um anel lindo de metal negro e uma pedra verde encrostada, meu olhar treinado para encontrar itens de valor me diz que é uma esmeralda.

—Que lindo, quer dizer que vou ganhar um desse? —Perguntei entusiasmada até ver sua cabeça se mover de uma forma negativa.

—Você não vai ganhar, o objeto vai te escolher e já vou logo avisando que eles são difíceis.

Entramos na loja, a cada passo eu tentava esconder a ansiedade que crescia em meu peito.

A Aprendiz do MagoOnde histórias criam vida. Descubra agora