Capítulo 25

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Meus passos eram silenciosos atrás do encapuzado que parecia estar em uma situação muito confortável se sentindo sozinho.

Tomei cuidado com a minha respiração pois qualquer som denunciaria minha posição e sempre me mantive perto das sombras das árvores e das proteções dos arbustos, eu estava invisível quando me encontrava imóvel mas de certa forma visível quando me movia.

Comecei analisar a pessoa que eu seguia, os passos eram leves, calculados e estranhamente ela tomara um caminho que não levava mais para a árvore mas sim para um aglomerado de roseiras que se encontravam em um dos cantos mais afastado do jardim.

Por um momento me contive, afinal talvez ela ou ele não fosse o causador do envenenamento da árvore... Mas também não custa ter certeza não é?

O ser encapuzado entrou em meio às roseiras, segui logo atrás me detendo na abertura. Uma luz clara que lembrava uma fogueira se encontrava dentro das roseiras mostrava outra figura, também encapuzada.

Tomei um caminho diferente, tomando cuidado com os espinhos das rosas, e fui contornando as duas figuras. Em silêncio me agachei e a lâmina foi se formando usando a minha magia.

A figura que eu segui tirou o capuz, segurei a minha respiração quando a luz iluminou o rosto da princesa Allura.

Seu rosto estava inundado em lágrimas e seus lábios trêmulos de tanto chorar. O outro desconhecido a envolveu em um abraço apertado e novamente ela recomeçou a chorar.

Meu peito ficou apertado com o sofrimento da princesa e ao mesmo tempo senti vergonha, vergonha de estar ali bisbilhotando algo que não era da minha conta e de ter suspeitado da futura rainha.

-Calma minha amada. -Sussurrava o desconhecido, me contive por um momento quando reconheci a voz de Rusthen. -Está tudo bem... Não precisa chorar...

-Eu não consigo... Eu não sei manter o controle e a calma como você. -O tom não trazia raiva quando ela retirou o capuz do guarda, mas o rosto de Rusthen estava imóvel como se estivesse segurando todas as emoções diante dela. -Rusthen... Se te perder é o preço pelo trono então eu não quero! Eu não quero isso!

Allura gritava enquanto encostava a testa sob o peitoral do general.

-Allura você tem que seguir com o trono, é seu dever com o povo como herdeira. -Disse Rusthen tentando de todas as formas não demonstrar a dor que ele sentia por dentro, eu como observadora silenciosa via o quanto ele falhava nessa tarefa.

-Dever... Dever... Dever! -Os gritos abafados de Allura eram de frustração. -Toda a minha vida eu fui ignorada para agora ter que seguir o meu "dever"!?  

Rusthen se manteve calado ao ver o sofrimento dela. Sua mão pousou no queixo da futura rainha conforme ele levantava a cabeça dela para que seus olhos se encontrassem, o polegar da outra mão limpava as lágrimas dela. -Vamos dar um jeito...

Os dois se beijaram e essa fora a minha deixa. Me levantei em meio os espinhos encolhendo a lâmina em minha mão e fui caminhando em direção a abertura das roseiras.

Quando eu ia deixá-los um vulto vermelho passou ventando na minha frente, segurei uma exclamação de surpresa ao ver Alysia entrando em meio às roseiras.

-Você !!! Eu sabia que havia algo errado e aqui me deparo com a sem asa tendo um caso com o guarda! -Gritou Alysia apontando para a irmã assustada que se manteve ao contato com Rusthen. -Imagina o que papai vai pensar quando descobrir que a herdeira que ele escolheu e noiva de Eden está tendo um caso com um qualquer. Você se lembra da pena que guardas levam quando se envolvem com monarcas ? Ahh garoto você está acabado.

A Aprendiz do MagoOnde histórias criam vida. Descubra agora