Capítulo 26

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A minha barriga roncou alto quando eu havia acabado de colocar a bota de cano curto.
Estava faminta, acredito que mais faminta do que com sono.

Levantei, um pouco zonza de sono, e caminhei até a porta que levavam para o quarto de meu mestre. A essa hora ele já estava de volta ao normal.

Ao abri-las vi que o quarto de Karias se encontrava vazio, meu mestre já devia ter levantado e ido tomar café da manhã. Quase segui o exemplo dele se não fosse pela papelada espalhada em sua escrivaninha e a minha curiosidade para saber do que se tratava.

Ao me aproximar percebi que eram anotações dele. Várias se tratavam sobre tipos de encantamento das Trevas e eu nunca imaginei que tivessem tantos.

E outro papel era uma lista de suspeitos que vinham desde alguns guardas até líderes dos clãs. Em nenhum momento eu avistara o nome de Alysia e me perguntei como Karias reagiria quando soubesse do que eu vira ontem à noite?

O nome de Zux estava no topo da lista, destacado por um círculo, parece que Arkenos não era o único que desconfia dele.

Um ronco ainda mais alto de dentro do meu estômago me obrigou a parar de analisar as anotações e caminhar em direção a cozinha. Atravessei alguns corredores e desci diversas escadas até encontrar de fato uma cozinha que estava a todo vapor de manhã.

Fadas cozinheiras iam de uma lado para o outro carregando bandejas com legumes cortados, cestas cheias de frutas, carnes salgadas e temperadas prontas para serem assadas e muito barulho de conversas paralelas, risadas altas e panelas batendo. O alvoroço era tão grande que nenhuma reparou quando entrei, sinceramente fico feliz em não parar o ritmo delas.

Olhei em volta procurando algo para comer quando avistei uma maçã ao lado de alguns pães, acho que não teria problema se eu pegasse um ou dois.

Deslizei por entre as mesas cheias de alimentos e senti um forte cheiro de alecrim, olhei para o lado e uma fada criada montava uma bandeja de prata com uma xícara e uma jarra cheia de chá e alguns bolinhos de chocolate.

-Chá de alecrim não é? -Perguntei apontando para a jarra, a fada levantou o olhar de seu trabalho e se assustou ao se deparar comigo.

-Sim senhora, um dos preferidos da princesa Alysia. -Disse a cozinheira enquanto despejava o conteúdo na xícara, revirei os olhos ao ouvir o nome da princesa e perguntei se ela poderia me fazer uma xícara de café. A cozinheira acenou com um sim e eu caminhei até a mesa de pães e maçãs.

Agora as fadas começaram a reparar na visitante, muitas me lançaram olhares furtivos e curiosos e eu sempre devolvia com um sorriso entre uma mastigada ou outra. Não demorou muito para encontrar dois rostos conhecidos.

Nica e Gariz vieram caminhando apressadamente até mim, uma segurava o café que eu havia pedido e a outra me olhava de uma forma nervosa.

Ao mesmo tempo que eu agradecia a xícara e a retirava das mãos de Gariz perguntei a elas se algo estava acontecendo. Nica foi quem respondeu.

-Além de trazer o café que você pedira para Namir, criada pessoal de Aslya, venho lhe falar que Karias está te procurando para se juntar aos outros na expedição da... Expedição da... Aí pelos guardiões.

-Não precisa se esforçar para falar algo que não quer, eu já entendi o recado se o nome daquele lugar te incomoda não há necessidade de pronuncia-lo. -O olhar de alívio de Nica e a expressão suavizada foram acompanhadas de um agradecimento e de uma despedida. -Mia, agora que já sabe que estão de procurando vou voltar ao trabalho, afinal um banquete de um baile não se faz sozinho, você vem Gariz?

A Aprendiz do MagoOnde histórias criam vida. Descubra agora