Epílogo

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 Depois de quase a tarde inteira de conversa senti que precisava descansar um pouco, me despedi de Onya e Falis e subi as escadas até o segundo e parei em frente ao meu quarto. Minha cama feita era o convite perfeito, mas uma parte de mim não queria dormir. Eu não sentia sono ou cansaço, talvez um pouco atordoada com as revelações acho que precisava de ar puro.

Desviei da minha rota e fui em direção ao terraço, fazia um bom tempo que não ia lá e de certa forma me preocupei com o estado da estufa e das plantas. Abri a porta que dava para o terraço e fui recebida por uma rajada fria de vento do fim da tarde, o sol já ia se pondo na parte de trás do meu prédio e os raios tingiam as construções ao meu redor enquanto a noite ia se aproximando lentamente.

Caminhei uns poucos passos para o lado e sentei na superfície cimentada, encostei a cabeça na parede e permitir o meu corpo sentir o ar lá fora. Permiti que ele entrasse pelo meu pulmão, permiti que ele balançasse meus cabelos, pelas minhas vestes... Era reconfortante e acolhedor ao mesmo tempo.

E o céu aberto na minha frente... Era exatamente disso que eu precisava. "Um céu aberto para um passarinho voar longe dessa confusão" ri com o pensamento e a minha debilitação, não tenho o luxo de sair voando dessa situação que cai de paraquedas "Que pensamento tão de Guardiã do Eterno de Ar"

Voando igual a um passarinho... O pensamento fez minha mente recordar do objeto volumoso no bolso do casaco, tirei o passarinho de metal que Onya tinha me dado.

Encarei a miniatura metálica durante um longo tempo de modo que diversas perguntas borbulhavam minha mente igual um caldeirão fumegante. O que ela significava? Representava algo? Virei o passarinho na minha mão a procura de alguma pista, se criar seres assim era especialidade dela por que ele não se movia? Afinal se pertencia a minha avó por que ela deixará para trás?

Foi então que reparei na pequena alavanca escondida sob a asa metálica, passava facilmente desapercebida por olhares descuidados. Com cuidado e utilizando a minha unha que estava grande desloquei a alavanca para baixo, as engrenagens dentro do passarinho funcionaram de modo que o bico dele foi aberto.

Olhei para aquele bichinho surpresa em ter feito algum avanço com ele, avanço que talvez Onya não tivesse tido todos esses anos afinal ele não mencionara em nada essa alavanca. Virei o passarinho em minha mão e encarei aquele bico aberta, parecia que ele estava pedindo comida ou algo do gênero.

Mas para a minha surpresa uma luz amarela saiu do bico e no formato de esfera a luz começou a desenhar no ar, ou melhor dizendo escrevendo no ar. Encarei em silencio a frase que se formava na minha frente... 

"Passarinhos voltam para o ninho quando não há mais lugar no mundo para ir"   

O que isso quer dizer? Como assim passarinhos voltam para o ninho? Será que era uma mensagem de minha avó pedindo que eu a encontrasse? Mas se fosse isso por que não mandar logo a sua localização? Por que ficar nesse mistério?

Talvez Onya tenha alguma ideia do que essa frase pode significar, se eu perguntar para ela mais detalhes do meu passado consiga uma pista. Levantei em um pulo e corri em direção as escadarias para a sala de jantar mas parei nos primeiros degraus para ouvir a conversa lá embaixo.

-Bom Karias essa é a nossa deixa... Já está tarde e todos nós precisamos de um descanso depois dessa conversa. -Pude ouvir Onya empurrando a cadeira para se levantar e seus passos na sala de jantar ecoarem pelo resto da casa.  -Espero que Mia compreenda toda a situação...

-Mia é uma garota especial... Ela sabe o que está em jogo. -Disse Karias se despedindo de Onya que desaparecera, uma outra cadeira se movimentou e tudo indicava que era a de Falis acompanhando Onya na despedida.

A Aprendiz do MagoOnde histórias criam vida. Descubra agora