Capítulo 17

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Me virei bruscamente, meu corpo já assumia uma posição de ataque e meus olhos varreram toda a sala de jantar em busca do dono da voz.

Mas não havia ninguém.

Eu estava sozinha. Pelo menos era nisso que o meu lado racional dizia, mas havia uma parte dentro de mim que gritava o contrário.

O peito era constantemente martelado pelo meu coração, respirei fundo para tentar acalma-lo e com passos calmos e calculados fui andando em direção a escada. A qualquer sinal de perigo poderia escapar pelos lances de escada acima e chamar Karias.

-Sabe que é feio sair sem se despedir. -A voz ronronou do meu lado, por reflexo desferi um golpe no ar mas não acertara ninguém.

-Sabe que é feio se esconder das pessoas. Vamos apareça! -Retruquei arqueando as sobrancelhas, meus olhos ora buscavam para além da mesa de madeira ora encaravam a abertura da sala de leitura. E nessa passada de olho percebi algo tremeluzindo perto dos armários da cozinha, foquei a minha atenção naquela região.

-Por que eu deveria aparecer para alguém que quer me machucar? -Pude ver a magia de invisibilidade turvar quando a figura movimentou as mãos, sim, ela garantiria o máximo da cobertura se a pessoa estivesse imóvel mas quando ela se move a magia tem que se remodelar para projetar o cenário detrás da pessoa na frente dela. Isso a deixa exposta para um olhar observador.

Achei você desgraçado.

-Então você não me dá escolha, terei que te forçar aparecer. -Meu rosto tendeu para o lado em um encenação de que meu foco estaria em outro lugar ainda a procura dele, vi a magia tremeluzir na região do rosto quando a figura abriu um sorriso.

Levantei o dedo indicador e sutilmente apontei para a porta de madeira de um dos armários, a porta abriu bruscamente acertando a lateral da cabeça do homem.

Escutei um "Aí" e não perdi tempo invocando uma boca de fogo em minhas mãos, atirei ela com toda a força mirando o peito do homem. Vi o borrão se jogando para o chão dando uma cambalhota para desviar dela enquanto a bola de fogo que atirei se espatifava na parede.

Fiz as chamas crescerem por toda a extensão de meus ombros e boa parte de minhas pernas, um chicote flamejante cresceu na palma da minha mão enquanto outras bolas de fogo se formavam e rodavam em meu entorno.

O homem dispensou a camuflagem e apareceu na outra extremidade da mesa da sala de jantar, ele mantinha um arco levantado na minha direção e uma flecha estava preparada para ser atirada. Olhei com deboche pois a flecha podia ser parada pelo meu escudo de ar.

Mas a seriedade e a ameaça que circundava aqueles olhos âmbares fez o meu íntimo temer aquela flecha.

Levantei o chicote no mesmo instante que a flecha foi atirada em minha direção, o chicote atingiu uma barreira mágica e a flecha acertou o teto, errando a minha cabeça.

-Rá! -Gritei jogando algumas bolas que se chocavam com o campo de força o desgastando. -Você errou!

-Errei? -Um comentário irônico seguido de um sorriso foi a última coisa que vi e ouvi quando uma explosão me assolou, meu corpo foi jogado para longe sendo barrado por uma parede. O local onde a flecha havia fido fincada estava um buraco tão grande que se podia ver o teto do quarto proibido. -Você é bem inexperiente para uma maga. Não sabe que tem que tomar cuidado com as flechas de magos arqueiros?

A Aprendiz do MagoOnde histórias criam vida. Descubra agora