Capítulo 12

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Estava tudo um completo breu, meus pés se moveram e acabei trombando em uma parede, ao contrário do que imaginava não houve ruído da batida e o movimento de se encolher foi puramente instintivo por que a dor no ombro nunca ocorreu. Se esse era o paraíso sinto que fui enganada por que não isso que esperava.

Estendi a mão e toquei na superfície sólida da parede, minha mão a explorou tocando na borda de madeira de um quadro, o objeto se deslocou indo em direção ao chão, por reflexo me joguei para agarrar o quadro antes que o vidro se estilhaçasse pelo chão. Minhas experiências com cacos de vidros espalhados em um local escuro não eram das melhores.

O quadro se desmaterializou na minha frente tornando-se um pó branco, que aos poucos foi sumia. Afinal, que lugar é esse?

O ranger de uma porta fez meu sangue gelar, olhei para trás e uma luz alaranjada iluminava os pés de uma escada de madeira, o corrimão de madeira continha detalhes encrostados que lembravam flores e ornamentos. A luz também iluminava o arco de  madeira rústica da entrada da sala onde me encontrava.

Estava em uma casa

Agora que casa era aquela eu não sabia dizer.

O barulho de uma caixinha de som, sutil e delicado, começou preencher o ambiente junto com uma voz doce e angelical cantando uma canção de ninar. Fui até a escada e vi que levava para o segundo andar onde uma porta permanecia entre aberta, era de lá que vinha a luz alaranjada assim como a música.

Subi os degraus com calma, um de cada vez, absorvendo a música. Estava na hora de descobrir de quem pertencia essa casa.

A canção era tão calma... 

Tão relaxante...

E tão familiar...

Minha mão foi no corrimão me guiando na subida, a superfície da madeira na minha palma era conhecido, as pontas de meus dedos contornavam os desenhos dos ramos e das flores que decoravam o montante, tudo isso me era familiar mas não conseguia me lembrar direito.

O choro de um bebê interrompeu a cantoria enquanto a voz doce da mãe o tentava acalmar, subi os últimos degraus e cheguei até a fresta da porta. Meu olho ardeu por causa da luminosidade quando espiava o que havia lá dentro.

Era um lindo quarto de bebê.

As paredes eram pintadas de um rosa suave, a mobília era branca cheia de bichinhos de pelúcia de todos os tipos de animais, havia um berço no canto do quarto com pingentes de fazer as crianças dormir em formato de borboletas e flores. A silhueta de uma mulher virada de costas para mim, os cabelos castanhos caiam sobre seus ombros e se movimentavam conforme ela acalmava a criança voltando a cantar a canção de ninar, porém dessa vez eu conseguia escutar claramente os versos.

"Olha essa menina...
De olhar azulado...
Com os cabelos lindos...
Deslizando para o lado...
Ela tem os bracinhos...
Para dar um abraço...
O mundo é grande pequenina...
Deixe em seu peito um espaço...
Para que a esperança consiga...
Achar uma moradia...
Durma bem minha filha...
Deixe o mundo lá fora...
Ele é um lugar horrível...
Quando a luz vai embora..."

Engoli a seco ainda presa na fresta da porta, eu me lembrava dessa música, desse ritmo lento, por que era a canção de ninar que eu cantava antes de dormir no orfanato. Achei que ela era de minha autoria mas me enganei pois já ouvira ela antes.

Vindos dos lábios da minha mãe.

Mamãe... Aquela mulher de costas para mim era a minha mãe? Ela caminhou ate o berço onde colocou o bebê, ou melhor dizendo me colocando no berço, o azul dos olhos não me deixará dúvidas, eu era tão linda e tão frágil.

A Aprendiz do MagoOnde histórias criam vida. Descubra agora