Capítulo XIII

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Morgana

Encontrei Ester apoiada a uma árvore.

_ Convenceu seu pai?

_ Sim, mas tem um problema; o chefe dele vai sair de férias e os turnos não podem ser alterados durante este tempo. Pensei que talvez você pudesse convencê-lo a adiar as férias para outra semana...

_ Está sugerindo que eu o induza a isso?

_ Se você hipnotizá-lo, poderemos ir à aldeia esse fim de semana.

_ Então não está com medo que eu frite o cérebro dele?

_ Olha só, situações desesperadas pedem medidas desesperadas, e além do mais eu vou com você, só por precaução.

_ Não preciso de babá para hipnotizar alguém. - Uma hora dessas eu ia perder a paciência com esse projeto de loba.

_ Falou à bruxa que nem sabe voar de vassoura. - Respirei bem fundo e contei até dez, para acalmar meu sangue quente, que eu fazia correr gelado em minhas veias.

_ Ester, eu posso matar você com um piscar de olhos, magia de proteção e ataque é algo básico que toda bruxa sabe, então não me provoque. - Ela revirou os olhos e me encarou sem paciência.

_ Certo. Temos que ir ao hospital e dar um jeito de vermos o Dr. Vicente; então você vai torcer o pé.

_ Como é? - Nem em sonho eu ia torcer meu pé para hipnotizar um médico.

_ Olha só, se eu aparecer lá como paciente, vão chamar meu pai e nossa ida a aldeia vai pro brejo, então você se machuca a ponto de precisar de acompanhante e eu como boa colega vou me oferecer para te levar ao hospital. - Essa garota era maquiavélica, aposto que queria usar um machado para machucar meu pé.

_ Como eu vou ter a falsa torção?

_ Temos aula de educação física daqui a pouco, você vai fingir torcer o pé.

_ Gênio, você se esqueceu de um detalhe: Nessas situações um funcionário da escola acompanha o aluno.

_ Já pensei nisso: Coloquei um bilhete na cadeira da Júlia contando que o Hugo se encontra com a Anita atrás da quadra, no final do intervalo. Quando ela flagrar o namorado com a oferecida, vai ter uma briga histórica, e todos os funcionários vão até lá, bem na hora que nossa aula está começando.

_ Garota, você tem que ir a um psicólogo; tem a mente doentia.

_ Até parece! O desespero é que me deixa criativa.

Minha turma se reuniu no campo no final do intervalo e quando o professor Eduardo chegou, fingi não ver uma pequena elevação de terra na lateral e caí.

_ Morgana! Você está bem? - Sara, como boa moça que era, correu ao meu encontro para me ajudar.

_ Ai meu pé!

_ O que aconteceu? - O professor que arrancava suspiros das meninas ajoelhou-se ao meu lado para examinar meu tornozelo, que já estava inchado por um pequeno feitiço.

_ Tropecei, acho que torci meu pé.

_ Vou te levar ao hospital.

Nesse momento começou uma gritaria atrás da quadra em reforma. Os pedreiros estavam desesperados; aparentemente a Júlia estava tentando bater na Anita e no Hugo com uma barra de ferro.

_ Professor, vá até lá, eu levo a Morgana ao hospital.

_ Certo, mas tomem cuidado com esse pé.

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