Capítulo XLV

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Morgana


O mago negro não havia deixado rastro, a essa altura devia estar caçando Seth, ou um inocente. Tomara que fosse a primeira opção. A noite estava estrelada e eu teria ficado ali, deitada na grama olhando as estrelas até amanhecer se não tivesse ouvido um barulho estranho. Quando levantei e procurei a origem do som pude ver uma coluna fina de fumaça; ela vinha do hospital. Otávio. Era ele, eu podia sentir. Corri pra casa.

_ Mãe, pai!

_ O que aconteceu Morgana?

_ Otávio incendiou o hospital.

_ Céus!

_ Avisem as meninas e a Assembleia; vou até lá. - Me tele transportei sem nem me dar ao trabalho de trocar meu pijama do Star Wars.

O hospital estava em chamas, muitos pacientes saindo amparados pelos enfermeiros.

_ Esse foi o último! - Gritou um enfermeiro; fui até ele.

_ Onde está o Dr. Artur?

_ Ele ainda está lá, Otávio o prendeu em uma sala antes de incendiar tudo. Nós tentamos ajudar, mas ele tinha uma arma e nos ameaçou.

Meu sangue ferveu de raiva e meu coração acelerou de preocupação. Artur não podia morrer, ele não ia morrer, eu não ia deixar isso acontecer. Sem pensar nas conseqüências corri para porta.

_ Não faça isso garota, você vai morrer!

_ Ele é meu amigo, e eu vou buscá-lo. - Gritei enquanto entrava nas chamas enfeitiçadas.

Acordei suada e tremendo. Tinha sido só um pesadelo; acontece que não pareceu ser só um. Tomei um banho gelado em plena madrugada e mesmo assim não consegui me acalmar. Decidi que ficar em casa tentando dormir não ia ajudar em nada. Vesti uma blusa cinza de mangas compridas com a estampa do Senhor dos Anéis, uma calça jeans, preta e um coturno também preto. Nem sei por que estava preocupada com o que estava vestido, afinal, eu apenas ia até a casa do Artur pra ver se ele estava bem. Já que eu tinha me arrumado, não custava nada passar um pouco de perfume e um batom vermelho...

Tele transportei para casa do médico e fiquei invisível pra verificar todos os cômodos. Não havia nada de estranho. Fui até o quarto dele e abri a porta tentando não fazer barulho. E lá estava ele: Sem camisa, descoberto, com o tórax a mostra. Seus músculos eram absolutamente definidos. Observei-o dormindo; era tão lindo... Me aproximei da cama e percebi que havia algo em seu pescoço: Um verme. Meu corpo arrepiou todo. Era um feitiço de morte; o verme estava rastejando em círculos e não conseguia penetrar na pele de Artur que usava uma corrente fina com uma cruz de prata consagrada que meu pai tinha dado para ele. Eu tinha que fazer alguma coisa, combater feitiços negros não era minha especialidade, mas não havia tempo para chamar um especialista. Coloquei minha mão direita perto do verme sabendo que isso podia custar minha vida ou os movimentos do meu corpo. Respirei fundo e comecei a recitar um feitiço básico, uma proteção; não deu certo. O verme continuava lá tentando matar Artur, que obviamente estava em transe. Estava prestes a entrar em desespero quando a cortina se moveu por causa do vento e o brilho intenso da lua entrou no quarto e refletiu na cruz que Artur trazia no peito. Lembrei que prata consagrada é letal em Mensageiros Negros. Quando nasci, ganhei uma corrente fina de prata consagrada com uma cruz. A de Artur estava impedindo o verme de machucá-lo.

Retirei a minha corrente do pescoço consciente de que se fizesse um movimento errado, podia acabar meus dias vegetando. Com cuidado, embolei a corrente e a coloquei em cima do verme. Ouvi um chiado e senti um cheiro forte de enxofre. Retirei a corrente e o verme havia virado pó; usei um feitiço básico para limpá-la, mas depois teria que lavar com água benta. Artur abriu os olhos, visivelmente cansado.

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