Capítulo XL

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Dulce


Abri os olhos, irritada: O sol estava batendo em meu rosto e não tinha dormido direito nessa noite; tive muitos pesadelos. Acabei levantando muito antes do que costumava. Quando desci as escadas meu pai estava sentando a mesa enquanto Lourdes preparava o café. Essa não era uma das obrigações dela, mas a enfermeira adorava cozinhar. Ela era gente boa, fazia meu pai rir, lia pra ele, levava pra passear... Sem dúvidas a poção estava fazendo efeito, ele estava cada dia mais disposto.

_ Bom dia Dulce!

_ Bom dia Lourdes!

_ Acordou cedo filha.

_ Pra variar. - Beijei meu pai na testa e sentei ao seu lado.

_ Lourdes fez bolo de laranja.

_ Obrigada Lourdes!

Ela sorriu enquanto servia café para o meu pai; ele tomava apenas pela manhã e a enfermeira colocava canela e cravo na xícara dele.

_ Não sei como conseguem tomar café com essas coisas.

_ Faz bem para o seu pai e tomo em solidariedade a ele, porque realmente é horrível.

Eles riram e não pude deixar de notar o olhar cúmplice entre eles: Eu tinha perdido alguma coisa? Ri também.

Enquanto ia pra escola, tentei organizar as ideias; será que meu pai estava paquerando a Lourdes? Ela era bonita e boa pra ele, mil vezes melhor do que a Carolina, mas esse negócio de madrasta tinha me traumatizado.

Cheguei meia hora antes de a aula começar e vi Leonardo em baixo de uma árvore; ele parecia péssimo. Pensei que os garotos do 3º ano pudessem estar batendo nele de novo. O nerd albino estava com fone de ouvido e não percebeu minha chegada.

_ Léo. - Ele tirou os fones e me encarou surpreso.

_ Dulce?!

_ Aconteceu alguma coisa? Aqueles garotos machucaram você de novo?

_ Não, tá tá... Está tudo bem.

_ Você mente muito mal.

_ Desculpe.

Não sei o motivo, mas me sentei ao lado dele.

_ Ouvi dizer que você está treinando pra ser um exorcista.

_ Sim, padre Bento está me ensinando de forma teórica e prática.

_ O padre está pegando pesado com você?

_ Não, ele é muito paciente.

_ E o que exatamente vocês tem feito? Quer dizer, já assisti alguns filmes de terror, e você meio que está vivendo aquelas coisas...

_ Estou me acostumando. Tem um caso em que estamos trabalhando e... - Ele parou de falar de repente e percebi que estava escondendo algo, e eu não gosto que escondam coisas de mim. Meus instintos diziam que Léo estava envolvido em algo grande, e eu queria saber o que era. Pensei em pendurá-lo em um dos galhos da árvore até ele me contar, mas isso seria barulhento, então preferi usar um método mais silencioso; o método Isís. Segurei o braço de Léo e sorri docemente, sim eu era capaz de sorrir docemente e manipular também.

_ Não precisa esconder nada de mim. Pode confiar Léo, eu me importo com você. Só estou preocupada com sua segurança. - Ele me olhou atordoado e encarei seus olhos azuis, ele ia me contar tudo, claro que ia, eu era sedutora, absolutamente sedutora.

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