Capítulo XIV

61 9 0
                                    


Ester

Na manhã seguinte, meu pai estava todo feliz, o plano tinha funcionado e íamos para aldeia no sábado de madrugada. Cheguei cedo à escola e encontrei a Bruxa Má na sala.

_ Arruma sua mala, ou melhor, seu caldeirão. Vamos sair sábado de madrugada.

_ Vou falar com meus pais.

_ Estou preocupada em deixar o Tiago sozinho, se algo acontecer enquanto estivermos fora me sentirei culpada.

_ Na verdade, minha avó já tinha cogitado a hipótese de algo acontecer a ele, então deu um jeito para os pais dele o levarem à capital para fazer uns exames, uma hora dessas já estão saindo de casa.

_ Contou à sua avó sobre estarmos procurando as outras Predestinadas e termos encontrado um portal na aldeia?

_ Não. Ela nunca nos deixaria ir sozinhas, e meus instintos dizem que isso é o que deve acontecer. Intuição bruxa não falha.

Sara entrou na sala com um sorriso de quem acabou de participar da terceira missa consecutiva.

_ Bom dia meninas!

_ Bom dia!

_ Ester, tenho ótimas notícias. - Eu sinceramente duvidava de qualquer boa notícia vinda daquele projeto de noviça. - Encontrei o padrinho quando estava vindo pra cá, e adivinha!? Ele me convidou para ir com vocês visitar a madrinha, não é ótimo? - Eu e Mortíssia nos encaramos pasmas, lá se ia o plano perfeito. Chegaram mais alunos, o que impediu da freira ruiva ser hipnotizada.

Passei a aula toda imaginando uma maneira de impedir Sara de viajar conosco: Seria muito estranho se ela acidentalmente fosse parar dentro de um poço? O sinal para o intervalo tocou e aproveitamos a distração do projeto de freira para sairmos da sala.

_ Ela não pode viajar conosco.

_ Tenho um plano, você vai atraí-la para a quadra e eu vou hipnotizá-la.

_ E quanto aos pedreiros?

_ Eles foram remanejados para a portaria, alguém quebrou parte do muro.

_ Dulce.

_ Com certeza.

Voltei à sala e Sara não estava lá. Tinha que encontrá-la rápido, ia usar meu faro.

Sara

Precisava encontrar Ester e combinar os detalhes da viagem, que bom de uma maneira estranha eu sempre sabia onde as pessoas estavam. Segui pelo corredor e notei rachaduras na parede, elas não estavam ali ontem.

_ Sara. - Encarei a supervisora e sorri.

_ Bom dia Senhorita Adélia!

_ Bom dia Sara! Você viu o Tiago, irmão da Karen?

_ Não, mas eles sempre ficam juntos no intervalo e ela foi para o campo.

_ Obrigada!

Senti meu sangue gelar nas veias: A fina corrente de prata que Adélia usava era igual a da minha irmã gêmea que morreu com meus pais, aliás, não era igual; era a mesma. Nunca a encontraram após o acidente. Fiquei parada e atordoada enquanto Adélia se afastava.

EntrelaçadasOnde histórias criam vida. Descubra agora