Capítulo XXIV

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Rodrigo / Isaac


Terminei de organizar a sala de cirurgia e fui encontrar Ester; ela tinha contado sobre o incêndio para atrasar os enfermeiros. Saímos do hospital quando Paulo estava chegando apoiado em Mayra. Ele estava muito inchado. Ester correu até eles e eu o examinei com os olhos.

_ Pai! O que aconteceu?

_ Ele foi picado por uma aranha, fiz uma poção para amenizar o veneno, mas não teve efeito. Tive que trazê-lo ao hospital.

_ Ai!

Paulo mal conseguiu falar, e a medida que me aproximei percebi o real motivo.

_ Vamos levar ele pra dentro.

_ Calma pai; vai ficar tudo bem.

Ester ajudou Mayra a carregar Paulo pra dentro do hospital e segui atrás delas. Enquanto ele era examinado, sua esposa ficou ao seu lado. Consegui afastar minha irmã deles para dar a ela uma péssima notícia.

_ O que você quer? Estou ocupada; meu pai está mal.

_ Sei disso. A verdade é que ele está pior do que aparenta.

_ Como assim?

_ Não foi uma aranha qualquer que o atacou; eu já vi isso antes.

_ Pablo...

_ Carmen na verdade. Ela tem alguns bichinhos de estimação peculiares e os usa para injetar poções em quem não pode ou não quer atacar diretamente.

_ Não estou entendendo.

_ Ela enfeitiça o animal, coloca uma poção em seu sangue e o manda para transmitir a alguém.

_ Era pra ser eu... - Ester sentou-se e colocou as mãos no rosto. Sentei-me ao lado dela e a abracei.

_ Não tem como saber se era pra você, para sua mãe ou para qualquer outra pessoa. Às vezes o animal, tendo contato com outro ser místico, tem a hipnose quebrada porque é um laço muito frágil. Nesse caso ele pode ter feito um ataque aleatório.

_ Isso não importa. - Ela desvencilhou-se do meu abraço e levantou-se furiosa. - Meu pai está mal por causa daquela vadia e eu vou fazê-la pagar muito caro por isso.

_ Calminha aí esquentadinha! Antes de invadir sozinha a mansão do mal não é melhor cuidar do seu pai?

Ela me encarou esperançosa.

_ Você pode curá-lo?

_ Só tem um antídoto além do que Carmen usa em seus experimentos. Conheço alguém que pode tê-lo.

Caminhei em direção a saída.

_ Aonde você vai?

_ Vou encontrar uma amiga, ela geralmente tem antídotos.

_ Vou com você.

Contive o sorriso; eu e minha irmã íamos ter nosso primeiro passeio depois de muito tempo.

_ Tudo bem, mas já vou adiantando que essa amiga não é bem uma boa garota.

_ Dane-se! Se ela tiver o antídoto vai se tornar minha nova melhor amiga.

Duvidei de cada palavra dessa frase; Isís era alguém com quem certeza minha irmã não iria querer dividir confidências.

...

Enquanto Ester foi avisar a mãe, fiquei observando os funcionários do hospital; todos imersos em sua rotina, muito ocupados, muito felizes ou tristes de mais pra perceberem que uma força maligna estava avançando lenta e fatalmente em sua direção.

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