Capítulo XXXVII

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Dulce


Gaspar nos convidou pra um jantar com visível segundas intenções, o que recusamos. Assim que terminamos as tatuagens, fomos para a festa. Enquanto dobrávamos a esquina, Ester pareceu se irritar.

_ Está doendo muito? - Sara estava preocupada.

_ Não, já está praticamente cicatrizada.

_ Então o que foi? - Karen quis saber.

_ Gaspar acabou de falar com Rodrigo no telefone e disse que estamos bem. Devem ter espiões nos seguindo a mando daquele irritante!

_ Fica calma Ester; ele só quer cuidar de você. - Sara estava a vontade com a preocupação de Rodrigo.

_ Odeio isso.

Pegamos um táxi e fomos para entrada da festa. Era um festival cultural e estava cheio de pessoas com roupas coloridas.

_ Garotas, vamos nos divertir!

Compramos comida, rimos das fantasias estranhas e fomos dançar. Após Isís entrar na minha cabeça e na de Ester, os movimentos era algo natural e harmonioso para nós. Morgana, sempre fria, mudava completamente ao som de música. Karen, lógico, sabia dançar muito bem. Sara, por outro lado, não conseguia conciliar o ritmo aos movimentos de seu corpo.

_ Isso não é pra mim.

_ É só me acompanhar, fica mais fácil com a prática. - Karen estava muito gentil hoje. Isso era assustador.

_ Vou compra água, alguém quer?

_ Eu quero.

_ Eu também.

Saí do meio da multidão e fui até uma barraquinha na lateral da rua.

_ Um pastel para linda morena? - Ignorei o vendedor abusado.

_ Três garrafas de água.

Enquanto esperava o meu pedido, algo chamou minha atenção: A poucos metros da barraquinha estava uma mestiça poderosa. Sua magia era tão forte que eu pude sentir até em meus ossos. Virei para encará-la e foi quando percebi que conhecia a mulher mais sensual da festa: Isís. Ela estava observando tudo como se procurasse algo ou alguém. Todos que passavam por ela olhavam da cabeça aos pés e a grande maioria dos homens falava algo ridículo ou tentava tocar nela. Isís sabia como dispensar alguém com charme. Eles pareciam ainda mais impressionados quando ela os colocava pra correr. Peguei a água e paguei. Pensei em dizer um "Oi" quando percebi que os olhos dela estavam fixos em alguém: Um homem que segurava uma garotinha pelo braço. Ele arrastou a menina para longe da multidão, dando uma desculpa qualquer para o seu choro. Isís o seguiu e eu fui atrás dela.

_ Dulce?! - Sara interrompeu minha perseguição.

_ O que vocês estão fazendo aqui? - Tentei não perder Isís de vista.

_ Você demorou; ficamos preocupadas.

_ A Isís está aqui. Acho que aconteceu alguma coisa; estava indo atrás dela.

_ Sério?

_ Vamos lá, pode ser divertido. - Karen estava animada.

_ Duvido muito.

Seguimos Isís e a encontramos em um beco, abraçada a garotinha que ainda chorava. Ao lado dela o homem parecia desmaiado.

_ Vai ficar tudo bem; vou te levar aos seus pais.

_ O que está acontecendo? - Ester tinha que abrir a boca.

Isís nos encarou sem um pingo de surpresa.

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