Capítulo XLVI

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Verônica


Os primeiros raios de sol invadiram o quarto do médico. Coloquei uma bandeja com o café da manhã ao lado da cama.

_ Dr. Artur, acorde! - Tentei despertá-lo sem tocar nele.

_ Morgana... - Claro que ele ia chamar por ela.

_ Sou Verônica, Morgana teve que sair. Trouxe seu café.

Ele abriu os olhos, confuso.

_ Verônica?

_ Sou eu. Trouxe suco de laranja, café, mamão, pão e uma fatia de bolo. Coloquei uma poção em cada um deles, fará você ter mais energia do que se tivesse dormido uma semana.

_ Obrigado! Morgana deu notícias? - Eu não podia contar sobre as mortes, não enquanto ele estivesse tão mal.

_ Ela virá conversar com você mais tarde.

_ Espero que tudo esteja bem. - Eu não queria mentir, então mudei de assunto.

_ Há quanto tempo estão juntos?

_ O quê?

_ Quanto tempo você e a Morgana estão juntos?

_ Você entendeu errado, nós não somos namorados.

_ Ela disse o mesmo, só que eu sou especialista em amor; dom das sereias. De longe eu posso perceber que vocês têm uma ligação.

_ Ela é quase uma criança.

_ Ela vai fazer dezesseis anos em dezembro, não é mais uma criança.

_ Eu sou dez anos mais velho que ela.

_ Vocês são místicos, essa coisa de idade não importa. Por exemplo, Ara, a bruxa puro sangue, se casou com um duende milhares de anos, mais novo do que ela.

_ Eu não posso fazer isso; sou um médico. Para todos os efeitos, sou humano. Pela lei dos homens isso é errado.

_ Artur, nós vamos morrer; eu, ela e as outras. Não sei quanto tempo temos. Você pode estar com ela nos seus últimos meses de vida ou pode deixá-la morrer sozinha, e se escolher isso, quando ela morrer não vai se recuperar da culpa, eu garanto.

_ Talvez haja uma forma de impedir que vocês morram.

_ Isso é lenda, e só acreditarei nessa possibilidade se alguém provar que é real. Você tem a pessoa que ama ao alcance dos seus braços e se recusa a lutar por ela enquanto eu não posso nem falar com o homem que amo.

_ Porque você não pode? Ele é casado?

_ Não, ele é um sacerdote, e sendo assim, é proibido para sereias.

_ Você está apaixonada pelo padre?

_ Claro que não! Eu nunca me apaixonaria por um homem que usa batina e coturnos; é bem estranho.

_ Ok!

_ Estou apaixonada pelo pastor Pedro.

_ Um dos líderes da Assembleia?

_ Ele mesmo.

_ Eu não sei muito a respeito da igreja dele, entretanto tenho certeza de que ele pode se casar.

_ Isso não faz diferença para a lei mística. Agora tome seu café, o dia será longo.

_ Você está escondendo algo.

_ Estou, e se abrir a boca, Morgana fará sushi comigo.

_ É tão grave assim?

_ Tão grave que você precisará de cada gota da poção que coloquei em sua refeição.

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