Corações em Cura

Capitulo 1

Estava esperando sua mamãe. Sua mamãe sempre a deixava só por que precisava trabalhar, para que elas pudessem sobreviver. Ela precisava ser muito corajosa, sua mamãe contava com isso. Preferia o tempo quando estavam na estrada, por que sua mamãe não se separava dela nesses períodos, mas elas sempre precisavam de dinheiro novamente.

A mamãe sempre dizia que seus nomes eram os mais belos de todos e por isso precisavam guardá-los como um tesouro e usar outro, não poderia jamais dá-los a outras pessoas.

A noite escutava sua mamãe chorar quando pensava que ela já estava dormindo. Seu papai era um homem mal, se ele as encontrasse, elas ficariam muito machucadas. Sua mamãe achava que ela não lembrava, mas ela lembrava. Ele já as tinha machucado antes daquela noite, mas sua mamãe conseguiu acalmá-lo e fazê-lo parar de machucá-las por algum tempo. Mas naquela noite ele ficou muito zangado.

Naquela noite ele não parecia querer parar. Sua mamãe não conseguiu acalmá-lo, então ela decidiu que tinham que fugir.

Estava tentando ser corajosa agora, mas ele as tinha encontrado. Era o perfume dele. Estava só e ele as tinha encontrado. A porta do quarto do trailler em que moravam agora rangeu. Ela se escondeu embaixo da cama, tapou a boca com mão e tentou frear a respiração.

– Ann Lien, minha pequena e boa filhinha. Sei que você esta aqui. Vamos, saia para que eu possa vê-la. – Ele estava cantarolando com a voz macia. Essa voz já a tinha enganado antes. Ela não ia sair, não podia. Se ele a pegasse iria usá-la para machucar sua mamãe.

– Vamos bonita, não quer que o papai se zangue com você, não é? – Ele parou e os passos retrocederam. Parecia que tinha saído. Então ela sentiu as pernas serem puxadas para fora de debaixo da cama. Ela gritou, chutou e esperneou, mas ele era forte e conseguiu subjugá-la e colocá-la em pé a sua frente.

– Pequena imbecil!! Sempre foi muito estúpida para obedecer. – Ele a sacudiu enquanto lagrimas escorriam por seu rosto. – Você vem comigo. Vamos deixar um bilhete para a vagabunda da sua mãe. – Ele falou antes de arrastá-la para fora.

Ann Lien era uma menina pequena para a idade, tinha apenas 5 anos e a um quarto desse tempo vinha fugindo, junto com a mãe, de um pai abusivo. Sua mãe finalmente tinha vindo para essa cidade e permanecido perto dos muros que rodeavam o lugar chamado Reserva. Ann Lien ouvia tudo sobre os Novas Espécies.

Eles eram fascinantes e ela sabia que seu pai os temia, na noite em que os NE's foram descobertos pelo mundo, seu pai tinha ficado muito nervoso. Ela estava se escondendo embaixo da mesinha quando ele recebeu o telefonema. Ela ouviu a conversa. Ele era um dos homens maus que prendiam aquelas pessoas da TV e foi ordenado a levar algumas daquelas pessoas a outro lugar, ele repetiu o endereço enquanto anotava em sua caderneta.

Quando ele desligou o telefone ela se encolheu, mas ele a viu e ficou furioso, agarrou-a e a sacudiu gritando com ela. Ela encarava-o muito assustada. Sua mamãe veio ajudá-la, mas ele a machucou também e as trancou com a promessa de que mais tarde cuidaria delas. Sua mamãe a abraçou e chorou junto com ela. Elas ficaram presas por dois dias no quarto, sem comida. Seu pai não tinha voltado ainda. Mamãe conseguiu destravar a fechadura e elas conseguiram escapar. Desde então as duas vinham fugindo. 

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