Capítulo 16

1K 143 5
                                    

Alissa se desespera ao ler o recado afixado na TV. "Era a letra de Coronaro!! Deus!! Ele as tinha encontrado e levado Ann Lien. Porque não as deixava em paz?"

Depois de respirar fundo várias vezes para se acalmar Alissa sai do Trailer em direção a lanchonete da cidade, onde Coronaro havia marcado o encontro. Não pretendia aparecer antes dele. Precisava saber se Ann estava bem e sabia que precisava ser mais esperta que ele. Ele sempre a considerou uma simplória medrosa e não esperava que ela o desafiasse em um jogo de inteligência e paciência. Alissa estaciona próximo à entrada da rua que dá para a lateral da lanchonete e fica atenta aos carros que chegam até que o de Coronaro desponta. Ela o observa e não avista Ann Lien. Isso a deixa mais angustiada. "Onde ele pode tê-la deixado"? Pensa, tentada a ir ao seu encontro. Ela resiste. Uma hora se passa antes que ela o veja sair enfurecido da lanchonete. Ela o segue até vê-lo entrando numa estradinha. Sabia aonde aquela estrada daria. Já havia passado por ali quando estava procurando um lugar onde deixar o trailer e Ann em segurança. Alissa deixa o carro o mais escondido possível e segue a pé até encontrar o carro dele estacionado em frente a cabana. Ela espera e o vê sair novamente. Alissa rodeia a cabana e encontra uma janela aberta conseguindo escalar e entrar por ela. Na casa só havia um cômodo com a luz acesa, mas Alissa agora sabe o quão cruel Coronaro poderia ser e ele dificilmente deixaria Ann confortável com uma lâmpada acesa. Ela continua andando em silêncio experimentando as maçanetas pelo caminho até encontrar uma trancada. Alissa leva a mão dentro da jaqueta e tira a chave de fenda, que passou a carregar depois que começou a fugir, destravando a porta. Ann Lien levanta a cabeça e vendo sua mamãe se lança em seus braços fungando, tentando conter o choro, mas seus gemidos saem e sua mamãe a pega no colo acariciando-lhe o rosto e os cabelos. 

– Shii, minha bonequinha. Nós temos que ficar em silêncio até sairmos daqui. Ok? – Ann Lien balança a cabeça e pressiona a boca no ombro da mãe para não fazer barulho. Alissa carrega Ann Lien apressadamente por onde tinha entrado. Quando já está na janela Alissa põe Ann Lien sentada no batente e lhe fala baixinho. 

– Quero que assim que você toque no chão corra o mais rápido que puder até as árvores, mamãe vai logo atrás de você. – Ann Lien esta assustada, mas balança a cabeça com lágrimas embaçando seus olhos. Allissa a passa pela janela e a solta quando sente que ela alcançou o chão. Nesse momento uma lâmpada é acesa no quarto e Alissa olha para trás não acreditando no que vê.

 – Caroline!! – Exclama incrédula. – O que faz aqui?

 Ann Lien ainda está olhando sua mamãe pela janela quando houve o tiro. Ela estremece e leva as mãozinhas à boca sufocando o grito ao ver sangue. Sua mamãe se vira para ela e lhe grita para fugir. Ann Lien não quer, mas a mamãe grita novamente. 

– Correee Ann!!! 

– Ann Lien se vira e corre se perdendo na floresta, lágrimas escorrem por seu rosto ao ouvir o grito de dor de sua mamãe enquanto corre o mais rápido que pode até que chega perto de um muro alto. Não conseguiria passar por ali. Ela tenta se esconder nas grandes raízes de uma árvore enquanto chora convulsivamente.  

Corações em CuraOnde histórias criam vida. Descubra agora