Corações em Cura

Capítulo 26

Breeze não entende porque Rout se preocupa com a morte eminente do humano odioso, ela própria gostaria de tê-lo sob seu domínio. Se não houvesse prometido proteger a menininha em seu colo já estaria em seu encalço para ter seu quinhão de justiça.

Sangue escorria de seu ombro, o ferimento por onde a bala passou foi reaberto propositalmente por Coronaro com um bisturi que ele tirou da maleta. Uma de suas mãos estava quebrada e todo seu corpo ainda sentia os espasmos das descargas de choque. Já não conseguia mais repetir que nem ela nem Ann haviam contado nada a ninguém. Coronaro se aproxima de seu ombro novamente e com uma pinça de três pontas na mão revolve o ferimento lhe causando mais uma onda de dor que lhe faz gritar dolorosamente antes de desmaiar ouvindo a gargalhada fomentada pela loucura de seus torturadores.

Coronaro mergulhado em seu prazer por infringir dor já nem mesmo se importa se Alissa está dizendo a verdade. Ele se prepara para fazê-la acordar com seu brinquedo favorito quando um estrondo de vidraça se quebrando e um rugido medonho o faz voltar-se para a janela. O que vê ali lhe deixa momentaneamente paralisado em terror, mas logo em seguida ele entra em movimento tentando fugir do espécie que avança sobre ele, sem êxito ele se vê sendo derrubado de costas e sente presas afiadas se afundarem profundamente em sua carne, em um ato reflexo sua mão faz um movimento em arco e ele tenta perfurar o espécie sem nome com a ferramenta que ainda esta em sua mão, mas é impedido por um espécie careca que lhe encara com olhos que lhe enregelam o corpo.

Rout que havia ficado para trás, dividido entre proteger Breeze e a pequena humana ou seguir os dois, entra em ação ao ouvir a voz de comando de Breeze – Vá macho!! Eu protegerei a pequena – O que ele encontra ao entrar no quarto logo depois dos outros lhe deixa estarrecido. Uma humana que mais parecia a versão um pouquinho maior da criança pela qual ele já sentia muito carinho estava desmaiada e parecendo muito machucada pendendo de uma cadeira, o cabelo de um laranja escuro estava uma bagunça de sangue e suor. Ele se aproxima dela e um rosnado de ira passa por seus lábios ao ver o quão mais ela esta machucada. Se agachando a sua frente e sem dar atenção ao drama que esta se desenrolando ao redor começa a desatar as amarras que prendem a pequena fêmea à odiosa cadeira. Com muito cuidado para não lhe causar mais dano, ele a pega no colo e sai da cabana andando rápido na direção de onde Breeze e a menininha ficaram.

Breeze, quando se vê sozinha com a menininha a põe no chão e lhe pegando pela mão lhe faz sinal de silêncio. Sem resistir Breeze se aproxima um pouco mais da cabana ainda as mantendo cobertas pela vegetação.

Caroline observa com fascínio a tortura pela qual Alissa esta sendo submetida, jamais imaginou que sentiria prazer ao observar tal cena, mas a atração do ato lhe fez chegar mais perto para melhor observar. Estava em expectativa doentia para ver Coronaro acordar Alissa e recomeçar a tortura quando tudo veio abaixo com a entrada de dois machos que mais lhe pareceram montanhas de músculos, rosnando e quebrando o que tinha pela frente. Ao vê-los dominar Coronaro ela sorrateiramente se encaminha para a saída pegando sua bolsa no caminho. Ao dar a volta pela cabana para pegar seu carro e sair dali antes de ser apanhada Caroline vê um outro macho carregando o corpo inerte de Alissa para fora da cabana. Ainda mergulhada na adrenalina da loucura ela retira sua arma e aponta, mirando o macho a sua frente.

Breeze e a menininha vêem Rout sair por uma das portas da casa com uma fêmea nos braços. Ela olha para a menina, que lhe aperta a mão com força, e se agacha ao seu lado levando a mão da pequena aos lábios. Breeze lhe sorri e lhe solta a mão para acariciar-lhe os cabelos e tranqüilizá-la – Calma pequena tenho certeza que ela esta apenas... – Breeze não chega a terminar a frase porque nesse momento vê com sua visão periférica uma loura virar o canto da cabana, parar e com um sorriso louco retirar uma arma de sua bolsa e mirar Rout. Sem pensar Breeze se lança em direção a humana agarrando-a e jogando-a longe. O grito da humana é interrompido quando seu corpo se choca na parede, escorregando em seguida para o chão. Ela tenta fugir se arrastando, mas Breeze lhe agarra pelo pescoço apertando até sentir que a fêmea desmaiou.

Rout está parado com a fêmea nos braços olhando perplexo para Breeze em ação. Depois que ela domina a humana ele é brindado com um sorriso e um – Me deve uma, herói!! – De uma Breeze com o polegar para cima – Retirando o cinto ela se volta para a humana começando a amarrá-la.

Vengeance que havia seguido o especie sem nome logo depois da advertência de Rout vê o humano pronto para desferir um golpe e rapidamente lhe bloqueia a mão armada, encarando o humano com seus frios olhos azuis. O espécie sem nome esta em um frenesi de ira, com os dentes enterrados no ombro de Coronaro ele balança a cabeça, as garras estão travadas em suas laterais. Vengeance segura o espécie sem nome pelos braços e lhe rosna baixinho. – Não somos animais, se você o matar não teremos as informações que precisamos para libertar outros de nosso povo – O espécie sem nome, finalmente destrava suas presas, solta um urro medonho em frustração e lança o humano para longe. Se desvencilhando de Vengeance, como uma máquina de destruição ele se volta contra a parca mobilha da cabana quebrando o que encontra pela frente até se cansar e desmoronar em um choro convulsivo.

A menininha se aproxima de Breeze que está amarrando a humana com seu próprio cinto, a observa enquanto se desvia para ir ao encontro de sua mãe e Rout, mas é atraída por um choro vindo da cabana, antes que Breeze ou Rout a detenham ela entra na cabana e vê o grande espécie sentado com as costas apoiadas na parede tentando controlar o choro. Ela se aproxima, acaricia os longos cabelos raiados de laranja e quando o espécie sem nome levanta a cabeça ela o abraça, aproximando a boca de sua orelha ela sussurra um "obrigada" emocionado com a vozinha saindo raspando sua garganta pela falta de uso. Ele a puxa para si retribuindo o abraço da pequena.