♡ Capítulo 4 ♡

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Acordei cedo, já ciente que teria que voltar ao berço dos meus pesadelos, então peguei os livros que aquele idiota havia me dado, coloquei em uma mochila carteiro decorada com estrelinhas com uma costura no centro de cada uma que formava um rosto sorridente.

Abri o guarda roupa, vesti a mesma roupa de ontem, peguei o cabo de vassoura, após isso escovei os dentes e desci as escadas para tomar café da manhã, lá senti apenas o cheiro do senhor e da senhora Diaz, então o insuportável ainda estava dormindo.

"Bom dia.", desejei á eles e me sentei á mesa.

"Bom dia!", responderam animados.

Respirei fundo tentando localizar o que eu e Janna deixamos do bolo, minha única dificuldade era corta-lo, mas mesmo assim eu iria tentar.

"Senhora Diaz, se importaria de me passar uma faca?", eu pedi e ela deu um suspiro assustada.

"Para quê querida?", ela perguntou e parecia com medo da resposta.

"Quero um pedaço de bolo para o café.", expliquei sem saber se achava graça da situação ou se me sentia ofendida por ela não pensar no óbvio só por conta da minha deficiência.

"Ah, desculpe, deixe que corto para você.", ela pediu e eu ia negar, mas quando me dei conta já havia um pedaço de bolo em um prato que eu segurava.

"... É... Obrigada.", agradeci e comecei a comer.

Estava meio silencioso (desconsiderando o barulho que eles faziam enquanto pareciam procurar por algo, então resolvi puxar assunto, coisa que não costumo fazer muito, mas me sentia a vontade com eles, por alguma razão.

"Por que não estavam em casa desde que voltamos da escola até irmos dormir?", perguntei curiosa e mais nenhum ruído foi escutado naquela cozinha, era como se tivessem congelado.

Esperei alguns segundos pela resposta, mas continuava sem escutar qualquer ruído, então me preocupei temendo ter ficado surda de repente também, o que não era impossível, já que posso ter nascido com mais alguma pequena falha física que possa se agravar e fazer com que isso ocorra.

"Senhor Diaz?! Senhora Diaz?!", chamei em pânico, aliviada por escutar minha voz.

"Ah, desculpe querida, é que ontem tivemos um pequeno transtorno no... Trabalho.", respondeu a senhora Diaz e parecia um tanto triste.

Eu estava prestes a perguntar o que acontecera quando escutei uma porta ser aberta no andar de cima, sem vontade de conversar com ele, levantei-me e peguei o cabo de vassoura novamente.

"Certo. Agora eu vou á escola se não se importam.", indo em direção de onde eu me lembrava que ficava a porta.

"Sozinha?", perguntou o casal em uníssono.

"Sim...", respondi sem vontade de perguntar o problema porque sabia que isso terminaria com alguma frase grosseira da minha parte.

"Não prefere esperar o Marco?", perguntou o senhor Diaz e eu fiz que não com a cabeça.

"É que combinei de encontrar como uma amiga no caminho.", expliquei, mentindo e abri a porta sem esperar outra pergunta.

Saí de casa já contando os passos, prestando atenção para não caminhar no meio da rua, mas sem perder a conta, porque caso acontecesse, eu com certeza me perderia.

Com isso em mente, não foi difícil chegar á escola, fiquei feliz, mesmo sabendo que aquele era o berço de meus pesadelos e escutando comentários sobre como eu parecia uma idiota andando com o cabo de vassoura na mão, mas desta vez me defendi ao escutar o primeiro.

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