"Star...", ele chamou do outro lado da porta já impaciente. "Vamos lá, estamos nessa de ontem. E você não come desde quarta.", ele resmungava pela vigésima vez no dia.
"Correção: eu não tento comer desde ontem. Eu tentei comer na quarta e quinta.", o corrigi.
"Mas até onde sei você vomitou tudo depois.", ele retrucou.
"Isso não vem ao caso.", eu disse convencida.
"Claro que vem! Star, você não está bem! Qual é?! Você quase desmaiou ontem!", ele argumentou e revirei os olhos.
"Já disse, eu precisava descançar, sem contar que foi um choque quando ele falou de sair.", eu disse me lembrando daquele momento.
Quando o Tom me falou de sair foi como se tivessem me esfaqueado, eu tive que juntar todas as minhas forças para continuar de pé.
Eu não sei porque esse estúpido medo de sair agora, foi só uma agressão, e eu tenho catorze anos, isso deveria apenas me fragilizar um pouco, não me causar a sensação de que fora do quarto eu não conseguiria respirar.
Levo minhas mãos á cabeça conforme ela começava a doer.
"Dor estúpida, medo estúpido, pessoas estúpidas...", eu murmurei de forma quase inaudível e apertei mais a cabeça. "Star estúpida.", eu afirmei sentindo vontade de gritar e chorar.
"Star?", chamou Marco e eu arregalei os olhos me lembrando de sua presença do lado de fora do quarto. "Já que tocou nesse assunto...", ele começou e eu já sabia o que estava por vir, então o interrompi imediaramente.
"Não quero conversar.", afirmei fria.
"Às vezes precisamos fazer coisas que não queremos.", ele afirmou sério e eu revirei os olhos e ignorei muitas frases negativas que surgiram em minha mente.
"Prefiro tentar comer do que conversar com você.", eu respondi e um silêncio permaneceu por alguns segundos. "O que não significa que eu vá comer.", completei antes que ele dissesse algo sobre isso.
Escutei-o suspirar do outro lado da porta.
"Se continuar assim pode até morrer.", advertiu impaciente.
"Não seria problema para mim.", respondi fria.
"Mas e para Janna? Para a dona Laura? Para meus pais? Para o Tom? Para a Jackie? Para seus pais?", ele iria continuar, mas não permiti, meu interior gritava para responder.
"Para meus pais seria até melhor que eu morresse. Para eles e todo o resto do reino.", afirmei me virando e encolhendo.
"Por que acha isso?", ele questionou com tom de que achava graça.
"Não está mais que claro? Quer dizer, claro para você, porque eu nem sei o que é isso.", afirmei irritada e ele não disse nada por um tempo.
"Mas isso não é motivo para eles não ficarem tristes com sua morte.", Marco disse sério e eu riria de sua afirmação se não estivesse cansada de mais para isso.
"Marco, sinceramente, o meu povo me odeia porque nasci assim, e meus pais não tem orgulho nenhum da filha incapacitada que tem, tanto que desistiram dela e mandaram-na para outra dimensão, onde ela ficou presa com outro cara que a odeia.", eu disse como se não me importasse, mas aquilo doía no fundo do meu coração.
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For Your Eyes
FanfictionMarco Diaz é um garoto de catorze anos que agora está enfrentando um pequeno problema: a pobreza; para sua infelicidade, seus pais foram despedidos ao mesmo tempo e agora estão vivendo das economias, mas fora isso sua vida é ótima! Tem bons amigos...