E lá estávamos nós, em uma terça-feira, à caminho do médico onde ele me liberaria para ir à escola, como se eu realmente quisesse ir. Será que passar com um psicólogo já não era o suficiente?
Embora eu tenha aceitado isso ontem, não entendo o porquê de tudo isso; meu medo é racional e o trauma pode muito bem ir embora com o tempo, quero dizer, e aquele ditado "o tempo cura todas as feridas"? Se bem que... Só vou ao psicologo por causa do medo, não há nada mais que eu precise tratar com ele mesmo.
Já na escola, não faz sentido eu ir já que não enxergo! É como se eu estivesse gritando para o mundo "Ei! Pode vir! Acaba comigo! Me dá o seu pior!" indo à um lugar onde as pessoas inicialmente aprendem a ler e escrever.
"Isso é mesmo necessário?", perguntei analisando minhas conclusões.
"Precisamos saber se está mesmo melhorando, Star.", respondeu a senhora Diaz.
"Então significa que se ele disser que já posso volta à escola, eu não serei obrigada à ir?", perguntei com uma pequena expectativa.
"Sim, mas... Achamos melhor que você vá.", respondeu o senhor Diaz e eu bufei. "Seria um primeiro passo para superar seu medo, e de qualquer forma, Marco, Janna e Jackie estarão lá.", completou.
"Foi o que me disseram quando fui à escola quarta passada e eu quase fui atacada de novo.", reclamei me lembrando do que Brittney ameaçava fazer.
"Mas dessa vez você não vai fugir de mim, e quando um não estiver com você outro estará, certo?", Marco argumentou e eu abri a boca para responder que não, mas ele me impediu de tal coisa. "Além do que Brittney e as outras foram suspensas até primeiro de março.", completou.
"Sério?!", exclamei surpresa.
"Sim. Jackie ficou na escola explicando o que aconteceu e quando Brittney foi chamada pelo diretor não hesitou em contar quem a ajudou. Logo, foram todas suspensas por um mês, mesmo que eu achasse que mereciam ser expulsas. Além disso, trocaram as aulas delas para não ficarem na mesma sala que você.", explicou. "Eu achei um milagre considerando que a Brittney é rica e os pais dela podiam muito bem subornar o diretor para esquecer o que aconteceu ou até te expulsar da escola.", completou.
"Eu não me importaria em ser expulsa da escola.", admiti dando de ombros.
"Mas nós sim, sendo que aquelas meninas merecem uma bela punição pelo que te fizeram passar.", retrucou o senhor Diaz.
"E não ir à escola é algum tipo de punição?! No meu reino punições são medidas com nível de dor, e eu não acho que ficar um mês fora da escola doa.", comentei cruzando os braços.
"Star, a escola é muito importante para a vida das pessoas, ajuda tanto no intelecto quanto na interação social.", explicou Marco.
"Interação social de todos os tipos pelo que já pude experimentar; ah não, espera, eu só experimentei das ruins!", exclamei irritada.
"Janna e Jackie são más amigas para você?", ele retrucou.
"Não.", respondi já sabendo onde ele queria chegar. "Mas antes que diga qualquer coisa, elas são apenas duas, e você eu conheci antes de ir à escola, então em sua maioria, eu só tive más experiências.", completei e ele suspirou.
"Já que você adora ditados, já deve ter escutado um que diz 'quantidade não é qualidade', pois saiba que isso também se aplica aos amigos, não adianta ter muitos sendo que nenhum está quando precisa, mas se você tem só alguns, pode te certeza que estarão lá em todo o momento que precisar.", ele disse.
"Então onde estavam eles na primeira quarta-feira que passei aqui?", retruquei.
"Você saiu de casa sozinha! Foi você quem fugiu dos amigos e não o contrário.", ele respondeu e eu abri a boca para retrucar, mas fui interrompida.
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For Your Eyes
FanficMarco Diaz é um garoto de catorze anos que agora está enfrentando um pequeno problema: a pobreza; para sua infelicidade, seus pais foram despedidos ao mesmo tempo e agora estão vivendo das economias, mas fora isso sua vida é ótima! Tem bons amigos...