"Star?", chamou Marco do outro lado da porta. "Está acordada?", ele perguntou.
"Estou...", respondi com dificuldade.
Eu me sentia fraca, até respirar era difícil para mim, mesmo com meu coração batendo descompassado em meu peito.
"Aposto que nem dormiu.", ele debochou do outro lado da porta e minha vontade era revirar os olhos.
Mas estava perdida de mais para saber se havia o feito.
"Dormi... Sim...", foi tudo que consegui dizer em minha defesa.
"Menos mal então.", ele respondeu e depois tudo ficou silencioso.
Eu sabia que ele ainda estava lá, afinal ainda não havia escutado seus passos se distanciarem da porta, só não sabia o porquê desse silêncio.
"O que... Quer?", perguntei breve, duvidando que aquela minha pergunta era mesmo necessária.
"Você... Está mesmo bem? Quero dizer, o Tom não te machucou?", ele perguntou aparentemente preocupado e eu me senti desconfortável.
Faziam algumas horas que eu me sentia assim, afinal, não era para menos, eu disse ao Tom que queria morrer e que aquilo não fazia a menor diferença já que eu iria acabar no submundo com ele pela pessoa horrível que sou.
Não era uma mentira, mas... Ele não precisava saber disso...
Eu não queria que ele soubesse disso.
"Não... Ele... Nunca faria... Mal à mim.", respondi.
"Sei...", retrucou Marco sarcástico e eu só não me irritei porque estava ocupada me preocupando.
Passei alguns segundos me perguntando isso mentalmente até que criei coragem e o perguntei.
"Marco... Você escutou... O que?", perguntei preocupada que ele tivesse escutado a minha confissão.
"Naquele momento? Bem, na verdade nada... É estranho como as chamas queimando podem ser meio barulhentas, mas na verdade acho que estava concentrado de mais em acabar com aquilo para escutar algo.", ele respondeu e me senti um pouco mais tranquila. "Por quê?", ele perguntou e minha tranquilidade foi embora.
Eu não tinha resposta, minha cabeça doía e eu me ainda me sentia tão cansada que mal conseguia pensar em uma men... Desculpa para aquilo.
"Ele te disse algo horrível?", perguntou.
"Não... Só perguntei... Porque o... Calor pode... Ter causado... Alucinações.", menti com dificuldade - e muito mal também.
"Tá bom então.", ele disse e senti um pouco de sarcasmo em sua voz, mas resolvi ignorar, não queria prolongar aquela discussão até fazê-lo acreditar, não dessa vez.
Com dificuldade me virei na cama, me arrependendo profundamente logo em seguida e soltando um gemido de dor.
A região do hematoma doía mais agora, provavelmente porque o Tom segurou-me bem ali enquanto me dava o sermão.
Virei-me novamente de forma bruta, e somente essas duas simples ações já haviam me cansado mais.
Mesmo considerando a dor em meu braço, eu não o avisaria de nada, pois seria uma desculpa para que entrasse em meu quarto e pusesse pressão em mim para que eu comesse.
"Ahn... Está tudo bem aí?", ele perguntou e me repreendi mentalmente por soltar o mínimo gemido.
"Sim.", menti.
"Vamos lá Star, se não vai contar para mim ao menos conte à minha mãe.", ele pediu e eu faria um comentário sarcástico se tivesse forças para que o mesmo tivesse efeito.
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For Your Eyes
Hayran KurguMarco Diaz é um garoto de catorze anos que agora está enfrentando um pequeno problema: a pobreza; para sua infelicidade, seus pais foram despedidos ao mesmo tempo e agora estão vivendo das economias, mas fora isso sua vida é ótima! Tem bons amigos...