Abri os olhos que ainda pesavam e mesmo ainda vendo apenas uma tela escura, eu sabia que estava acordada.
"Janna? Está aí?", perguntei com a voz ainda fraca.
"Estou, Star. Ainda não consegue sentir o cheiro de nada?", ela perguntou e eu fiz que sim com a cabeça devagar. "Peço menos sua febre baixou bem, está com trinta e sete ponto três graus; mas geralmente aquele remédio que minha mãe te deu faz efeito mais rápido...", ela comentou e eu dei um sorrisinho.
"Está se esquecendo de uma coisa.", eu disse baixo, não estava conseguindo falar no tom ou velocidade normal do meu dia á dia. "Eu não sou como você Janna... Sou de Mewni... Sou uma Mewniana defeituosa, monstruosa...", eu disse me encolhendo.
"Não dói dizer isso sobre si mesma, Star?", ela perguntou e eu fiz que não com a cabeça.
Janna ficou quieta e senti a ponta da cama descer um pouco.
"No que você está pensando tanto, Janna?", perguntei.
"Star, você vai ir á escola só segunda, certo?", ela disse de repente e eu me surpreendi.
"Bem... Eu estava pensando... Depois disso... Acho que eu não... Quero ir mais para a escola.", admiti á ela fazendo pausas para que pudesse assimilar e não ficar com raiva de mim.
Senti o colchão se mover, mas sabia que Janna continuava sentada lá, ela provavelmente só estava surpresa com minha resposta e por isso havia mudado a postura.
"Por quê?", ela perguntou e deitei em cima do meu braço inchado, ignorando a dor que sentia.
Fiquei desconfortável com a pergunta.
"Janna, não podemos mudar de assunto?", pedi evitando que lembranças viessem á minha mente.
"A quanto tempo você guarda isso para si?", ela perguntou e eu fiquei confusa.
"Isso o que?", perguntei achando engraçado a forma com que ela se referia a algo.
"Seu sofrimento.", ela disse e arregalei os olhos.
"Eu... Não gosto de falar disso...", respondi tentando me concentrar em pensamentos felizes.
"Mas você precisa às vezes.", afirmou Janna.
"Mas eu não quero!", exclamei.
O silêncio entre nós perdurou por alguns minutos, até que a Janna perguntou mais uma vez.
"Não quer conversar? Mesmo?", ela perguntou.
"Não. Eu não quero lembrar! Quando eu lembro tudo se repete, de novo e de novo. Dessa vez não será diferente, Janna! A repetição já começou! Eu já estou cansada de viver esse maldito ciclo!", respondi já sentindo as lágrimas escorrendo. "Eu já cansei...", repeti.
"Talvez você precise de ajuda para sair desse ciclo, mas as pessoas só podem te ajudar se elas souberem com o que precisam te ajudar.", explicou Janna carinhosamente e me virou para que eu saísse de cima do hematoma.
"Está bem... Eu achava que as coisas tinham começado naquele dia que meus pais conversaram comigo sobre o que era ver, mas tudo começou apenas no dia seguinte...", comecei enquanto algumas lágrimas ainda deciam meu rosto.
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For Your Eyes
Hayran KurguMarco Diaz é um garoto de catorze anos que agora está enfrentando um pequeno problema: a pobreza; para sua infelicidade, seus pais foram despedidos ao mesmo tempo e agora estão vivendo das economias, mas fora isso sua vida é ótima! Tem bons amigos...