♡ Capítulo 40 ♡

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Era quarta-feira, mas não qualquer quarta-feira, haviam se passado uma semana desde a quarta-feira passada quando Marco me disse que minhas aulas de piano começariam na próxima semana, ou seja, hoje.

Eu estava extremamente impaciente e feliz, mas ao mesmo tempo, nervosa e com medo, principalmente porque ninguém que conheço estaria lá comigo, eu estaria sozinha meio à vários desconhecidos...

"Star?", Marco me chamou a atenção junto à Daisy que latiu, me tirando de meio aos meus pensamentos.

"Sim?", respondi, tentando soar o mais natural possível.

"Tudo bem?", perguntou apenas me deixando mais nervosa.

"Sim! Quer dizer, eu queria tanto aprender a tocar um intrumento e estou à quilometros de um sonho de uma vida!", menti, extremamente nervosa, não me surpreenderia se ele já tivesse percebido.

"Nós... Já chegamos, Star.", ele comentou aparentemente estranhando minha desatenção quanto à isso e eu suspirei.

"Tá bom... Eu estou meio... Nervosa.", admiti. "Eu vou estar no meio de tantas pessoas que não conheço e ninguém vai estar lá comigo de verdade, sabe? Tudo pode acontecer...", completei abaixando a cabeça.

"O que pode acontecer de pior com outros cegos ao seu redor?", Marco perguntou tentando me tranquilizar e eu franzi as sobrancelhas.

"Outros... Cegos?", perguntei desentendida.

"Sim Star, o professor Ruberiot da escola do Comet e da Maria disse que era uma escola com professores especialistas em ensinar deficientes visuais e auditivos.", respondeu e eu tentava absorver. "É sua oportunidade de fazer amigos, não tem nada a temer.", ele fez a mesma conclusão que eu... Ou quase isso.

"Mas e se...", comecei prestes a analisar as possibilidades, até ser interrompida.

"Chega de 'e se', Star. Lá só terão os professores e futuros amigos, nada mais, nada menos, certo? Tenho certeza que vai ficar tudo bem.", ele disse positivo e eu suspirei.

"Eu espero que esteja certo...", suspirei abraçando Daisy que latiu ao meu lado, me lambendo em seguida, o que fez com que Marco risse.

"Acho que alguém te deu um beijo de boa sorte.", brincou enquanto eu limpava a baba do meu rosto.

"Que bom... Porque achoque vou precisar...", murmurei apreensiva, abrindo a porta do carro e saindo do mesmo, sem sequer me despedir da família Diaz.

Sei que não era legal da minha parte, mas eu não estava me sentindo muito bem com isso; até ontem anoite eu me sentia animada e mais que pronta para começar a aprender a tocar um piano, mas quando acordei hoje e me dei conta da realidade cruel que seria vir para um lugar desconhecido cheio de pessoas ainda mais desconhecidas, era de dar nó no estômago (de tal forma que mal havia conseguido comer até agora).

Eu andava nervosa meio ao lugar preenchido por diferentes sinfonias de diferentes instrumentos, cada cômodo do estabelecimento parecia ter um diferente, poucos haviam a mistura deles. De sala em sala, procurava o som suave e familiar do piano, mas escutava apenas outras melodias ao redor, incríveis e chamativas, haviam até solos de guitarra avançadíssimos pelos corredores, era inacreditável: cegos e surdos tocando instrumentos comuns.

Levada pelas músicas aqui escutadas, me desconectei do mundo real, me esqueci de que estava sozinha num local cheio de gente, e consequentemente, me esqueci que devia prestar atenção na guia da Daisy. Por conta disso, "de repente", fui tirada das nuvens com uma pancada, havia esbarrado em alguém e me ido ao chão.

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