☾ Capítulo 39 ☽

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"Diaz!", a voz madura, porém irritante, ressoou em meus ouvidos, me acordando com um peteleco num sábado de manhã.

"O que é tão importante que você não pode esperar...", fiz uma pausa para olhar no relógio. "Mais quatro horas.", completei mau-humorado, eram seis da manhã.

"Bom. Para mim não é importante...", ela começou irônica, e com vontade de pular em seu pescoço e esgana-la, esperei para saber como a frase acabava. "Mas se quer que a Star continue vivendo aqui, talvez seja importante para você.", completou dando de ombros, o que só me irritou mais.

"Fala.", resmunguei me sentando na cama, tentando controlar meus nervos.

"Eu começaria o discurso dizendo que fez um bom trabalho para quem não é especialista em rachaduras e fendas... Se isso fosse verdade.", começou e eu revirei os olhos. "Olha isso! Só de passar o dedo nessa coisa a rachadura já aparece novamente! Será que não dava para ter feito isso com capricho e cuidado de uma vez?!", ela reclamou.

"Eu fiz com capricho e cuidado, você que mexeu quando não devia! Fala sério! Você me acordou nas madrugadas para ficar arrumando tudo que eu podia e por isso eu não conseguia sequer abrir os olhos de manhã!", retruquei irritado, a culpa de eu não estar ajudando muito a Star era toda dela.

"Na verdade, você nem chegava a fecha-los.", a ruiva corrigiu-me com um sorriso debochado.

"Se sabe disso por que não faz esse trabalho você mesma?! Pode se multiplicar! Vai terminar isso em alguns segundos!", argumentei deitando-me novamente.

"Porque não é meu trabalho e a estadia dela aqui não importa para mim, já que esse lugar é inútil.", respondeu fria e escutei o barulho de sua caneta perturbante. "Bem como os inquilinos que nele moram.", completou.

"Certo.", disse me levantando. "Já chega. Vou te fazer engolir suas palavras e a Star vai ficar aqui com a felicidade dela por mais um mês!", conpletei determinado.

"Se você diz... Mas eu não teria tanta certeza, principalmente sobre a parte que diz que ela é feliz aqui.", debochou e eu ignorei.

E mais uma vez eu iria fechar aquelas fissuras, eram de um tamanho que as tornava insignificantes e o mais importante (que também não era realmente importante) eram as goteiras, já que Star poderia escorregar nas poças d'àgua, cair e se machucar. Saí do meu quarto pronto para ir ao galpão pegar o reboco para fazer o que precisava, que eram coisas simples, mas Hekapoo arranjava qualquer motivo para levar Star de volta e eu temia que por fim conseguisse o que quer.

Foi então que escutei um ranger de porta atrás de mim e me virei torcendo para que fosse a própria Hekapoo ou até meus pais.

Mas infelizmente, não era nenhum deles...

"Marco?", Perguntou Star descabelada e sonolenta, esfregando um dos olhos. "É você?".

"So-Sou eu sim...", respondi. "Por que está acordada à esta hora num fim de semana? Outro pesadelo?", a perguntei um pouco curioso.

"Não... Escutei alguns barulhos... Pessoas discutindo, eu acho... Tudo bem?", perguntou tentando abrir os olhos.

"Sim. Pode voltar a dormir.", respondi sorrindo à ela, mesmo sabendo que não via, ms ela continuou ali à minha frente.

"Por que... Por que está acordado?", perguntou de repente.

"Insônia.", menti sem tirar o sorriso do rosto.

"Mentiroso...", ela murmurou sem mostrar expressão fora a de cansaço. "Você mente muito mal...",completou enquanto a empurrava vagarosamente para o quarto.

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