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— O que você está fazendo aqui?— Pergunto ao ver Enzo atrás da porta

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— O que você está fazendo aqui?— Pergunto ao ver Enzo atrás da porta.

— Surpresa.— Ele balança as mãos e sorri.

— Você sabe que esse é o apartamento de Henrique, não sabe?

— Claro que sim. E por ele não estar aqui, eu quis vir.— Ele fala abrindo passagem e entrar no apartamento. — Ele vai me proibir de ver você?— Pergunta ironicamente.

Dou risada e o levo até a sala. Sento-me no sofá e Enzo faz o mesmo. O moreno sorri pra mim e logo em seguida começamos a rir.

— Porra, se ele me pega aqui, me tira a base do tiro.— Enzo continua rindo.

— Mas como você soube que ele não estaria aqui?— Pergunto recuperando meu fôlego.

— Eu sou fofoqueiro, Cecí. Tive que buscar alguns documentos no galpão dele e acabei ouvindo uma conversa dele com o secretário do cão.— Explica. O secretário do cão que Enzo se refere é o braço direito de Henrique, Robson.

Enzo e eu não gostamos de Robson. Ambos concordam que a amizade deles aconteceu de forma muito planejada e nada natural, entretanto, não nos envolvemos nesse assunto.

— Pois conte tudo.— Falo. Viro meu corpo totalmente na direção de Enzo.

— Cheguei lá e fui instruído a ir diretamente a sala de Henrique. Quando cheguei lá, ele estava na sala com Robson e eles estavam conversando sobre a Henrique precisar ir urgentemente a uma reunião, mas Henrique disse que não iria, pois você ficaria sozinha. Robson então respondeu: "Posso pedir para alguns homens ficarem de segurança". Henrique negou veementemente. Mas sem dar na cara, que ele não é tão burro.

— Enzo, vai direto ao ponto! — Mando.

— Robson insistiu muito e ele se deu por vencido. A reunião vai ser próxima a San Diego.

— Eles falaram o motivo da reunião?— Pergunto.

— Não. Assim que Henrique disse que iria, Robson saiu da sala e deu de cara comigo. Pode ser coisa da minha cabeça, mas ele pareceu muito surpreso comigo ali.— Finaliza.

— Ele sabe que Henrique não gosta de você, então não faz sentido você estar lá. — Falo pensativa.

— Mas foi o próprio Henrique que pediu para que eu fosse buscar os documentos.

— E ele não contou ao braço direito? Isso é realmente estranho.— Concordou

— Pois é. Vai entender, viu.— Fala enquanto olha para sua unhas.

— Próximo de San Diego...— Digo pensativa.

— Temos negócios lá?— Pergunta.

— Não. Não temos.

— Ah, merda. — Enzo fala se levantando rapidamente.

— Vou pegar a mochila, me encontra no carro.— Falo enquanto corro pelo corredor.

Negócios porra nenhuma, Henrique sabe que o Robson está metido em alguma merda e ele está na reta.

Desde que comecei a morar no apartamento de Henrique o mesmo realizou duas viagens e, em ambas, me avisou para onde ia e assuntos que seriam tratados.

E, de uma hora para outra, Henrique chama Enzo, a pessoa que ele possui mais desavenças, para a sala dele que ouve uma conversa que não deveria e ainda por cima, sem avisar ao braço direito.

Tem algo muito errado acontecendo...

Adentro ao closet pegando minha bolsa com roupa tática e máscara, seguindo em direção a porta de entrada.  Cumprimento o porteiro normalmente e sigo em direção ao carro de Enzo, que me esperava. Adentro ao veículo e Enzo não perde tempo para começar a dirigir.

— Vamos primeiro no galpão. Precisamos avaliar a situação. — Falo. Enzo assente.

Ouço o som de um celular e Enzo logo atende ao número desconhecido que aparece em sua tela, pondo a chamada no viva-voz.

Enzo, aqui é Michael.— Ouço a voz que me faz arrepiar.

Enzo me olha surpreso. Sinalizo para que ele dê continuidade a conversa.

— Não te conheço.— Enzo fala. Nego em silêncio da forma nada sutil dele continuar uma conversa.

Sou amigo do Henrique. E sou chefe da Imperial Blue. Você trabalha para Unknown, assim como o Henrique.  — Michael estava dirigindo enquanto falava conosco, o som do pinel em contato com o chão dava para ser ouvido pela chamada de voz. — Henrique pediu para que eu ligasse pra você, caso algo diferente acontecesse.

— O que aconteceu?— Enzo me olha com cenho franzido. 

A localização de Henrique não aparece mais e eu recebi uma mensagem dele.

Mexo meus lábios sem emitir som a Enzo falando: "Manda ele para o galpão".

— Vou lhe enviar um endereço e você me encontra lá, em meia hora.— Fala e desliga em seguida a chamada. — Não sei que merda Henrique se meteu, mas foi uma das grandes. 

— Puta merda...

[...]

— Unknown, o homem não foi localizado.— Charlie me avisa.

— Ok. Sente-se.

Charlie senta-se ao lado de sua irmã.

— Vou precisar da ajudar de vocês dois. Nosso objetivo é achar Henrique Walker o mais rápido possível. Vou pedir para que vocês fiquem atentos a informação que uma pessoa dará e fiquem a vontade para opinarem.

Os irmãos confirmam. Desde o treinamento venho de olho neles, que estão com o desempenho ainda melhor. Serão úteis para sabe-se lá o que está por vir.

— Ele chegou.— Enzo informa, adentrando a sala.

Minutos depois Michael aparece em nosso campo de visão. Ele estava com uma blusa branca, por baixo da jaqueta de couro de sua gangue e nas costas, a mesma deve possuir um marca na cor azul.

— Pode falar, Blue.— Chamo-o como é conhecido.

— As condições não são as melhores para nós conhecermos, Unknown.— Michael senta-se em frente a mim. Enzo estava em pé do meu lado direito, enquanto os irmãos se encontravam sentados no sofá ao canto. — Mas confio em você para achar ele. O localizador que Henrique possui no bracelete não está funcionando, algo que nunca aconteceu durante anos. Quando percebi o desligamento de sua localização, recebi uma mensagem com a frase:"Aquí empieza la patria".

Olho para Enzo que, assim como eu, não entendeu o que significava a frase.

— "A pátria começa aqui".— Dakota traduz.

— Essa é a frase da cidade de Tijuana.— Charlie explica.

— Se preparem. Em algumas horas iremos para o México. — Aviso.

Não vou medir esforços para trazer meu irmão a salvo. Mexeram demais com a minha família e não irei permitir que isso volte acontecer.

CECÍLIA WALKEROnde histórias criam vida. Descubra agora