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O controle, na maioria das vezes, serve para manter algo ou alguém, seguindo um objetivo determinado, entretanto, mesmo que tivéssemos uma bola de cristal, ainda seria impossível controlar totalmente qualquer coisa

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O controle, na maioria das vezes, serve para manter algo ou alguém, seguindo um objetivo determinado, entretanto, mesmo que tivéssemos uma bola de cristal, ainda seria impossível controlar totalmente qualquer coisa.

As pessoas, por sua vez, aceitam ser controladas, quando algo valioso para elas está em risco, e isso acontece com qualquer um, basta descobrir seu ponto fraco.

O meu ponto fraco sempre foram as pessoas ao meu lado, é claro para qualquer um que me conheça, que todos aqueles que me importam, são meu ponto fraco.

A minha máfia é o meu ponto fraco.

Os meus amigos são meu ponto fraco.

Minha família é o meu ponto fraco.

Michael é o meu ponto fraco.

Richard sabe disso, e como sabe. Entretanto, ele não sabe de tudo. Para ele, continuo sendo aquela garota indefesa, que vivem na sombra do pai e do irmão, para ficar segura. O que, de fato, me dá uma vantagem sobre ele, mas até que ponto?

Eu realmente não sei.

Richard sempre foi uma pessoa impulsiva, difícil de prever, mesmo quando se convive com ele por anos. Sua mente funciona de forma diferente, suas ações, por suas vez, seguem um padrão.

Óbvio que ele não faz da mesma forma, mas com esse padrão, posso estipular qual será o seu próximo passo.

Primeiro, ele busca meios de se aproximar do seu objetivo. A DS era o primeiro meio de se aproximar de mim, e assim ele fez. Entretanto, ele quer algo mais, por isso, se envolveu o máfia Russa.

Segundo, ele procura, investiga tudo e qualquer pessoa que possa estar ligada ao que ele quer. Nesse caso, ele investigou Clara e sua família, afinal, ele já conhecia as outras pessoas que estavam junto a mim.

Terceiro, ele aparece. Mostrando-se pra mim, Richard mostra que sabe os meus passos, com quem ando e falo.

Quarto - e último -, ele pega o que é "dele".

Estamos no último estágio da psicopatia de Richard, mas comigo sumida, ele não pode fazer o que quer. Além de me comprometer também, porquê se ele juntar o quebra cabeça, ele pode descobrir quem sou.

Por isso, um novo nível do meu plano foi aberto. Eu darei o que ele quer.

A oportunidade perfeita para me sequestrar.

— Você está maluca, Cecília?— Ouço a voz de Enzo, adentrando ao apartamento.

— Do que você está falando?— Pergunto.

— Festa? Você quer dar um festa? Nessa altura?—  Confirmo. Enzo suspira cansado, as vezes eu não sei como ele me aguenta.

— É necessário, Enzo.

— É mais arriscado do que se você se entregasse na base deles. — Explica.

Não discordo. É um tiro no escuro - e é algo que venho fazendo a um bom tempo -, entretanto, me mostrará muitas coisas, que estavam escondidas por muito tempo.

— Eu sei.— Suspiro. — Mas é a unica opção que tenho no momento. Se não fizermos nada, eles vão fazer, e se isso acontecer, não teremos controle de nada.

— Você terá controle dessa forma, então?

— Não totalmente, mas conseguirei as informações necessárias.

— Tem algo errado. O que você está escondendo?— Enzo me conhece melhor que ninguém.

— Digamos que nem tudo é o que parece.— Ele ri, sem humor algum.

— Isso pode custar sua vida, não é mesmo?

— Provavelmente.— Meu coração se aperta ao responder.

— Vou precisar de um transplante de coração daqui a pouco, com você aprontando a cada segundo.— Dou risada.

— Se eu fosse você, deixava logo dois guardados.— Ele ri. — Como está Clara?

— Preocupada, você precisa falar com ela.— Murmuro um "eu sei". — Assim como Michael. Ele precisa de alguma informação, Cecí.

— Posso falar com Clara, mas Michael, ainda não. É cedo demais.

— Cedo?— Enzo se aproxima de mim.— Como assim "cedo"?

— O que eu sinto por ele é muito mais forte do que eu imaginava, Enzo. Eu estou entre a cruz e a espada, não posso levá-lo junto a mim.

— Mas é ele quem deve escolher, não você.

Eu sei disso...

— Não posso, Enzo.

Caminho em direção ao quarto, sendo seguida por ele. Mesmo sabendo que ele tem razão, não mudarei minha decisão, por mais que seja extremamente egoísta da minha parte.

— Tudo bem, Cecília.— Diz cansado.— Como está Henrique?

Meu irmão passou todo esse tempo na mesma base que o coloquei, desta forma, Henrique conseguiu colocar seus pensamentos em ordem e se recuperar totalmente de toda tortura que passou e de seu coração partido também.

Henrique sabe do meu plano, assim como os demais, não totalmente, apenas a parcela que os envolve.

Benjamin, por sua vez, anda sumido, mas sabemos exatamente sua localização, o que de certo modo, me deixa tranquila. Não posso perder ele de vista.

— Está bem. Volta daqui a alguns dias.— Respondo. Enzo senta-se na cama e me encara, enquanto coloco algumas coisas na mochila.

— Como ele lidou com a sua decisão?

— Você sabe como Henrique é. Todos vocês se culpam muito por algo que não tiveram controle. Esse sentimento de proteção que vivem em vocês e consomem a todo momento. Vocês não podem fazer nada agora.

— E é isso que me preocupa. Não só a mim, todos nós, os membros da sua máfia, seus amigos e familiares. Não duvidamos da sua capacitação, Cecília. Só queremos ver você bem e viva, acima de tudo.

Término de arrumar a mochila e me viro para ele, olho nos olhos de Enzo, que me encarava na mesma intensidade.

— Meu objetivo sempre será mantê-los a salvo, assim como esse é o objetivo de vocês comigo.

Saio do quarto com a mochila nas costas e Enzo me seguindo. Eu havia finalizado o assunto, mesmo sabendo que ele teria milhares de argumentos para tentar me convencer de dividir os meus problemas com eles.

Mas é tarde demais...

Eu sei que isso só irá acabar, quando eu finalmente conseguir colocar todas as cartas na mesa. E eu não vou arriscar a vida deles, para que meus problemas sejam resolvidos.

Eu mesma farei com que ele pague por tudo, ou eu não me chamo Cecília Walker.

CECÍLIA WALKEROnde histórias criam vida. Descubra agora