CECÍLIA WALKER

25°

Bloqueio minha máscara e sigo em direção a minha moto. Dou partida seguindo ao endereço enviado a mim que, por sinal, era bem distante da cidade e da minha base.

Algumas pessoas estavam cientes da minha saída, afinal, se eu demorar a voltar, já saberiam onde procurar.

Ghost não fará nada contra mim, mas é sempre bom estar preparada para tudo.

O asfalto está distante e agora, passo a seguir por um caminho de terra. O local escolhido por Ghost era um ponto estratégico, bom para fuga e difícil de criar emboscada.

Sinal que ouve um preparo para esse encontro, maior que o esperado. Ghost claramente sabe muito mais do que imaginávamos.

O caminho vai se estreitando, mostrando que eu já estava perto do ponto de encontro.  Mais a frente, consigo ver uma casinha simples de madeira, pequena e totalmente fechada.

Desço da moto e caminho em direção a casa. A porta está aberta e eu a empurro. Observo a pessoa com uma máscara no rosto. Diferente da minha, a máscara de Ghost possuía um designer futurista e com espelho grandes para os olhos.

Sua roupa possuía alguma semelhanças com a que usávamos em combate, porém, com mais bolsos e um recorte diferente.

— Fecha a porta, Unknown.— Sua voz saiu com autoridade. O modulador de sua voz era mais suave que o meu.

— Como queira, Ghost.— Fecho a porta, me aproximando da pessoa, que recua um pouco.

— Sinceramente, não sei como você consegue ficar tanto tempo com isso no rosto. É péssimo.— Fala enquanto tira a máscara.

Os cabelos curtos são os primeiros a aparecerem e logo depois o rosto é revelado.

— Quem é você?— Pergunto. A mulher de cabelos curtos e castanhos me encara com humor.

— Meu pai fez um ótimo trabalho escondendo o meu rosto para o mundo.— Ela ri. — É um prazer lhe conhecer, Cecília. — Retiro minha máscara e encaro melhor a mulher em frente.

— Olívia Savóia.— Ela sorri.

— Você está com cara de quem quer me matar, por isso vou adiantando. Meu pai não sabe que estou aqui e acredito que também não saiba que estamos trabalhando juntas. — Continuo encarando-a.— Possuo um trabalho independente da máfia dele, mas eu quis lhe ajudar, porque quem você está procurando, pode me ajudar a achar uma pessoa. — Revela.

— Estou toda a ouvidos, Olívia. Afinal, você está trabalhando pra mim, contra a vontade do seu pai.— Se Don não a deixa se envolver em assuntos da máfia é por algum motivo.

— Você leu a ficha que lhe entreguei sobre mim, sabe um pouco da minha história. Eu busco por meu irmão, que ficou com a mulher que me gerou. Quando eu vi que você estava ligada ao Dark Skulls, precisava me aproximando. Porém, acabou que eles fizeram isso por mim. Quando dei a ideia da aliança, foi algo totalmente fora do que eu queria, mas eu sabia que você iria precisar da ajuda dele para conseguir o que quer.— Olívia soube dar as cartas para esse jogo.

— E o que você sabe sobre eles?

— O líder deles vive em anonimato, entretanto, descobri que ele tem alguma ligação com a família Delaney.— Responde.

— A mesma família do homem ligado a minha mãe.— Ela confirma.

— A família Delaney não é mencionada a anos. Não existem mais registros sobre eles. Entretanto, com a descoberta desta ligação, eu preciso que você procure sobre eles. A última coisa que descobri foi que um deles teve uma ligação com a sua mãe, mas não posso saber de qual tipo. E isso, é com você, Cecília.— A Savóia mais nova me olha com esperança.

— O seu irmão é importante para você e eu sei como é isso. Você é uma Savóia e agora, faz parte da minha família também. Então, Olívia, vou lhe ajudar a achar seu irmão, assim como as informações sobre a família Delaney.

O sorriso da mulher está largo. Olívia tem um talento extraordinária que poderá ser muito útil para ambos os lados. Mesmo que ela não fosse uma Savóia, eu iria ajudá-la de qualquer maneira. Não vou deixá-la com um vazia em seu coração, por perder seu irmão.

— Obrigada, Cecília. Isso significa muito para mim.— Ela se aproxima de mim.— Agora precisamos ir, eles chegam em 6 minutos.— Alerta.

— Eles não descansam.— Suspiro. Coloco minha máscara e Olívia realiza a mesma ação.

— Eles não sabem quem é você, fique tranquila. Mas acreditam que você possui alguma relação com Cecília e pode ser uma forte arma para usar contra.

— Preciso descobrir o que eles querem comigo. Um deles possui um objetivo, agora o chefe, eu não faço a menor ideia do que quer comigo.

— É questão de tempo para algo grande acontecer, mas você sabe disso. Gosto que não tem medo de nada.— Olívia abre a porta e segue em direção a uma moto, que estava próxima a casa.

Sigo em direção a minha, alcançando a Savóia.

— Segue comigo e depois nos separamos. Foi um prazer lhe conhecer, Unknown.

— Penso o mesmo, Ghost.

— Quase ia esquecendo, fiz um mapeamento com a movimentação da família Delaney até o desaparecimento da linhagem, vou lhe enviar em alguns dias.— Confirmo.

Demos partida nas motos, seguindo por um caminho totalmente diferente do que eu vim, não havia nada atrás de nós. Seguimos até um ponto juntas e nos separamos em uma curva, cada uma, seguindo por um caminho diferente.

Saber que estou trabalhando com a família Savóia me deixa mais tranquila. Ghost revelou-se para mim, sem ao menos seu pai saber, sinal que sua confiança em minha é grande.

Além disso, possuímos um acordo agora, muito além do meu feito com seu pai. Era algo restritamente pessoal que se tornou um problema meu também. Confesso que gostei disto.

Tenho que planejar meus próximos movimentos, de maneira a atender todos os meus objetivos, mas partindo de algo que evitei por muito tempo.

Saber sobre a minha mãe...

Eu sei exatamente por onde começar, mas preciso fazer isso sozinha e sem ninguém saber.