Capítulo III - Surpresas

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- Não olhe! – alertou Tewdric.

- Não to olhando! – reclamou Kassyeh ainda assustada por não estar enxergando nada – Você amarrou essa venda bem até demais!

- Ótimo. – disse satisfeito - Não quero estragar a surpresa.

Kassyeh suspirou. Não entendia o porquêdaquele mistério todo. Mas desde a noite em que Luxuriah e Lyndonna brigaram na estalagem, o guerreiro andava meio estranho. Saia de manhã e só voltava à noite. Foram assim por alguns dias, até que naquela manhã ele chegara todo sorridente e a vendara dizendo que tinha algo para ela.

Um presente era muito bem vindo devido à situação em que se encontrava. Luxuriah estava insuportável. Tinham brigado por causa da atitude dela em relação à Lyndonna. Não aceitava que a irmã não tinha tentado matar a orquisa, pouco se importando com o fato dela ser da guilda ou não. A discussão fora tão feia que Luxuriah preferiu sair da estalagem e ir para outra.

- Você viu Luxuriah hoje? – perguntou a Tewdric quando pararam de andar.

- Vi. Continua chateada com você. E com o fato de Lyndonna ainda estar viva.

- Ela ta pagando a reforma lá em Gryshka né?

- É. Mas esqueça disso por enquanto. – e se pôs atrás dela – Quero que você veja algo.

E tirou a venda.

Era uma casa. Não uma opulenta casa como as de Luaprata, mas uma bela casa aos moldes de Orgrimmar. Ela era feita de pedra, com degraus de ferro e dois andares. Havia uma caixa de correio bem na entrada e também um pequeno estábulo, onde o lagarto dourado de Tewdric e a falcoztruz de Kassyeh já estavam. A elfa olhou para o orc, incapaz de pronunciar uma só palavra. Será aquilo realmente o que estava pensando?

- Isso... – começou ela, mas perdeu a voz.

- Sim. – disse ele satisfeito – É nossa casa.

Kassyeh soltou um grito de alegria e se pendurou no pescoço de Tewdric. Depois, lhe deu um beijo demorado antes de correr para dentro da casa.

Por dentro a casa ainda não estava decorada. Tinha no chão de madeira as esteiras tradicionais das casas de Orgrimmar, mas nada além disso. Sem esperar pelo guerreiro, Kassyeh subiu às pressas para explorar o outro andar. Como no térreo, não havia nenhuma decoração nos três quartos, mas apenas uma cama no maior deles. Ela sentiu o rosto corar quando percebeu a intenção daquilo.

- Gostou? – perguntou Tewdric chegando logo depois dela.

- Muito! – disse em êxtase – Mas porque você não me contou que estava comprando uma casa?

- Ora, queria fazer uma surpresa. E você precisava sorrir de novo. Essa briga com Luxuriah não lhe fez bem.

Aquele sentimento forte e quente já bem conhecido da elfa tomou seu peito mais uma vez. Desde que o conhecera, Kassyeh sabia que não havia como não amar Tewdric. Havia algo nele que a deixava desnorteada e encantada.

Fazia três anos. Três anos, mas ainda lembrava bem daquele dia. Como sempre, a primogênita da família estava fora, ganhando a vida para sustentar as irmãs. Ela, Ashrial e Karensky ficaram em casa com a ordem que nenhuma delas saísse de Luaprata enquanto Luxuriah não voltasse. Normalmente não era difícil cumprir essa regra, já que na cidade encontravam tudo que precisavam. Como a mais velha na ausência de Luxuriah, era Kassyeh que tinha a responsabilidade de manter a casa funcionando. Foi por isso que quando a caçula ficou doente, com febre alta, e a maga percebeu que não tinham nenhuma das ervas necessárias para fazer o remédio em casa e nem no mercado, entrou em pânico. Preocupada, decidira que o bem estar de Karen era mais importante que as regras de Luxuriah. E também, não seria nada demais sair da cidade em busca de um pouco de raiz-telúrica.

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