Se existisse alguma criatura que simbolizasse a essência do que o povo élfico era, com certeza ali estava. Mas não era apenas uma. Eram duas pequenas e belas criaturas que corriam com leveza pela floresta do Canto Eterno como pequenas gazelas ágeis e vivazes, com os vestidos rodopiando ao redor do corpo, os cabelos negros ao sabor do vento e risos cristalinos e melodiosos como uma harpa recém-afinada.
A menor trazia uma boneca nos braços e vinha um pouco atrás. A maior carregava uma pequena cesta de vime e tinha um arco vermelho, próprio para seu tamanho, nas costas junto com uma pequena aljava de flechas.
- Vamos Kass! - chamou a mais velha pulando uma pedra com agilidade - Estamos quase lá.
- Estou indo! - gritou a mais jovem pulando a pedra também, mas tropeçando um pouco antes de se firmar novamente - Calma Lux!
Elas eram perfeitas, pensou Anasterian observando agora as meninas subindo um pequeno morro. Saudáveis, alegres, espertas, inteligentes, amorosas. Tinham porte e altivez, mesmo na corrida desenfreada que empreendiam. Seu coração se encheu de orgulho e ao mesmo tempo de tristeza ao perceber que ambas eram a personificação do que ele acreditavaser o modelo exemplar de princesas para o seu povo.
- Aqui Kass! - falou Luxuriah parando e colocando a cesta embaixo de uma árvore - Aqui tá bom!
- Tem certeza? - perguntou a menor franzindo a sobrancelha - Papai falou que não devíamos cruzar as colinas sozinhas...
- Tudo bem, eu to armada! - disse a mais velha tirando o arco das costas - Se alguém vier, leva flechada!
O rei riu consigo mesmo. Luxuriah ainda estava aprendendo a atirar, mas já se sentia uma perfeita arqueira. Observara os primeiros ensinamentos que a menina recebera do pai e a alegria em ganhar seu primeiro arco. A primogênita de Dhomm herdara sua aptidão e sua audácia.
Kassyeh, porém, acreditara piamente nas palavras da irmã e parecia mais tranquila. Aproximou-se da cesta de vime, colocou a boneca carinhosamente ao lado da árvore, abriu a cesta, tirou uma toalha vermelha de lá e a estendeu no chão.
- Certo, vamos fazer o piquenique aqui.
- Ah, quero caçar antes! - disse Luxuriah puxando a corda de seu arco - Venha Kass, vamos caçar primeiro!
Seria uma coisa divertida de se ver, as duas meninas caçando. Anasterian sabia que Kassyeh não era muito chegada em armas e seu pai ainda tentava ensiná-la alguma coisa, mas a menina preferia os livros e já lia com uma desenvoltura invejável para uma criança de sua idade. Mesmo assim, pegou a boneca e acompanhou a irmã com animação. Era muito bonita a forma como elas eram unidas.
As meninas caminharam um pouco e o rei acompanhou-as a distância. Sua magia o deixava imperceptível aos olhos delas, então podia observá-las sem medo de ser descoberto. Viu quando Luxuriah avistou um coelho, parou, ergueu a mão para a irmã parar também e se agachou estrategicamente atrás de uma moita. Kassyeh imitou-a.
- Ali. - sussurrou a menina colocando a flecha no arco - Um coelho. Vamos levá-lo para a mamãe fazer ensopado. - e mirou.
- O que você vai fazer? - perguntou a caçula com os olhos arregalados olhando para o arco e para o coelho.
- Vou caçá-lo lógico. - respondeu puxando a flecha.
Antes que Luxuriah pudesse atirar a flecha, Kassyeh a empurrou. A flecha saiu torta, passou longe do coelho e se fincou numa árvore. O coelho, assustado, saiu saltitando para longe das meninas. Luxuriah olhou para irmã, muito irritada.
- Por que você fez isso?! - questionou enraivecida.
- Você ia matar o coelhinho! - respondeu a outra chorosa.
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Herdeiros da Guerra
FanficUma história baseada no mundo de World of Warcraft. A história fala sobre quatro irmãs sin'dorei, que perderam seus pais em um conflito com a Aliança e agora procuram sobreviver no mundo de Azeroth. Mesmo com seus traumas e medos, elas conhecem o am...