Maktub - O escrito pelo destino jamais será apagado ...

Capítulo 123

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William

A notícia me caiu como se uma bigorna me atingisse em alta velocidade e me afundasse .
Fui até o fundo e voltei a emergir sem ar .
- O que disse ? - Indaguei desafroxando a gravata um momento e vi nos olhos de Ricardo que não havia se equivocado no que disse .
Lágrimas me engolfaram e o medo de dar errado outra vez num dia que deveria ser tão especial fez minhas pernas bambearem.
- Eu perdi outra das minhas meninas e não há nada que eu possa fazer - Me disse com uma lágrima solitária que de repente também se tornou um choro copioso, guardei o meu e consolei temendo que em sua idade tamanha emoção fosse demais .
- Eu ... a ... deixei ... Só .... um .... Segundo .... no .... carro e ....a levaram - Falou entre soluços enquanto eu permanecia paralisado absorvendo as palavras sem saber como seguir .
- Reaja . Cada minuto conta e Malu precisa de você . Veja isso - Disse Nacho surgindo de dentro da igreja .
Era o celular de Maite e nele aparecia uma notificação de mensagem .
A abri .
" Venha até Malu se a quiser viva . O faça sozinha e sem terceiros ou ... "
A mensagem seguinte era uma foto de um punhal reluzindo atrás de um campo verdejante , eu o conhecia bem ...
Foi onde eu tive um dos melhores momentos com Maite , e poderia estar prestes a viver o pior agora sozinho .
- Ouça bem - Disse a um Ricardo soluçando , eu chorava igualmente .
- Há algo que eu possa fazer mas tem que ser sozinho . Se eu não voltar ... - Começei sentindo os ossos torcerem e o coração pesar uma tonelada .
- Eu cuido dela . Com a minha vida nunca mais deixarei que esteja longe de mim . Mas não por isso deixe de fazer de tudo para voltar . Com minha neta - Recebi sua bênção e com um último olhar a igreja desci pelos degraus tomando a limosine .
Nunca tinha dirigido uma mas era um dia para primeiras e principalmente segundas vezes já que novamente eu olhava meu sonho de casar passar pelas minhas mãos , ao menos hoje .
- Nacho - Gritei com a mão na marcha e logo ele apareceu na porta do veículo com a cabeça grisalha na janela .
- Diz para ela que eu a amo como nunca amei ninguém e que até quando eu respiro é por ela . Tudo é por ela - Ele assentiu e arranquei com o carro tão despedaçado e relembrando o quão felizes fomos movido por medo e também pela responsabilidade .
Eu sou seu príncipe , quem ela sempre contou e não por me sentir com medo posso falhar .
Porque eu tenho em mim um sentimento ruim e não sei se é porque não me sinto capaz de voltar , pode ser pouco provável mas além do que vejo eu sinto uma inexplicável dor no meu peito .
- Que não seja Malu . Que não Malu - Eu peço pegando a estrada lembrando nossos doces momentos .
Quando ainda estava no ventre e me desesperei ao atropelar sua mãe , céus... eu nem sabia como poderia amar tanto .
Quando escutei seu choro e desde o momento me senti tão pai , quando a peguei nos braços pela primeira vez e a senti tão necessitada desse sentimento , quando a banhava e ela ria sem ao menos ter dentes .
Eu não sabia ali mas eu não estava seu pai , eu seria seu pai e Malu e sua mãe seriam tudo o que tenho .
A amo como minha e por sua mãe ser meu infinito eu não posso errar agora .
Não possuo armas , não sei nem o que vou fazer mas sei que eu tenho que trazer minha filha de volta ...

***

Chego a fazenda e lembro - me de por onde gostava de estar : As mangueiras , os lugares mais verdes .
E quase que por um deslize na falta de atenção caio em uma borda perigosa , um desnível enorme que certamente mataria alguém se chegasse a cair .
Ando um pouco por entre as árvores até que perto da luz , luz que aos poucos já caia indicando o alge das três avisto Malu presa num mata leão pelos braços do louco do seu pai biológico .
Dou um passo mas antes que possa avançar muito mais ele também me vê .
O ódio em seus olhos pode ser igualmente percebido nos meus , acho .
Eu deveria ser melhor , sei que deveria mas é inevitável não odiá - lo como eu amo as mulheres que por força do destino foram um dia dele e hoje são minhas para amar e cuidar .
Também salvar .
Começo a pedir muito baixo que o punhal contra o pescoço da minha menina seja só uma ameaça e que não vá em frente .
Peço para que o ser humano que por mim sei que não foi piedoso tenha piedade de alguém que veio dele e começo a avançar .
Ele grita , a menina chora e a olho só um instante .
É o tempo dele larga - la e vir até mim com a arma branca .
Eu o ataco e ele faz igual tornando a gritar que não deveria ser eu e que ele deveria estar com quem ama .
No nosso embate ganho vantagem afastando de nós o punhal e Malu o joga mais longe ainda .
Eu tinha o suficiente para vence - lo agora mas aquela dor no meu âmago me atravessa com velocidade e dessa vez eu perco as forças .
- Wiamm - Se desespera a menina olhando de mim ao seu pai enquanto nós dois vamos rolando e rolando em um embate frenético de acordo com as forças que me restam até eu me ver prestes a cair , segurado apenas ....