Capítulo 15

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William

Durante a noite ela caiu sobre meus braços e se aferrou a mim de uma maneira que não pude recusar .
Principalmente porque a luz da noite que adivinha da janela caia exatamente sobre seu rosto claramente adormecido .
Eu queria resistir mas não foi o que meu coração empoeirado disse para eu fazer .
Eu queria tanto sentir seus cabelos macios contra minha mão que não pude me conter ao senti - los se arrastando por meu abdômen quando ela subia por meu corpo até estar com  a cabeça no meu ombro .
Então eu toquei mesmo me repreendendo e era tão bom .
Os fios iam deslizando pelos dedos a cada passada e eu não podia evitar sorrir imaginando como seria te - los aqui enquanto a beijava suave .
Beijava não .
Pelos céus , eu tinha que dormir porque a essas horas eu já pensava besteiras demais .
Porém como fazê - lo com ela assim tão perto ?
O calor feminino é uma coisa que desconheço a mais de um ano e principalmente o de uma nova mulher .
Ao longo desses tempos eu considerei me envolver mas sempre vi tão estranho que não fui capaz de ir adiante mas Bela se sentia tão normal ali que eu tinha que me lembrar segundo a segundo que ela era minha amiga e além de tudo uma menininha comparada a mim que já sou um velho trintão.
Retirei os dedos dos seus cabelos tentando desesperadamente não fazer aquilo novamente foi quando sua mãos se mexeu sobre meu peito e começou a descer .
- Não não - Eu pedi interrompendo sua desbravação antes que chegasse mais abaixo e fosse irreversível me controlar até porque eu não era um abusador apesar de toca - la sem consentindo .
E aquela pele ?
Só me permiti toca - la uma vezinha e aí fui dormir ou tentar enroscando meus braços envolta do seu corpo respirando com ela até pela manhã quando acordei sentindo uma sensação louca de ter sido beijado mas ao olhar para ela ainda dormindo eu tive certeza que estava vendo coisas , ou melhor , sentindo .
- Bom dia Bela - Falei a movendo devagar até ela abrir os olhos .
- Bom dia - Sorriu para mim suavemente nos primeiros raios da manhã .
Um homem poderia se acostumar com isso , mesmo que esse não fosse eu .
- Eu acho que cai em cima de você me desculpe - Falou levantando abruptamente desvencilhando - se dos meus braços que caíram automaticamente sem seu corpo entre eles .
- Não tem problema - Eu expliquei me levantando do colchão .
- Apenas arrume - se pois hoje se não se lembra hoje chegamos mais cedo para visitar a filial do hospital aquela que eu inaugurei a ala para crianças em tratamento de câncer - Relembrei .
- Sim certo de - me uns minutos e já o encontro no hospital - Como ?
- Está me dispensando depois de nossa  tórrida noite ? - Caçoei e ela bateu no meu peito nu .
Eu não costumava dormir de camisa ou qualquer coisa mas tive que manter algum decoro ao menos .
- Tórrida é ? - Brincou de volta .
- É porque se bem me lembro você ficou se agarrando em mim e tudo - Seu rosto começou a avermelhar de vergonha .
- Me desculpe - Eu disse .
Passei do ponto .
- Tudo bem . Mas o que ia sugerir ? - Indagou mudando de assunto .
- Eu espero você se aprontar , deixamos Malu na creche , vamos na minha casa para que eu me arrume e seguimos para a filial , o que acha ? - Ela assentiu e seguimos os passos combinados até o hospital que por certo parecia ser só mais um mas não foi ...

Maite

Chegamos ao hospital sem muito alarde e fomos direto a ala acompanhados de uma enfermeira pois esta era o motivo oficial da nossa visita .
Ver como estava sendo mantida e se tudo transcorria dentro do normal .
E para minha surpresa , na verdade não .
A alegria que irradiava dos rostinhos dos pequenos pacientes era surpreendente porque alguns deles eram desenganados até pela própria medicina e permaneciam fiéis e sorridentes , tanto que era impossível não se contagiar , o que era para ser uma visita de manutenção terminou numa festa de brincadeiras entre eu , as crianças e William .
- Tia Bela , Tio William porque vocês não nos contam uma história ? - Sugeriu uma menininha fofa enquanto parávamos ofegantes depois de uma partida de pega pega .
- De qual tipo vocês gostam ? - Perguntei e todas acabaram falando uma por cima da outra .
- Que tal de princesa ? - Perguntou William e uma parte reclamou .
- Eu acho que voto nessa - Disse a enfermeira que pouco se interessava pelas brincadeiras nos dando enfim algum respaldo.
Para fins democráticos mediante a uma votação definimos ser isso mesmo mas a história tinha que ser Bela e a fera porque ao menos assim os meninos pareciam dar - se por satisfeitos .
- Era uma vez um jovem príncipe que vivia no seu lindo castelo... - Comecei e eu e William íamos interpretando os personagens conforme líamos juntos .
Eu a princesa e ele a fera apesar de tão lindo ser .
Nos revessavamos na narração também tanto que ao final do conto que eu comecei ele terminou .
- ... Comovida, a Bela beijou a Fera e nesse momento o monstro transformou-se num belo príncipe. Enfim, o encanto havia se desfeito. A Fera encontrou alguém que o amava de verdade, além da sua aparência grotesca.
Afinal, a verdadeira beleza está no coração... - Concluiu mas dessa vez todas as crianças pareciam insatisfeitas .
- Porque essas carinhas ? - Indaguei para eles .
- Vocês interpretaram todas as partes mas faltou o beijo - Falou um menino da frente e os outros endossaram sua última palavra .
- Beijo ! Beijo ! - Gritavam .
- Não podemos fazer isso - Disse William passando as mãos pelos cabelos .
- E porque não ? Eu sou enfermeira hoje mas já trabalhei a um ano atrás na recepção da filial e lembro bem do dia que o Doutor Montenegro chegou com a sua senhora Bela Montenegro para ter o filhinho de vocês - Proferiu com frases que não faziam o menor sentido mas começaram a fazer assim que olhei para William que confirmou no olhar .
- Ou isso ou não iam te atender - Explicou baixinho mas a exigência de uma carequinha lá do fundo foi bem alta .
- Se são marido e mulher tem que beijar . Beija ! Beija - Puxei seu rosto e beijei a bochecha dele bem estalado .
- Assim tá bom ? - Perguntei mas em resposta ouvi um sonoro não .
- Então que tal assim ? - Ele forjou um beijo sem tocar nossas bocas verdadeiramente.
- Somos crianças mas não somos bobas . Queremos que encostem as bocas - Pediram e nos olhamos no momento exato pedindo confirmação até voluntariamente as bocas irem chegando bem próximo .
- Eu posso ? - Indagou olhando meus lábios antes que aos meus olhos .
- O que você acha ? - Indaguei e ele tocou nossas bocas rapidamente me lembrando do selinho doce da manhã .
- Assim não ! Queremos beijo com língua - Gritou um mais velho e todos iam fazendo coro logo depois nos fazendo ter certeza que ou era isso ou as crianças sairiam decepcionadas .
- Eu só... - Disse baixo só para nos dois ouvirmos colocando meu cabelo atrás da orelha olhando no meu olho .
- Tudo bem - Eu completei chegando ao seu rosto para tocar a barba por fazer que me provocava tão áspera sob meu toque .
- Não é porque é a segunda mulher que vou beijar na vida que tem que ser diferente , ouviu ? - Falou chegando mais perto ainda .
- Não precisa mudar - Eu respondi .
- Não vai - E me beijou ....

Maktub - O escrito pelo destino jamais será apagado ...Onde histórias criam vida. Descubra agora