Capítulo 128

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William

O olhei fixamente .
Não só ao medico mas toda a sala que me olhava exatamente da mesma forma .
Eles não acreditavam que eu pudesse porque tive uma crise de consciência alterada da última vez , ainda que fosse provado que não fiz nenhuma besteira .
Mesmo com isso ninguém me impediu .
- Eu vou salvar vocês ... Eu prometo - Inclinei a cabeça na sua direção de Bela e beijei a testa suave fazendo aquela promessa de não deixar ela ir se tinha minha mão para segurar .
- Algodão - Pedi de início e depois de devidamente úmido me foi entregado logo depois que eu rasgasse o vestido que nem fora substituído por uma bata .
Mas eu não me importei .
Poucas seriam as coisas que eu me importaria além de salva - la para mim .
Uma lágrima solitária ficou no canto do meu lado e respirei fundo limpando sua ferida .
- Eu te amo - Eu disse olhando as pálpebras cerradas .
Elas vão abrir , abrir - se para mim como seu sorriso com covinhas.
Tem que abrir .
- Bisturi - Solicitei e logo estava em minhas mãos que eu tentava fazer não tremer .
- Doutor você ... - Começou o que só me observava segurando - me pelo meu ombro .
- Só eu posso fazer isso por mim - Respirei fundo e segurei o bisturi contra o coração uns segundos respirando com dificuldade .
Tomando lufadas o suficiente para permanecer lúcido o pressionei com força sentindo uma outra força estranha sobre minha mão e de repente ela não tremia mais e eu não pensava de ter a vida da mulher da minha vida nas mãos .
Não era mais responsabilidade , era só amor e puro amor .
Introduzi - o na ferida e vi seu sangue escorrendo um pouco pela invasão sem deixar de conferir também os sinais vitais , além da respiração .
Ainda aqui . Ainda comigo .
Segui checando o sangue .
Ainda bem que todos os funcionários possuíam um cadastro prévio com informações básicas como tipagem sanguínea o que possivelmente acelerou seu processo de entrada .
Com o bisturi em mão ainda persegui a bala que ficara alojada próximo ao coração .
Não teve como não deixar um calafrio passar pela espinha .
Um centímetro acima e não teria qualquer chance .
- Eu tenho sorte , sei que tenho - Falei com toda a ternura do meu peito . Tanta sorte eu tinha que logo estaria sana .
Levantei nas mãos o pequeno metal que quase acabou com tudo e o encarei como se fosse o próprio mundo que nos fez passar por tantas provações .
- Ninguém poderá nos separar . Nem mesmo o que há em vida ou o que há depois dela - Prometi .
Assim que ela reabrisse os olhos independente do que ocorresse estaríamos mais juntos que nunca ...

***

Após o sucesso do procedimento decidi que o melhor era que ela somente permanecesse quieta .
A essa altura na verdade não pensei no que poderia ter acontecido com o bebê , mas eu juntava as mãos e pedia para que por um milagre que mesmo tão pequeno tenha resistido .
Quando seu quadro deu mesmo que minima estabilidade ainda que não tenha aberto os olhos eu sabia que era necessário deixar que um obstetra a checasse.
Sentado ao lado de fora eu ainda não falava com ninguém como acontecia a um dia já .
Minha vida voltava a estar entre essas paredes e as vezes checava minha filha , depois de tudo tenho mais que direito de chama - la minha também , e comia mas na grande maioria do tempo era um meio homem próximo a camada , a velando com calma e amor sem poder dormir sem sua respiração contra meu peito .
Mas ainda que não o fizesse pelas manhãs não faltava o bom dia e um beijo casto na testa .
A não ser hoje que tão logo raiou a manhã ela saiu para o exame , ainda desacordada , não sabíamos ao certo quando reagiria e já faziam dois dias .
Foi quando de cabeça baixa a vi passando de volta por mim não numa maca mas numa cadeira assim que levantei os olhos .
Ao longe eu fiquei estático vendo seu sorriso ainda lento .
- Bom dia meu amor ...

Maite

Depois do meu último lapso de consciência não lembro de mais nada .
O último foi que ele me salvaria e ao abrir os olhos numa sala branca foi tudo o que eu pensei .
Nele e só nele .
- William - Falei entre a máscara abrindo os olhos com dificuldade .
De volta .
O pouco que abri das pálpebras foi o suficiente principalmente quando olhei para a tela ao lado .
Uma máquina de ultrassonografia.
A doutora ao lado da minha cama parecia atônita mas ainda em susto percebeu que eu estava consciente .
- Acontece que nós médicos vemos a morte de perto todos os dias e as vezes paramos de acreditar na vida - Eu via um borrão na máquina e ainda confusa toquei na barriga assustada .
Com as duas mãos e de repente a emoção de estar viva não era mais suficiente se ela disesse qualquer coisa mas ela desatou minhas mãos e colocou as suas sobre as minhas na maquina que passava na minha barriga .
- Você perdeu muito sangue e teve uma parada cardíaca . Seu coração parou por quase um minuto e tudo isso era o suficiente para que o feto não resistisse . Era improvável - Baixei a cabeça .
Eu tinha acabado de acordar será que ela ao menos não me daria um minuto de paz ?
Mas levanto a cabeça .
Eu sempre encarei de frente o que tivesse que encarar debilitada ou não .
Com o coração sangrando ou não , figurativamente ou não...
Então eu respiro fundo preparada para o que quer que tivesse que escutar mas emocionada a obstetra mais chora que fala ,
- O que houve doutora ? O que houve com meu bebê ? - O bebê que mesmo sem nascer já era amado o que realizaria e coroaria nosso amor da maneira mais perfeita .
A personificação dos nossos traços e que juntos estaríamos para sempre en nossa descendência .
O bebê que me chamaria a mãe e ele de pai desde sempre .
Desde nascido .
O que para nós demorou una eternidade mas poderia ser de pronto ...
Esperei a resposta e quando a boca se moveu o gosto da constatação em poucos segundos se apossou do meu corpo e parou em meus olhos se transformando em lágrimas ainda mais fortes ...

Maktub - O escrito pelo destino jamais será apagado ...Onde histórias criam vida. Descubra agora