7 - A determinação de um filho

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— Pai! Pai, acorda! — Uma voz contente o chamava.

Ao abrir os olhos, Enrique encontrou os olhos azuis do filho, que pareciam mais claros do que o normal, demonstrando que o mesmo estava com um ótimo humor logo pela manhã. Após bocejar preguiçosamente por algum tempo, e notar que Angel não estava ao seu lado, ele passou a mão pelo cabelo louro do filho, e sorriu.

— Feliz aniversário, Nicolas.

O garoto sorriu.

— Você disse que me levaria para jogar boliche, hoje.

— Sim... só espere que tomar meu café... — Enrique se levantou. — Sua mãe está em casa?

Nicolas caminhou até o guarda-roupa dos pais e procurou pelo boné escuro que tanto gostava, então o colocou.

— Sim, ela disse que quer você fora de casa.

Enrique o encarou.

— O quê?

— Calma, querido. — Angel apareceu, de repente, na porta. — Preciso preparar as coisas, Susana logo chegará para me ajudar, então... podem sair, vocês dois.

O nefilim respirou fundo, e observou o filho com o boné.

— Já que gosta tanto dele, pode ficar.

Nicolas o fitou, surpreso, embora realmente feliz. Após o café da manhã, o garoto saiu apressadamente para fora de casa, então observou o restante de sua família pela janela, notou que seu pai brincava com sua irmãzinha, Rafaela, ainda que a mesma fosse muito pequena, e mal soubesse falar. Angel os observava com um sorriso doce, mas o apressava, de qualquer forma. Já no caminho, em direção ao boliche, Enrique caminhava analisando o menino, que estava mais alto do que a maioria das outras crianças de sua sala, na escola.

— Dez anos, Nicolas, e você já está desse tamanho?

Nicolas não pôde deixar de sorrir, orgulhava-se de sua altura, especialmente por saber que era mais alto do que seu primo, Eros, embora o mesmo fosse mais velho que ele. Os dois caminhavam lado a lado, conversando alegremente sobre qualquer assunto, era fácil para Nicolas interagir com o pai, já que o via como uma espécie de inspiração, de modo que o seguia o gostava de fazer as mesmas coisas.

— A tia Juliana formou o colégio há uns dois anos, não é? Mamãe disse que quando eu sair da escola dos humanos, poderei entrar na Angelus... isso não é legal? — Nicolas observou a expressão séria do pai.

— Sim, mas... não precisa entrar lá, se não quiser.

— Hum?

Enrique respirou fundo.

— A Angelus foi criada para pessoas como nós, nefilins, formarem-se com grandes habilidades, a fim de serem uma ajuda para o mundo humano. — Ele buscou pelos olhos do filho. — Mas como eu, você não precisa se aprimorar nisso, se não quiser... O que estou querendo dizer é que, apesar de eu ser um nefilim, não sou forte ou habilidoso como Jack, por exemplo. Eu escolhi viver da maneira mais normal possível, apesar de sua mãe ser uma anjo extremamente forte.

Nicolas baixou o olhar, pensativo.

— Entendo.

Ao olhar para o ambiente ao redor, Nicolas finalmente se deu conta do clima frio, como esperado do fim de julho. Já não moravam em uma cidade populosa, mas o frio certamente havia feito as pessoas decidirem permanecer em casa naquele domingo. Algum tempo depois, finalmente avistaram o grande prédio de boliche, cuja cor vermelha das paredes, somado à marquise colorida, chamava muito a atenção de quem passava por perto. Quando estavam prestes a entrar, ouviram um grito vir da pequena rua que havia ali ao lado. Enrique toca o ombro do filho com cuidado.

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