22 - O primeiro beijo

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Logo pela manhã, as duplas encarregadas de suas primeiras missões se encontraram no portão de entrada da Angelus, já preparadas. Roberta e Nicolas foram os penúltimos a saírem, visto que a nefilim decidira checar suas mochilas mais do que o necessário, apenas por precaução. A última dupla a partir foi a de Laura e Eros, já que o garoto se atrasara – como de costume. No entanto, isso deu a ela um pouco de tempo para se despedir do namorado, que ainda não estava apto a realizar missões devido à sua parceira.

— Isso pode demorar bastante... — Comentou Miguel, com as mãos ao redor de sua cintura. — Sentirei sua falta.

Laura observou os olhos castanhos do menino através das lentes dos óculos, estes nunca lhe pareceram tão cabisbaixos quanto nesse momento.

— Não faça era cara, ou eu desistirei de ir.

— Mesmo?

— Claro que não... — Afirmou, beijando-o prolongadamente em seguida.

— Desculpem o atraso! — Ouviram Eros exclamar, ofegante.

Heloíse o repreendeu com o olhar, ao passo que Juliana sorria, feliz por seu afilhado estar prestes a realizar sua primeira missão.

— Desejo boa sorte a vocês dois. — Ela se pronunciou, caminhando até ambos. — E tomem cuidado.

— Pode deixar, madrinha. — Assegurou-lhe o menino.

Despediram-se rapidamente, e as diretoras retornaram para o campus, seguidas por Miguel.

No mesmo instante, Roberta dirigia em direção ao local onde realizariam seus deveres. Nicolas não podia negar estar um pouco desconfortável, uma vez que a garota exibia uma aura de superioridade enquanto falava sobre a missão, e tudo o que Max havia lhe passado no dia anterior.

— Você entende que Max me nomeou como capitã, certo? — Indagou, ainda que não o olhasse, podia imaginá-lo com uma expressão de indiferença.

— Sim.

— E o que você deve fazer a respeito disso?

— Devo obedecer às suas ordens.

Mentalmente, Roberta ria diabolicamente ao ouvi-lo ser obrigado a declarar tal obediência, afinal, sendo mais de um ano mais velha, já que ele sequer completara dezoito anos, nada mais justo ser a chefe da missão. Observando-o de esguelha, notou que o garoto cobrira metade do rosto com o boné, assim como se deitara desleixadamente no banco do carona, olhando-o desse modo, Nicolas lhe pareceu mais adolescente do que nunca, e incapaz de se segurar, começou a importuná-lo:

— Como você ainda é um adolescente, devo informar aos donos da pousada onde ficaremos que você é o meu irmãozinho mais novo?

Ela não podia saber que, internamente, Nicolas sorria com a provocação, mas foi capaz de ouvi-lo revidar.

— Pedindo a opinião de um mero subordinado? — Nicolas indagou com sua voz mais cínica. — Que capitã mais incompetente a minha.

É verdade que ela não esperava por tal resposta, mas decidiu não revidar, afinal, ela era adulta ali e deveria agir como tal. Um longo tempo de silêncio se estendeu, Nicolas não desejava conversar com a garota, ela, tampouco. Enquanto dirigia, apenas se deu ao luxo de observar minimamente a paisagem dos locais onde passaram, enquanto ele apenas tirara um cochilo. Quando enfim chegaram à cidade de onde provinham as informações da tal rebelião de nefilins, Roberta decide perguntar a um morador onde ficava a pousada mais próxima, e logo partiram para lá. Enquanto ela fazia suas reservas, Nicolas observava a movimentação da cidade, notando que era quase tão pacata quanto a que ele próprio havia crescido, e logo concluiu que não seria difícil obter informações ali. Após sua parceira lhe informar que ficariam no mesmo quarto, para que poupassem os gastos da missão, foram guardar seus pertences e talvez descansar antes de iniciarem seu trabalho, uma vez que a viagem havia sido um pouco exaustiva. Quando entrou no dormitório, a primeira coisa que Roberta notou foram as camas, que embora fossem duas de solteiro, estavam próximas demais para o seu gosto, porém, percebendo que ela era a única a se importar com isso, achou melhor ignorar, então parou para pensar em algo.

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