17 - Ardente

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Algumas horas antes do passeio de Eva pelo lago...


Enquanto vários nefilins caminhavam em direção ao local no qual Davi escolhera para fazer a fogueira, a fim de realizar uma comemoração noturna para Eros e Diana, Roberta decidiu passar pela sala de aula antes, a fim de pegar um livro que gostaria de ler, e que havia deixado em sua carteira, juntamente a alguns outros materiais. Ao entrar na sala, ela se surpreende ao se deparar com um rapaz adormecido sobre uma carteira mesa à sua -afinal, era domingo-, as madeixas claras cobriam-lhe parte dos olhos, e seu braço certamente estava dormente devido a tê-lo deixado como apoio para o rosto. Involuntariamente, ela o relacionou a um anjo, cujos belos traços eram suaves e incrivelmente atraentes, pensou que Nicolas era mais amigável enquanto dormia, por essa razão, decidiu não acordá-lo, mas no momento em que abaixou para apanhar o livro que esquecera dias antes depois da aula, seu celular traiçoeiro caiu de seu bolso, provocando um estalo no chão. Ela fechou os olhos, indignada, antes de ouvir um pequeno resmungo da outra pessoa presente na sala.

— Desculpe, eu não queria acordá-lo. — Disse, vendo-o levantar o rosto e esfregar um dos olhos com as costas da mão.

— Não se preocupe. — Ele disse, apenas, então começou a juntar o próprio material.

Ele estava mesmo estudando? Pensou ela, intrigada. Então se lembrou dos seus amigos ao redor da pequena fogueira que fizeram, provavelmente ao som de música e histórias divertidas.

— Sabe... — começou, com certo receio de levar um balde água fria, mas incapaz de ficar calada. — Tá todo mundo se divertindo perto do lago... por que você não vem?

Ao vê-lo continuar a arrumar suas coisas, indiferente, Roberta acreditou que ficaria sem uma resposta, até vê-lo balançar a cabeça negativamente.

— Não estou aqui para me divertir... meu foco é o treinamento.

Ela deu de ombros, e virou-se para sair, mas suas pernas travaram na divisa da porta, entre o corredor e a ampla sala, e antes que pudesse pensar duas vezes, olhou-o pelo ombro, mas ele mantinha um olhar fixo num ponto qualquer de sua mesa.

— Bem, não que eu me importe, mas... por acaso você é um robô? Por que precisa fazer apenas uma coisa? — Nesse momento, ela o viu erguer os olhos, sugerindo que seu comentário o havia deixado um pouco surpreso. — Entendo que queira se esforçar, mas o fato de ser um nefilim não significa que tenha de abandonar passagens importantes da vida... posso estar parecendo uma chata, mas se divertir um pouco com os amigos não o deixará mais fraco, certo?

Nicolas abriu levemente os lábios por um momento, mas os fechou logo em seguida. Em sua mente, pairava a pergunta "Quem essa garota pensa que é para me dar um sermão?", no entanto, não pôde deixar de sorrir de lado, devido a tamanho atrevimento. Então, o garoto se levantou e caminhou calmamente em direção à saída da classe, onde ela ainda esperava uma resposta, ao passar pelo seu lado, seus ombros se tocaram de leve. De repente, ele parou há alguns centímetros à frente da nefilim, e lhe respondeu, mesmo que sem olhá-la:

— Talvez eu vá.

E logo tornou a se distanciar, completamente apático. Roberta respirou fundo, certa de que havia derrubado uma pequeníssima parte do muro que havia ao redor dele, não que ele fosse importante, mas era de seu feitio ajudar e aconselhar os outros, e ainda que o garoto possuísse uma personalidade arrogante e difícil, não o trataria por menos do que o restante de seus colegas.

Já na pequena festa, os demais nefilins rodeavam a fogueira feita por Davi e Eros, que conversavam entre si. Diana, embora animada com a noite, não podia deixar de se sentir deslocada, uma vez que Laura e Miguel pareciam imersos em um mundo só deles, enquanto riam e brincavam um com o outro. Ela observou Karol, a moça que tocava na banda amadora de seu irmão, era verdade que tinham certa afinidade, mas não se atreveu a falar com a mesma, já que ela estava com sua namorada -uma nefilim morena, e muito bonita, diga-se de passagem. Minutos depois, Karol apanhou o violão que trouxera, animando ainda mais o ambiente quando começou a tocar com maestria.

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