32 - Acusações em família

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Quando Diana finalmente saiu do quarto de Kan, andou calmamente pelo corredor, pensando em qual desculpa daria para sua tia por não ter participado da tão aguardada reunião. Quando estava prestes a entrar no salão, tem sua mão segurada por alguém, que imediatamente surge à sua frente.

— Onde você estava? — Indagou Roberta, preocupada.

— Eu, é...

— Diana, você sabia que essa reunião era extremamente importante, certo? Você ao menos pensou que uma das pautas mais comentadas seria o fato do Eros, teoricamente, estar envolvido nos dois casos de homicídio, e mais, da fuga dele?!

Diana engoliu em seco.

— Eu... não tinha pensado nisso.

Roberta baixou o olhar.

— Desculpe falar assim, mas... estou chocada com tudo o que ouvi aí dentro...

— Como assim? O que eles disseram?

Ambas decidiram conversar num local mais reservado, de modo que imediatamente foram para o quarto de Diana, que até então, abrigava apenas a ela. Pacientemente, Roberta lhe contou sobre como todos os seus tutores, bem como a maioria dos pais ali presentes, tinha conhecimento sobre um determinado grupo de assassinos que já havia causado muitos transtornos alguns anos atrás, contou que o líder era chamado de "O Corvo", visto que ele sempre surgia com uma máscara negra de material aparentemente espesso, em formato de um longo bico do pássaro, ninguém nunca vira seu rosto. Quando o mesmo apareceu pela primeira vez, causou muitos problemas aos anjos, não se sabia o que queriam, pois ora atacavam uma pequena cidade inteira, ora sequestravam pessoas, que jamais voltavam. Jamais descobriram suas intenções, já que o grupo estava sempre em um local diferente, realizando assuntos divergentes em cada um. Ninguém acreditava que se tratavam de simples nefilins, visto que nunca foram pegos. Havia poder entre eles, algo além da capacidade de simples descendentes, talvez se tratassem dos chamados sangue puro, ou talvez fossem demônios rebeldes que almejavam a desordem.

— Mas para alguém que faz tudo tão bem feito, sem deixar rastros... eu não acho que se trate de demônios idiotas entediados. — Roberta comentou. — Quer dizer, eles aparecem em alguns lugares, causam problemas irreparáveis, como é o caso dos sequestros, então desaparecem por alguns anos, para então surgirem em um novo lugar.

— O que ele quer aqui?

— Pois é... eu não entendo qual a intenção dele ao culpar Eros por esses assassinatos.

Diana respirou fundo.

— Bem... talvez fazê-lo sair do colégio? — Murmurou, incerta.

Roberta assentiu.

— Provavelmente... e conseguiu. — Ela cobriu o rosto com as mãos. — Mas ele está correndo risco, já que está sozinho agora.

— Mamãe e papai vão encontrá-lo — afirmou Diana, tentando convencer a si mesma disso. — E se não o acharem... eu mesma o farei.

Roberta encarou a menina ao seu lado, então colocou as mãos em seus ombros, obrigando-a a olhá-la nos olhos.

— Você não pode... Diana, prometa que não vai sair da Angelus, não importa o que aconteça.

— Não posso.

— Se você tentar ir atrás dele, apenas ficará em perigo também. Tenho certeza de que Eros quer que você fique aqui, onde todos estão. — Roberta se afastou um pouco dela. — Ele escolheu abandonar o colégio, mesmo sabendo que seria ainda mais odiado, para afastar você de qualquer risco, Diana. Por favor... não faça o sacrifício dele ter sido em vão.



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