Descendentes

39 - A batalha começa

Era uma manhã fria quando Juliana teve uma segunda visão sobre a decisão tomada pela mulher que estava com Eros, no entanto, o garoto não parecia estar novamente com ela.

Era isso, eles estavam a caminho.

Rapidamente, pediu a Max que informasse a todos, de modo que os nefilins que permaneceram a fim de ajudar, apressaram-se para tomar seus lugares, checar suas armas e tudo o que podiam. As visões de Juliana não eram controladas, mas ao menos foram capazes de avisá-los, de modo que não foram pegos de surpresa. Porém, avisados ou não, o medo e a tensão eram os mesmos, estavam cientes de que haveria mortes de ambos os lados, e embora estivessem dispostos a correr riscos, não podiam negar estarem receosos, seriam hipócritas se o fizessem.

Havia nefilins postos em algumas das altas árvores, no bosque, nas entradas do colégio. Todos coordenados por Roberta, que auxiliada por Kan - que era capaz de falar à mente de vários deles -, daria o sinal para que atacassem, segundo havia planejado. Estavam muito bem escondidos, mas não era o suficiente para tranquilizá-la, ainda que houvesse escolhido os melhores que pudera nos treinos com arma, bem como pontaria, não podiam errar, não com uma chance única como aquela. Ela tentava respirar calmamente, mas parecia algo impossível, afinal, e se o seu plano não desse certo? E se as armas falhassem? E se Juliana a tivesse superestimado demais, no fim das contas?

Ao notar a linha de tensão em seu rosto, Kan tocou seu ombro gentilmente, com a intenção de lhe transmitir calma, ele, assim como os outros superiores dali, tinha conhecimento de suas qualidades, estava certo de que ela havia feito seu melhor. E, como ele, Nicolas, que a observava de longe, tinha certeza de que ela não poderia falhar. Impaciente, Diana os notou se aproximar antes dos demais, visto que sua visão era muito superior a dos outros, graças ao seu animal celeste. Esforçando-se ainda mais, sentiu que pequenas e finas penas nasceram em seu rosto. Ela não se importava com isso, se estava bonita ou não, desde que pudesse ajudar de alguma forma. Ela começou a amarrar o próprio cabelo com uma fita cor-de-rosa, enquanto encarava Roberta mesmo que de longe, gesto que foi entendido pela mesma como um sinal de que eles estavam se aproximando. Algum tempo depois, ela própria os viu, e com apenas um olhar, Kan se concentrou para falar com a mente dos nefilins que estavam ali, sobre as outras árvores.

Agora.

Nesse instante, todos se viraram coordenadamente, com as armas criadas por Roberta em punho, e ao acompanharem-na, miraram com precisão nos primeiros invasores, lançando as lâminas diretamente em seus pescoços. O tempo pareceu parar nessa hora, o coração de Roberta disparou ao notar as correntes banhadas em poder de Querubins enrolarem-se com uma velocidade impressionante abaixo do queixo de seus adversários, ao passo que as lâminas afiadas concluíam o trabalho de dilacerar seus pescoços, derrubando-os imediatamente. Estava feito, logo no início, pelo menos vinte deles já estavam mortos, e de forma rápida, tornavam-se pó.

Conseguimos... A minha invenção foi útil! Pensou Roberta, notando os esforços de seu trabalho de vários dias.

Nicolas, que assistira à cena de longe, esboçou um pequeno sorriso.

Essa é a minha garota.

Mas é claro que aquele era apenas o começo, embora tenha sido de bastante ajuda. No momento em que os demais seguidores do Corvo finalmente se deram conta do que havia acontecido, foi como se uma explosão os tivesse irrompido, estavam ainda mais raivosos. Foi quando os demais nefilins da Angelus saíram de seus lugares, correram de encontro a ele, e logo perceberam, com pesar, que eram realmente muitos. Para ter tantos aliados assim, eles certamente começaram a ser reunidos há muitos anos, e com toda a certeza, treinaram tanto quanto eles. O medo presente em seus corações tornou a dúvida crescente... seria mesmo possível vencê-los? O que eles queriam, afinal?