41 - O adeus da borboleta

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Eros caminhava devagar pelo campus do colégio, estava com Eva ainda em seu colo. A moça insistira com a ideia de poder andar sozinha, mas ele não a ouviu. Quando alcançaram o campo de batalha novamente, notaram todos já extremamente exaustos, mas não o suficiente para cessarem com o conflito.

— Fique aqui... — pediu a Eva, deixando-a encostada num local afastado. — Você está melhor?

— Sim, pode ir.

Com um suspiro preocupado, Eros beija delicadamente sua testa antes de ir ao encontro dos demais.

— Eros! — Diana gritou, exasperada.

Todos se voltaram para o garoto no centro do campo, em expectativa e igualmente confusos.

— Não há mais razões para essa guerra continuar... o Corvo está morto.

Boquiabertos, as pessoas ali presentes se entreolharam por alguns poucos segundos, como se estivessem processando tal informação. Parecia tão irreal assim?

— Você não entende, pirralho?! — gritou um homem de aparência grotesca. — Todos nós somos o Corvo, somos um só.

Eros o encarou seriamente.

— Não são mais, Enoque estava apenas usando vocês para seus próprios fins, ele nunca se importou realmente.

— Cala a boca! — vociferou o adversário.

No mesmo instante em que Heloíse, assim como Juliana e todo o restante da Angelus tentavam compreender o que Eros havia dito, quase incapazes de acreditar que Enoque estava por trás de tudo aquilo, aquele mesmo homem parte para cima do nefilim, que imediatamente tomou uma posição de defesa, ele não queria lutar e derramar mais sangue do que já havia sido derramado. No entanto, antes que o punho de seu oponente o alcançasse, uma mão segura seu pulso rapidamente.

— Toque um único dedo no meu filho, e eu acabo com você.

Susana o encarava com fúria, os olhos mais dourados do que nunca, assim como os de Eros naquele momento. Alguns nefilins abriram e fecharam os lábios, incrédulos com a sutileza com a qual a ruiva havia surgido em meio ao campo de batalha. Todo o esplendor estava voltado para ela, a luz dourada que emanava de todo o seu corpo, as amplas e belíssimas asas... as madeixas que mais pareciam lampejos de fogo ardente.

Quem era aquela mulher? Era o que alguns se perguntavam.

— Mãe... — murmurou Eros, notando-a jogar seu agressor alguns metros para longe deles.

— Vocês o ouviram, o Corvo apenas os estava usando, não há razão para isso continuar... Entendo que a maior parte de vocês cresceu sob a supervisão dele, e não conseguem acreditar nisso tão facilmente, mas não há modo melhor de dizer isso... — Susana respirou fundo. — Estou certa de que ele sequer lutou com vocês, ele os colocou à prova, como objetos... e os que não fossem bons o suficiente, seriam aniquilados, de modo que não passariam de seres descartáveis. Por favor, acreditem e façam das suas vidas algo valioso a partir de agora, sejam livres.

— Eu não sou gentil como a minha esposa — Luca se pronunciou. — Se alguém insistir nessa batalha sem sentido, eu me certificarei de que será a última coisa que fará na vida.

Após alguns segundos de um silêncio perturbador, uma onda de choque surge ali, como um pequeno terremoto, alarmando a todos no instante em que uma cratera começa a irromper o chão.

— Não se alarmem! É uma ilusão! — Gritou Hector, ciente de que havia mais algum ilusionista ali, além dele, e que cair na ilusão apenas a torna mais forte.

Mas ninguém foi capaz de identificar o local onde o criador de tal ilusão se encontrava.

Ninguém além de Diana.

DescendentesOnde histórias criam vida. Descubra agora