46 - O anjo cor-de-rosa e as quatro mosqueteiras

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O restante da madrugada passou em câmera lenta para todos na Angelus. Diana, adormecida nos braços de Eros, foi levada o mais rápido possível para a enfermaria. Karol, agora ex-membro da pequena banda amadora dos meninos, teve a morte anunciada à família e à namorada, uma das nefilins que haviam deixado o colégio dias após a morte de Davi. Seus familiares decidiram que cremariam o corpo, longe da Angelus, ou como disseram: longe do inferno.

Seria isso o que a tão amada escola preparatória de nefilins estava se tornando? Realmente nunca mais estariam seguros ali? Quem poderia ter cometido tal ato naquela noite, uma vez que o Corvo estava morto? A esta última indagação, apenas uma pessoa poderia responder, mas no momento, ela se encontrava adormecida, completamente alheia aos sentimentos de preocupação dos demais.

Ou não. Uma fina ruga em sua tez denunciava que sonhava com algo desagradável.

Logo que amanheceu, Diana abriu os olhos, e percebeu que uma cálida mão segurava a sua firmemente. Ela observou o rosto sereno de Eros apoiado na beirada da pequena cama na qual se encontrava na enfermaria. Segura. Um pouco desajeitada, a nefilim se ergueu, sentando-se, mas sem soltar a mão de seu irmão, mas o garoto despertou mesmo assim.

Após se espreguiçar, ele observa a menina sobre a cama e percebe que a mesma apenas encara o nada à sua frente, com um semblante indecifrável.

— Ei... como você está? — indagou num sussurro, pegando novamente a sua mão.

Devagar, Diana tornou a olhá-lo.

— Com frio... — murmurou, enrolando-se melhor no lençol. — Minha cabeça dói... eu bate a cabeça? É por isso que tive aquelas alucinações?

— Alucinações?

— É, sabe? No lago...

Eros esboçou involuntariamente um semblante triste.

— Diana... não foi uma alucinação.

O rosto gélido e inanimado de Karol retornou à mente da garota na mesma hora, ela quase pôde sentir novamente o frio na espinha e novamente um nó se formou em sua garganta, mas as lágrimas pareciam não querer cair.

— Quero ir embora — confessou ela, de repente. — Quero ficar com a mamãe e o papai.

— Diana...

— Estou com medo! — gritou. — Estou com medo e não suporto mais!

Seu choro finalmente se fez presente no cômodo. No mesmo instante, a estreita porta do quartinho se abriu, e todas que haviam-na encontrado horas antes entraram, com expressões preocupadas. Enquanto tentava inutilmente secar as lágrimas, Diana observou o rosto de Roberta, que parecia tão sincero quanto o das outras meninas, então decidiu que era melhor contar o que vira.

— Rob... — pausa para um soluço. — A pessoa que... fez aquilo estava... — fungou o nariz e suspirou. — Ela estava se passando por você.

— O quê...?

— Eu a vi quando me acertou, antes de me colocar no barco. Era você. Bem... não você.

Roberta se recostou à porta, que havia sido fechada novamente.

— Acho que entendo... ele está com raiva, sabe que eu não acreditei no fim disso com a morte de Enoque.

— Como assim? — questionou Eros, confuso.

— Depois do jogo de verdade e desafio, eu não consegui dormir, então, fui até a biblioteca — explicou a nefilim de madeixas curtas. — Estava fazendo algumas teorias sobre o Corvo e sua associação, quando Sophia e Eva me encontraram para ajudá-las a procurar pela Diana. Quando voltamos, depois de deixá-la na enfermaria, voltei à biblioteca para pegar minhas coisas não havia mais nada lá.

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