Insensato Desejo | Série Dono do Meu Desejo #1

Humilhar não! Se unir!

Deveria existir um guia de como não matar as pessoas na TPM. Tinha passado os últimos três dias inteirinhos com uma paciência abaixo de zero, entretanto, não era a menstruação em si que me incomodava tanto e sim, a TPM dos infernos que me fazia ter dores em partes do corpo que eu sequer sabia que existiam, ter um sono fora do comum e ter a quase incontrolável vontade de matar todo mundo que respirasse errado ao meu lado.

Minha paciência atingia um patamar bem abaixo de zero. 

Mas o pior não era nem isso.

O pior eram as cólicas intensas.

Apesar do tratamento muito bem acompanhando pela minha médica, a endometriose, ainda assim, me fazia ter dores muito intensas. Contudo, não tinha pedido o dia de folga, estava lá, sentada no mesmo lugar de sempre, curvada sobre o balcão, esperando que a dor aliviasse em algum momento.

Como não estava aliviando, me vi obrigada a tomar o remédio que era tomado só em casos de emergência. Era um remédio muito forte. Em poucos minutos, a cólica intensa tornou-se apenas um incômodo em minha região pélvica.

Já estava bem mais disposta.

— Bom dia. — Uma morena alta, de olhos castanhos e corpo esguio, parou em frente ao balcão, apoiando os braços sobre o mesmo enquanto me olhava de forma sugestiva e mostrava um sorriso travesso. 

Continuei digitando os últimos detalhes da reunião da noite passada no computador.

— Bom dia — a cumprimentei. — Posso lhe ajudar em algo?

— Bom dia. John está na sala dele? Gostaria muito de conversar com ele.

— Só um segundo — pedi, pegando o telefone.

Em poucos segundos, John atendeu o telefone.

— Senhor Miller, tem uma senhorita que deseja vê-lo.

— Nome?

— Só um segundo. — Afastei o telefone do ouvido, colocando a mão sobre o mesmo e encarando a morena. — Poderia me dizer seu nome?

— Alison Carter.

— Alison Carter — repeti para John.

— Deixe-a entrar. Obrigado.

Encerrei a ligação.

— Pode entrar, senhorita.

— Obrigada. — Sorrindo, ela passou pelo meu lado esquerdo, sumindo pelo pequeno corredor.

Voltei ao meu trabalho, tentando deixar a curiosidade de saber o que ela era de John de lado. Ele nunca deixava uma mulher entrar. Continuei atendendo aos telefonemas, agendando reuniões, conversando com empresários e atendendo clientes doidas e fanáticas, que só queriam agendar uma entrevista para conseguir a possibilidade de ser secretária de John Miller.

Convenhamos, se eu tinha atendido ao telefone, alegando que era a secretária do senhor Miller, então o mesmo não precisava de outra. Têm mulheres que não têm uma gota de senso.

Com minha boca seca e morrendo de fome, resolvi ir pegar algo para eu beber. Caminhei até a pequena cantina para comprar algo. Com tantas variações, acabei decidindo por pedir apenas um chocolate quente. Quando estava voltando, reparei na mesma ruiva do dia em que estive na casa de John.

Emily.

Amy.

— Veja, ali está ela! — Ela apontou para mim, como se estivesse em uma investigação criminal e eu, a sua principal suspeita.