Desejos insanos

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Me revirei na cama, sentindo o aroma doce do cobertor em meu nariz. Respirei fundo, abraçando o edredom. Espreguicei-me na cama, alongando todo o meu corpo, sentindo mais leve, tranquila. Espera. Eu estava no quarto? Não me lembrava de sequer ter saído da sala. Forcei minha mente a trabalhar em prol de uma explicação no mínimo plausível. Whisky. Dança. Boate. Carona. John.

Sentei-me na cama, ainda um pouco confusa e sonolenta. Aquela dor desgraçada não demorou muito para surgir.

— Não lembro de... — sussurrei para mim mesma, levando os pés para fora da cama.

— Bom dia, minha bela adormecida! — Bianca entrou no quarto cantarolando. Sua voz parecia irritante demais.

Tapei os ouvidos, impedindo que sua animação em um sábado de manhã piorasse minha dor de cabeça.

— Lembra de alguma coisa da noite passada? — Sorriu, cúmplice, sentando-se ao meu lado na cama. — Ou melhor, lembra de alguma coisa dessa madrugada?

Franzi minha testa, tentando vasculhar minha memória.

— Você não...? — Sugeri, encarando a cama.

— Claro que não — apressou-se em negar. — Acha que eu teria forças o suficiente para te trazer para o quarto? Só esses peitos devem pesar uns vinte quilos, Paola. Eu não teria, nunca, forças para te carregar. — Ela agarrou meus seios e os apalpou, só então percebi que estava totalmente vestida com uma das minhas camisolas de cetim. — São incrivelmente macios.

— Pare de brincar, Bianca. — Dei um tapa em sua mão. — É sério. Se não foi você, quem foi?

— Você ao menos lembra-se de com quem esteve nessa madrugada? — Ergueu uma sobrancelha, jogando se na cama. — Ao menos com quem transou no sofá da casa da sua tia??

— Sim, claro. Estive com John.

— Que fofo! — Esticou o braço esquerdo para apertar minha bochecha direita. — Já está chamando-o pelo nome. Juro que a mato se não me deixar ser a madrinha do casamento. — Voltou a sentar-se apenas para colocar o dedo em meu rosto, como se estivesse proclamando uma lei. — Já tem a sua resposta.

Tentei rir de suas palavras, mas a minha cabeça ainda doía demais.

— Não seja tola, Bianca. Foi apenas sexo, nunca vai passar disso, então não crie expectativas que só a deixarão frustrada. — Levantei-me da cama, calçando as pantufas e, a passos preguiçosos, caminhei até o banheiro. — Minha cabeça está doendo demais. Eu não bebi tanto assim ontem a noite.

— Eu adoro os seus "nunca". Eles são sempre tão convictos, mas sempre tão mentirosos. É incrível a maneira com que você tenta conversar a si mesma de algo e você mesma caminha pelo sentido contrário. Como se sente depois de ter transado com ele?

Encarei com os olhos semicerrados.

— Sabe, as vezes você fala mais do que deveria.

— Bom, se você não deseja nada sério com ele nunquinha. — A dose grotesca de ironia em sua voz me fez virar a tempo de vê-la dar de ombros. — Talvez deva dizer isso para ele. — Abriu um sorriso maligno, como se soubesse de algo que eu não sabia.

— Creio que fui bem clara na noite anterior — informei.

— Talvez não o suficiente.

— Sabe de alguma coisa que eu não sei, Bianca?

— Não sei, talvez esteja enganada, mas acho que ele sente alguma coisa por você, Paola.

— E por que pensa isso, Bia?

Insensato Desejo | Série Dono do Meu Desejo #1Onde histórias criam vida. Descubra agora